[Fanfic] Quase um Soneto

Aug 27, 2011 16:10

ítulo: Quase Um Soneto
Personagens: Chi/Pe,
Sumário: Miguel faz um belo poema, e agora o pobre Manu é obrigado a escutar.
Notas: Então, né. Essa fic foi escrita para ilye_aru, mas não é exatamente o promtp dela do evento de inverno. Mas como eu vou viajar e não terei tempo de escrever o pedido CERTO, fica esse aqui por enquanto heuheuehuehuehuehue



Então Miguel tinha feito uma poesia sobre ele. E, não fosse isso mal o bastante, agora queria que ele escutasse até o fim.

Manu não sabia o que tinha feito de tão horrível pra merecer uma coisa dessas.

-Pára de me olhar assim - Miguel reclamou depois de ler seus pensamentos (as vezes ele fazia isso, ler seus pensamentos. Manu já tinha mandado parar, mas ele nunca obedecia) - Eu preciso de uma opinião, só isso. E a poesia nem é sobre você, é sobre outra pessoa.

-Que outra pessoa?

-Ninguém. Outra pessoa. Senta aí e escuta.

Mas Manu também tinha lido os pensamentos dele e sabia que era mentira, a poesia era sobre ele sim. Miguel era besta desse jeito.

-Eu não preciso escutar pra te dar a minha opinião. A sua poesia é horrível. Eu não sei por que você insiste em escrever, devia parar antes que alguém-

Miguel atirou uma almofada em sua cara, ofendido:

-Cala a boca. É só escutar e pronto, não tem nada demais. E eu não te chamei pra ficar me xingando.

Manu alisou a almofada em seu colo, ofendido por Miguel estar ofendido. Só de castigo, decidiu que não ia prestar atenção em nenhuma palavra (afinal, não precisava prestar atenção pra opinar sobre a coisa).

Miguel, que tinha ficado esperando por alguma resposta, pigarreou e começou a ler:

-Certo. Então. Começa assim… Manu.

-Eu sabia que era sobre mim.

-Não é sobre você.

-Você acabou de-

-É, eu sei, eu falei o seu nome, mas era só pra ver se você estava prestando atenção. Agora eu vou começar. Manu.

Manu franziu a testa, levemente indignado, mas não interrompeu, escutando de braços cruzados.

-Manu.

-PÁRA DE FALAR O MEU NOME.

-Credo, que pessoa mais desequilibrada! Qual é o problema?

-Nenhum, lê logo essa droga de poesia que eu tenho mais o que fazer!

-Eu tou tentando, quem manda você ficar com essa cara azeda? Isso desconcentra!

Manu assentiu, ficou de pé, girou a cadeira até ficar de costas pra Miguel e então sentou de novo.

-Certo, lê agora. Eu não estou nem olhando.

Miguel ficou em silêncio por vários segundos até finalmente dizer:

-Não sei se eu vou conseguir me concentrar assim também. Parece que você não está ouvindo.

Manu encolheu os ombros e, só pra mostrar como hoje estava com boa vontade, tombou a cabeça para trás, deitando a nuca sobre o encosto da cadeira.

Miguel respirou fundo e soltou o ar com força.

-Ok, certo, eu vou me contentar com… isso. Vê se escuta, tá? Lá vai.

Ele limpou a garganta e começou:

-Eu não estou apaixonado. O que eu sinto, essa dor-de-cabeça, esse incômodo, não é paixão. É um martelar incessante, é uma angústia, um rompante, um mal estar passageiro, não é paixão. Eu não estou-

-Você falou paixão duas vezes.

-Oi?

-Você repetiu a palavra paixão - Manu disse, virando-se na cadeira pra conseguir olhá-lo - Que raio de poesia é essa? Você não devia usar a mesma palavra mais de uma vez, que dirá na mesma estrofe!

-Muito obrigado pela crítica construtiva. Posso terminar?

Manu encolheu os ombros de novo, voltando à posição original. Miguel esperou alguns segundos e continuou:

-Eu não estou apaixonado. O que eu vejo, toda vez que fecho os olhos, não me atrai, não me agrada, não me encanta.

