Title: Life after life.
Fandom: YGO. (UA).
Pairing: Atem/Yugi.
Table and prompt: Table Nature 101. #31 Valley.
Summary: In the deepests of the desert...
Word count: 2.120.
Rating: G.
Warnings: It's in Portuguese.
Disclaimer: I don't own the characters.
Status: Complete.
As areias do deserto eram muito mais quentes do que imaginava; elas queimavam bastante apenas com o mínimo dos contatos.
O sol, ali naquele lado do Egito, parecia muito mais cruel que o do Japão, embora Yugi soubesse bem que a estrela era a mesma.
A paisagem que lhe cumprimentava era bem diferente daquela em seus livros, mas isso era de se esperar; obras feitas há 10 anos ou mais com certeza apresentariam enormes discrepâncias, ainda mais que o nível de água do rio Nilo estava abaixo da média e a seca se alastrava feito uma praga.
Porém, mesmo com os pontos negativos, aquele continuava sendo o Egito, lar das pirâmides, dos faraós, dos costumes e cultura de um povo que existira há três, cinco mil anos.
Yugi, seu avô e os demais companheiros de escavação não podiam deixar de sentir aquela estranha sensação, a mágica que parecia residir em cada partícula de poeira das terras áridas e quentes que abrigavam toneladas de segredos e tesouros.
Eles tinham ido ao Egito por conta de uma missão que Soguroku recebera; ele, junto a seu amigo, Alfred Hopkins, estava encarregado de explorar uma sessão recentemente descoberta dentro do Vale dos Reis.
Era uma honra, de fato, posto que todas as pessoas que descansavam naquela área foram grandes nomes; faraós e suas famílias, nobres do mais alto escalão; o Vale dos Reis era o sonho de quase todo arqueólogo e ter permissão de não só entrar nele como também escavá-lo para expor mais um de seus brilhantes hóspedes era muito mais que o velho Mutou podia sequer sonhar.
E por que não deixar seu neto participar, também? O garoto adorava a cultura egípcia antiga e o velho homem arriscava dizer que ele seria um ótimo arqueólogo caso decidisse seguir tal caminho.
Soguroku, após um pouco de conversa, conseguiu trazer Yugi junto, seu único parente vivo.
Eles estavam hospedados em um hotel bem próximo do sitio de escavação, embora ainda fosse preciso seguir de carro uma longa distância deserto adentro até conseguirem, efetivamente, entrar no Vale.
Por motivos que o Mutou adivinhava serem de conservação, as cidades não foram construídas tão próximas assim do local de repouso dos faraós, por isso a pequena viagem até lá era necessária.
“Grandpa, are we going to the Valley right now?” O de olhos ametista perguntou ao velho senhor após um tempo de silêncio, olhando o grupo terminar de reunir os materiais necessários e os colocar dentro do carro que os transportaria por entre as dunas.
“Yes, my little Yugi! We’ve a lot of work to do, but for now we’ll just take a good look around the place.” O homem proclamou com um sorriso, arrumando o chapéu na cabeça e então indo ajudar os outros, em seguida entrando no veículo e deixando um espaço para seu neto, espaço que o mesmo ocupou de bom grado.
Yugi era um jovem de 17 anos e uma energia quase tão brilhante quanto o sol; ele parecia ser capaz de fazer tudo e conseguir realizar proezas que nenhum outro conseguiria, mas isso talvez fosse o olhar amoroso de um avô que acreditava que o mundo estava nas mãos de seu neto.
“Soon we’ll be there.” O senhor comentou, segurando o chapéu com uma mão para o mesmo não sair voando com a força do vento, visto que as quatro janelas do carro estavam abertas, permitindo que mais areia e luz solar entrasse, o deserto se fechando ao redor do carro de lataria alaranjada.
“Is professor Hopkins going to be with us, Grandpa?” Yugi perguntou em dado momento, mexendo em uma pequena caixa que continha diversas ferramentas de escavação; pequenas escovas que certamente auxiliariam na hora de retirar a poeira das possíveis descobertas que fossem realizar.
