Então. Outro dia achei meu caderno de poemas e textos. Resolvi postar alguns aqui. O primeiro é bem bobinho, o texto é mais ou menos. Contudo, os dois outros poemas são bem mais maduros.
"Dor, ansiedade, agonia, paixão
Fogo, vontade, um olhar, um beijo, um coração
Traição, ódio, sorriso, cinismo, emoção
Uma lágrima, um carinho, uma noite, uma dor no coração
Conformismo, cicatriz, desgosto, mais uma lágrima, sua mão
Uma esperança? Talvez não.
Algeria, no fundo mais uma dor, uma nova cicatriz, agora nada posso fazer
Exploro minha malícia, mas quero você
Te quero e não posso querer
Uma luz, aquele olhar, sua malícia é roubada
Seus lábios, desejo
Um sonho, realidade
Pesadelo, só você
Por que não? Por que você? Já não sei
Sei que sinto, sei que nada sei
Próximos, porém distantes
Em nossos olhares mais unidos do que nunca
Em seus olhos, algo
Em minha cabeça, confusão
Em sua boca, sorriso
Em mim, a aflição
Sua atenção se desvia, vem decepção
Sua confusão
Sua malícia se une à minha
Eu sofro, você não
Eu vou, mas te levo no coração"
"Perturbação pela cor dos teus olhos
Cor colorindo o meu sentir,
Cobrindo de fé e convicção.
Tu não tens culpa, eu sei,
Tu não olhas teus olhos quando me olhas,
E não sabes o que eles podem.
Não queres minhas perturbações,
E cobres, com as mãos leves,
Teus olhos a mim.
A cor ultrapassa teus dedos,
Espalhando-se em adivinhações.
E, então, mais poderosos são teus olhos.
Não há tua cumplicidade nisso.
Sei porque já me avisaste,
Mas estão nos teus olhos
Todos os abraços que eu não recebi,
Todos os sussurros calados,
As contemplações que perdi.
Na cor dos teus olhos
Estão guardados os afagos,
Coisas do alegre ou triste,
Fundem-se na luminosidade definida.
Arrisco-me consciente de estar só,
Mas insisto em navegar na impossível coloração.
Acalma-te que fico aqui, parada,
Não te toco, não te pergunto,
Nem te faço exigências,
Mas quando em desatenção me fitas,
Já a ti não pertencem esses olhos,
São roubos refletidos nos meus,
Isso me faz sonhar desperta,
Ideias do tanto que te tenho.
Nessa distância imobilizada,
Entre tua tão próxima ausência,
E minha permanência absoluta,
Está a cor dos teus olhos.
Durma que te abrigo,
Nesse brilho de amor contido.
Não te importes em preocupações,
Nem te congestiones em responsabilidades.
Apenas pisques em distração,
E pinte todo meu caminho.
Se carrego a tortura da renúncia,
E um pouco enlouqueço sem vazões,
São ainda pequenos os motivos
Para desfazer de mim essa luz.
Vivo agora o avesso da alma,
Sensação de trazer na pele esse sentir.
Canto o acalanto da minha voz só,
Mas tua indisponibilidade me segue.
Sou luta perdida sem batalhas,
Sou um tempo nascido do susto.
E da cor dos teus olhos,
Não há jeito disso abortar."
"Escrever, escrever, escrever...
Escrever desenfreadamente
Encher todas as páginas dos meus cadernos,
As folhas da minha vida,
As paredes do meu mundo.
Pegar em tinta preta e escrever palavras ao acaso,
Riscando a monotonia,
A rotina, o medo...
Escrever a nossa história.
Começar na palma da mão
Com uma simples palavra:
NÓS
E percorrer o teu corpo de palavras,
De gestos, de sentimentos.
Transformar o teu corpo
Num fabuloso livro de vida
E então recordar,
Reviver os momentos marcantes,
Passar por cima dos maus.
E então continuar,
De palavra em palavra,
De vida em vida
Deixar o teu corpo bruscamente,
Impôr o MEU ritmo...
A MINHA voz...
A MINHA palavra...
O MEU eu...
Encosto o meu corpo na parede fria,
Sinto as suas vibrações,
Ouço o silêncio da sua voz
Que me pede uma história,
Uma palavra.
Paro um segundo,
Olho pra ti,
Exausto a um canto,
Com o corpo coberto de
Memórias e isso dá-se forças
Ergo a mão e escrevo sem parar,
Num rasgo de loucura,
De insanidade...
Escrevo... escrevo... escrevo...
A parede está cheia...
Olho em redor e tudo está minado de palavras
Um passo em falso,
Um gesto mal medido,
É o suficiente para fazer detonar
Tudo aquilo que escondemos por medo,
Por insegurança,
Por vergonha.
Mas as palavras estão lá,
Poderosas,
Verdadeiras,
Dolorosas.
Impossível apagá-las,
Rasgá-las,
Queimá-las:
São intemporais, eternas.
Poderia apagá-las da parede,
Mas continuariam a gritar dentro de mim,
Dentro de ti,
Relembrando-nos a escuridão,
Remetendo-nos para a claridade.
Estou tão cansada...
Abraço-te em busca de silêncio,
De paz.
As palavras adormeceram,
Nada mais se ouve.
Abraça-me com força."
"E as pessoas falam. Falam mais do que deveriam. Menos do que deveriam. Falam mal, falam bem. Não falam.
E quando querem contar de alguém? Acabam falando demais. Segredos... ops! Não são mais secretos. "Escapuliu! Desculpe." Escapuliu? Como algo escapa sendo que isso quem controla é você?! Fechasse a boca!
E aqueles que dizem gostar de um sujeito, mas fazem inocentes comentários sobre este? "Não, não! Eu não estou falando mal, só estou comentando." Se gosta tanto, não comente. Evite. Fuja disso.
Pessoa em grupo é um perigo. Acabou o assunto? Vamos falar das pessoas. Mas é claro, de alguém que não esteja presente. Valorizar as qualidades dessa pessoa? Elogiá-la mesmo sem ela estar ali para ouvir? Dizer o quanto ela te ajudou naquele momento difícil da sua vida? Ah, não... Que graça isso tem? É mais prazeroso e deleitável falar de seus defeitinhos tão irritantes. A maneira como ela coça o nariz é insuportável. Mas por quê? Por que é insuportável? Como o fato de ela coçar o nariz pode te incomodar tanto? Por que é mais agradável falar mal? E a sua maneira de coçar o nariz? É das mais belas?
Críticas maldosas não vão mudar nada. Então fique quieto. Você não consegue? É impossível deixar de fazer um comentariozinho quando está com os seus amigos?Então você é fraco. É covarde. Procura nas outras pessoas os seus próprios erros. Não tem coragem de assumir os seus próprios defeitos. Afinal, não é mais confortável ver os defeitos alheios do que os seus? "Defeitos? Eu nem tenho defeitos." Ah, claro. A sua personalidade é "a" padrão, "a" espelhável, "a" exemplo. Para ser respeitado em sociedade, tem que ser como você. Não, você pode possuir exatamente os mesmos defeitos daquela pessoa que você estava falando mal. E por trás, sem ela estar presente para se defender. Sem ela poder se explicar. Se explicar? Por que ela deveria te explicar, te dever satisfações por não sei perfeito, por errar, por ser humano? Mas é claro que você não vê isso. Continua "comentando" por aí sobre as características dos outros, sobre os segredos dos outros. Você fala demais. Saiba que a sua maneira de coçar o nariz também irrita alguém. A mim? Não, não... Eu só estou aqui escrevendo esse texto."