-Não me engorda? Que sentido tem isso?

-Quem falou não me engorda?

-Você acabou de falar.

-Não me AGRADA. Por que você não vira pra cá e escuta direito?

-Eu escuto direito daqui. É só você pronunciar melhor as palavras. E parar de olhar, já que é tão ruim assim.

-Eu não falei que é ruim. Só que não me agrada. Nem me atrai.

-Nem engorda.

-Enfim. Eu vejo luzes, vagalumes, vejo escadas e penhascos, vejo castelos e barracos, vejo tudo, vejo nada, não me encanta.

Manu só fez um ruído, indicando-lhe que prosseguisse. Que poesiazinha mais malcriada.

-Eu não estou apaixonado.

-Você já disse isso. Logo se vê que alguém aqui não estudou o Pablo Neruda antes de pegar um lápis.

-Eu não estou apaixonado. - Miguel ignorou o aparte - Não penso em você, não quero você, não aguento você, não sonho com você, não é paixão.

Manu se irritou mais por ter sido ignorado do que pela continuação, levantou-se da cadeira e foi pra cima de Miguel:

-Escuta, se você me chamou aqui pra ler esse monte de desaforo, fique você sabendo que eu posso declarar guerra a qualquer instante.

-Declarar guerra? - Miguel franziu a testa - Por quê? A poesia nem é pra você!

-Claro que é pra mim! Pra quem mais você faria uma poesia?

-Pra um monte de gente - Miguel respondeu, erguendo o queixo em desafio - Pra todas as milhares de pessoas que adorariam receber uma poesia minha.

-Então vá ler pra elas! Eu estou indo pra casa.

-Calma, espera - Miguel segurou seu braço antes que Manu pudesse passar por ele e ir embora - Eu estou acabando - e então, sem esperar resposta, leu num fôlego só - Eu quero mais, eu quero tudo, eu quero inteiro, sem limite, sem reserva, sem censura, sem início, sem final, não é paixão.

E ele parou, sorridente e auto-satisfeito, soltando Manu e esperando um comentário.

Manu piscou algumas vezes.

-Ah, entendi o que você tentou fazer aí.

-O quê?

-É, porque você obviamente está apaixonado por mim, aí é a poesia é sobre você em negação. Mas, não sei, talvez você devesse ter dado mais sinais no começo. Eu não sei se deu certo desse jeito.

-Não é nada disso - Miguel franziu a testa - Você entendeu tudo errado!

-Se não é isso, é o quê, então? Você ia terminar dizendo que não é paixão, é amor?

Miguel abriu mais os olhos e a boca- e não disse nada. O seu silêncio foi tão marcante que Manu enrubesceu, recuando um passo:

-Quê, sério? Como é que você pode fazer uma poesia de amor pra mim e só falar de paixão o tempo todo? O que há com você? Nunca leu nenhuma poesia NA VIDA?

-Eu nunca disse que te amo!

-Então como você espera que eu entenda isso? Você tem que falar!

Miguel respirou fundo e cobriu o rosto com as próprias mãos, amassando um pouco o papel. Quando se descobriu, também estava vermelho:

-Manu. Você é a pessoa mais burra, irritante, ignorante e desagradável que eu já tive o desprazer de conhecer. Mas…

Manu cruzou os braços, esperando.

Miguel deixou escapar um sorriso:

-MAS eu te amo. Só que a poesia não era pra você.

-Claro que era - Manu resmungou, descruzando os braços. Miguel não respondeu, aproximando-se dele e Manu sabia (tinha acabado de ler os pensamentos do peruano) que agora os dois se beijariam e depois de novo e então mais algumas vezes, sendo que a poesia tinha ficado ruim desse jeito.

Fazer o quê? Ele soltou um suspiro resignado, sentindo as mãos de Miguel em seu rosto. Nem todo mundo nasceu pra ser um Pablo Neruda.

chi/pe, fanfic

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