Disclaimer: Tudo meu.
Pairing: Shinji/Elliot
Warnings: A coisa mais sem enredo que já escrevi na vida. Sério.
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Aquele garoto estava demorando. Estava demorando e isso o estava deixando de mau humor. Havia meses e nem lembrava mais por que tinha concordado tão despreocupada e desatenciosamente com a insanidade sem proporções que era permitir àquele aristocratazinho mimado a passar uma temporada na corte dos Beachaump. “Alguns meses caçando nas florestas com os homens da sociedade e um período de estudos ministrados por Stuart fará bem ao Elliot”, foi o que a mãe do pirralho disse. Hmph.
Lembrava de ter dito algo sobre o Elliot não precisar dessas coisas e que já era bastante aceitável que o garoto soubesse varrer, arrumar a casa e pagar um bom sexo oral, mas então aquela rainha ficou toda chorosa e empertigada, lamuriando sobre como era culpa dele se o filho não lhe daria netos e que, ao menos, Shinji deveria concordar em deixá-la tentar convencer o menino a conhecer algumas adoráveis mocinhas submissas e prendadas, que não se importariam nada em casar com um homem que mantém um amante e que gosta de dar para ele de vez em quando. Ele também se lembra de ter dito não e da mulher ter começado a chorar.
Ele não gosta de mulheres chorando. Especialmente se elas estão tentando quebrar uma das suas cadeiras enquanto o fazem. Deve ter sido por isso que concordou, despreocupada e desatenciosamente, com aquela insanidade sem proporções.
...Por causa do choro, claro. Não porque ficou com medo que ela quebrasse a cadeira, lógico que não.
De qualquer forma, foi um erro fatal, porque agora já havia perdido a noção de quanto tempo alguém não cozinhava pra ele.
Sem falar em como dava trabalho descobrir se as frutas estavam verdes ou maduras ou em como era totalmente inconveniente não ter certeza se era dia ou noite.
“Shinji!”
E estava começando a ficar sedentário, já que não tinha ninguém com quem simular combates.
“Shinji!”
Ou fazer sexo no mato.
“SHINJI!”
Abriu a porta com um gesto impaciente.
“O que você quer?”
“...”
“...”
“... Então é assim que você vai me receber?”
Arqueou uma única sobrancelha ruiva. A não ser que aquele fosse seu falecido pai, vindo do além para lhe fazer uma visita, não receberia ninguém que começa a gritar feito um louco e bater na porta da sua casa ensandecidamente.
Então fechou a porta. Lógico.
O problema é que vieram mais batidas escandalosas. Aquele tipo de batida de coletor de impostos ofendido porque você mostrou o dedo do meio para ele e mandou que o infeliz enfiasse a prancheta e as cobranças no traseiro da mãe. Não que ele já houvesse feito algo assim, mas bem.
“Eu só fiquei fora por alguns meses! Por que está tão bravo?!”
......Oi?
A porta se abriu e Shinji focalizou seus olhos cegos em algum dos infinitos pontos negros de vácuo. Bons segundos em um silêncio opressivo e quase confuso, onde seu olhar sem referência se fixava - da forma mais precisa com a qual sua memória o permitia ter certeza - nos olhos de Elliot.
“O que aconteceu com a sua voz?”
“... Como assim?”
Como “como assim”? Podia até ser um cego com distúrbios de dupla personalidade, mas não era surdo. E como uma boa pessoa não-surda e de faculdades mentais bem endireitadas, tinha certeza que o seu pirralho rico e metido a besta tinha uma voz de, bem, de pirralho.
Então, a não ser que o garoto não tenha varado noites gritando e chorando até suas cordas vocais ficaram completamente arruinadas, então aquele não era Elliot de jeito nenhum.
E foi com isso em mente que Shinji fez a coisa mais sensata a ser feita:
Fechou a porta na cara dele.
Muito bem, feito. Agora podia voltar ao que estava fazendo - e o que era mesmo? Andava tão entediado que estava começando a achar a porta mais divertida. - e tentar encontrar as malditas maçãs que pôs em sei lá que lugar e-
“SHINJI, ABRE LOGO A DROGA DESSA PORTA!!!!!!!!”