“Ah, no, not yet. He’s on his way, though. Probably will be here tomorrow or maybe in three days.” O outro respondeu, em seguida avistando um pedaço do que parecia uma esfinge e perguntando em seu Arábico enferrujado alguma coisa que Yugi não entendeu, mas o motorista sim, e logo seu avô se fechou em uma conversa que as barreiras linguísticas impediam Yugi de participar, embora ele não realmente se importasse com isso.
Olhos ametistas repletos de curiosidade se viraram na direção do horizonte, observando as areias dançando conforme o compasso do vento, os grãos mudando de posição a todo o instante, enterrando, ou quem sabe trazendo para mais perto da superfície, segredos do Egito antigo.
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O Vale Sagrado era ainda mais magnifico do que os livros lhe davam crédito. Havia todo um ar de mistério que simplesmente obrigava as pessoas a abaixarem a cabeça e respeitar; ali, afinal, era a tumba de diversos reis que foram cruciais para a história da humanidade.
Yugi foi um dos primeiros a descer do carro, suas botas afundando na areia e seus cabelos se remexendo com a brisa. Ele olhava com fascínio as equipes de arqueólogos trabalhando por ali, terminando escavações, catalogando objetos, decifrando hieróglifos... Porém, contrário ao esperado, não havia tanta gente quanto o Mutou achou que teria. Talvez fosse mesmo difícil conseguir permissão para ir até o Vale.
“Yugi, can you please take this with you?” Seu avô perguntou, atraindo sua atenção.
O rapaz rapidamente se aproximou e pegou uma maleta que lhe era estendida.
“Today, we have five hours to explore before they send us back to the city.” Soguroku explicou enquanto carregava mais material consigo, se aproximando da entrada das cavernas que era o Vale dos Reis. “I think it has something to do with conserving the place…”Ele adicionou com um tom de dúvida, mas logo deu de ombros, pegando uma poderosa lanterna de dentro de uma bolsa e a acendendo.
Yugi fez o mesmo com a lanterna em sua maleta, arrumando o chapéu em sua cabeça com a mão livre, se aproximando de seu avô.
“Where we’re heading is a new section they recently discovered... It’s not safe and you really need to watch where you’re stepping, Yugi, don’t be afraid of screaming.” Ele disse de modo sério, captando a atenção de seu neto.
Soguroku, em seguida, pegou um mapa um tanto velho e o abriu, revelando a planta do Vale Sagrado, com diversas câmaras e tumbas ilustradas ali.
“It seems complete...” Yugi murmurou, analisando o mapa. “I mean, the corridors and rooms, they all close in itselves, as if the Valley is complete as it is right now…”
“Exactly, that was why everyone was so shocked when we found out that new section,” O homem disse, apontando no mapa o local onde a descoberta for a feita. “Alfred was the responsible, that’s why we are here, Yugi.”
Isso fazia sentido, afinal, Hopkins era o melhor amigo de seu avô; após uma descoberta tão grande e importante como essa, era de se esperar que ele fosse chamar para sua equipe de escavação a pessoa que mais confiava quando o assunto era Egito antigo.
“Are we going right now, Grandpa?” O de olhos ametista questionou assim que viu os dois homens locais se aproximarem depois de terem descido os equipamentos necessários.
Eles eram confiáveis e com certeza ajudariam na hora de desvendar os segredos do Vale Sagrado.
Soguroku começou sua caminhada, avançando por dentro de túneis, amplas salas, locais previamente explorados e catalogados, marchando em direção à escadaria que estava escondida atrás de uma gigantesca estátua de Ra, o deus do sol, protegida de olhos curiosos por milhares de anos.
Certamente, em circunstâncias normais ninguém teria sido capaz de encontrar aquelas escadas, mas seu amigo conseguiu tal façanha de algum modo; teria de lhe perguntar mais tarde.
O velho senhor parou no primeiro dos degraus que levavam para baixo, a escuridão sendo tanta que nem mesmo sua lanterna conseguia vencer o breu, as sombras engolindo a luz e deixando para trás apenas uma sensação de medo nos exploradores.
“From now on, we have little to no information to what we’ll find here, so stay close and try to not touch anything.”
Yugi concordou com a cabeça, seguindo o grupo escada abaixo.
