Apr 24, 2011 05:44
Quem te lê
(numa noite já longa)
ao pé deste vento:
sopra, e sopra, e sopra...
Quem te lê, sou eu
(nesta noite já longa)
com os olhos em cores
de ti a ti e a ti.
Sejamos, dos poetas menores
os que apaixonados, desalinhados,
cobram pelas ruas os deslumbres
dos amores fora dos costumes,
sejamos, dos poetas menores,
aqueles que pintam de cor o amor,
de vermelho-brasa, sumo-amora,
cerejas no chão a brotar
a nossa paixão do peito para fora
até às palavras sorrirem, a esperar
que as contornemos em aguarela.
As nossas bocas sussurram palavras
a ouvidos que não sabemos; sussurro-te
ao teu: não te esqueças que o teu amor
tanto eleva tudo o que é meu.
(Quem me dera a mim escrever tão bem quanto o teu sentir,
o teu pulsar de cor, noite dentro, noite longa.)