...Respire, Shinji. Respire.
Abriu a porta. Sua cara não devia ser das melhores, nem das mais felizes, porque por um momento só o que restou foi silêncio.
Arqueou uma sobrancelha e não falou nada, profundamente incomodado. Obviamente irritado. Irremediavelmente desejoso por meter o punho na cara daquele maldito bastardo que insistia em bater na sua maldita porta da sua maldita casa.
“Shinji, você está muito estranho.”
“...”
“Eu juro que não foi culpa minha. A minha mãe disse que estava com saudades e aí quis me apresentar várias garotas e meu pai se animou e começou a dizer que, nossa, que bom que eu finalmente percebi que os orifícios corporais de um homem são sagrados e não devem ser invadidos e resolvi casar com uma boa moça e-“
“...”
“Droga, por que você está tão quieto?”
Será porque não fazia idéia do que aquela criatura estava falando?
“Você obviamente não é o Elliot”.
“... Lógico que eu sou!”
“Mas essa não é a voz do Elliot.” E então esticou as mãos para segurar o que devia ser o ombro do suposto rapaz. Encontrou, em vez disso, um peito sólido. “Essa não é a altura do Elliot.” Suas sobrancelhas se franziram incomodamente. Tateou o rosto inteiro, e nem sequer encontrou resistência. Nada do rosto de ossos muito femininos e adoráveis. “Não é o rosto do Elliot.” Enfiou uma das mãos dentro das calças do rapaz e ouviu um som alto e engasgado.
“Mas o quê--!”
“E esse não é o tamanho do-“
“FORAM OS HORMÔNIOS, NÃO DÁ PRA VER?!”
“Não, eu sou cego.” Hah.
“Mas sou eu, droga! Como você pode não saber?!” O suposto Elliot rosnou, e Shinji agora tinha os olhos embaçados voltados para cima, porque aquele não era o Elliot que tinha o rosto na altura do seu pescoço. Era um impostor. Um impostor alto e com olhos acima dos seus. “Como você não-E dá pra tirar a mão de dentro das minhas calças?!”
“...” Ficou quieto, parecendo ainda irritado, ainda incomodado e ainda descrente. “O Elliot não ficaria reclamando disso.”
“Ele ficaria se sua identidade ficasse sendo posta à prova pelo próprio amante!”
“Tanto faz.” O ruivo deu de ombros e então fez a segunda coisa mais sensata que poderia ter feito no dia.
Fechou a porta na cara daquele pobre coitado de novo.
Mal deu as costas para a porta, ela já estava recebendo vigorosas, furiosíssimas batidas.
Daí sua paciência explodiu.
“Escuta, eu não vou mais ficar agüentando isso!” Foi a primeira coisa que escutou quando abriu a porta novamente, e teve quase certeza que o fez de forma tão violenta que a porta toda rangeu. “Ou você pára de ser estúp-“
Shinji nem o deixou terminar. Agarrou seu braço e o puxou, praticamente o jogando no chão da sala. Sentiu até seu aborrecimento diminuir quando escutou o baque alto que o traseiro do outro fez ao atingir o solo.
“O que você pensa que está fazendo?!”
“Voz errada, altura errada, fisionomia errada.” Deu alguns passos na direção do rapaz no chão, e pareceu que a respiração daquele indivíduo que lhe era totalmente desconhecido ficou mais pesada, assim que Shinji começou a desafivelar o cinto. “E mesmo assim você insiste.” Estava impaciente. Se aquele cara queria insistir e lhe encher a paciência, então ele teria um susto merecido.
“...”
“Vamos descobrir de outro jeito, então.”
O pior foi que o impostor nem ofereceu resistência.
Pior ainda foi saber que, mesmo sendo a voz errada, a altura errada, a fisionomia errada, nada daquilo o deixou profundamente incomodado.
Porque aqueles eram os malditos beijos certos.
Porque eu terminei a fanfic que prometi à
aikinachan e agora I'm feeling good with myself.