Ele estava encantado com o lugar, mas, como era comum dos seres humanos, havia sim medo, medo do desconhecido, do escuro, das antigas maldições egípcias que foram pano de fundo para diversas mortes ao longo dos anos. Mas Yugi estava sendo conduzido pela mesma força que guiava os demais ali; o querer de desvendar segredos, descobrir, explorar, contribuir com a história do mundo.
A caminhada pelos degraus pareceu se arrastar por longos minutos quando eles finalmente chegaram em uma ampla sala.
O Mutou usou sua lanterna para iluminar as paredes, todas ricamente adornadas com complicados hieróglifos que seus parcos conhecimentos não lhe ajudavam a decifrar.
Mais figuras de Ra pareciam proteger as paredes, o ouro reluzindo com a luz. Embora fossem estátuas muito antigas, estavam bem conservadas, pouco corroídas pela passagem do tempo.
“Osiris and Anubis...”
“Hm?” Yugi se virou na direção de seu avô assim que o ouviu falar, os dois homens que vieram para explorar ao lado do mesmo.
“The Gods of death...” Soguroku murmurou, encarando as duas pinturas na parede.
Um silêncio se fez presente enquanto o Mutou mais velho chegava perto da parede, lendo as inscrições na mesma com a ajuda dos outros homens, e logo ficou claro o que elas significavam.
“We’re in a tumb. Of a pharaoh.”
Yugi arregalou os olhos e tossiu um pouco; o ar ali embaixo era bem carregado e cheirava à pó, mas a surpresa da descoberta fora o suficiente para deixar o rapaz ainda mais sem ar.
A tumba de um faraó.
Ninguém imaginava que na história do Egito existiria um outro líder, afinal, a história parecia estar completa, ao menos, da terceira dinastia em diante.
Talvez fosse um faraó que teve um curtíssimo período de reinado? Ou quem sabe um faraó que era tão antigo quanto as linhas dos tempos e viera quem sabe da segunda ou primeira dinastia?
Independente da resposta, todos queriam saber aonde repousava o sarcófago do rei protegido pelo deus do sol, ao que tempo não fora desperdiçado e logo as escavações tiveram início.
Yugi auxiliava com o que podia, pois lhe foi proibido veementemente tocar em uma picareta, posto que ele não sabia como manusear uma e certamente faria mais dano do que o necessário na hora de quebrar a parede.
Após o que pareceram horas de minucioso trabalho, o espaço escondido atrás das figuras de Anubis e Osiris finalmente começou a ser liberado; à primeira vista, parecia um covil, porém, quanto mais visão tinha do local, Yugi percebeu que as paredes estavam todas belamente decoradas com o que um dia foram lindas pinturas e palavras, mas agora muita coisa jazia apagada, desgastada, consumida pelo tempo.
“There!” Soguroku exclamou ao ter o vislumbre do sarcófago, posicionado no centro do salão.
Era feito de ouro, assim como todos os que abrigavam corpos de faraós.
Todos sabiam que tinham descoberto algo muito importante ali, mais um pedaço de história para preencher a lacuna do passado não só daquele país, mas do mundo inteiro.
Soguroku não perdeu tempo e foi logo pulando pelo buraco que escavaram na parede, iluminando a tumba do faraó sem nome enquanto seus olhos bebiam da beleza ao seu redor.
“Grandpa!” Yugi fez menção de lhe seguir, ao que o senhor lhe ajudou a pular também.
“It’s... Marvelous...” Ele murmurou, quase que hipnotizado, chegando perto do sarcófago e analisando as inscrições.
Agora estava claro que a tumba pertenceu a um faraó da primeira dinastia, um que vivera possivelmente há cinco mil anos. E enquanto lhe era quase impossível ler todos os hieróglifos ali, o nome do rei ficou bastante claro:
“Atem... Son of Ra.”
Yugi, que até então estivera analisando as paredes, teve toda sua atenção chamada pelo nome.
Não deveria significar nada para ele, mas o garoto seguiu direto até o centro da tumba e ficou de pé ao lado do sarcófago, como se tivesse sido, repentinamente, atraído por ele.
Soguroku, no entanto, nada percebeu, tão interessado estava na descoberta. Ele se virou para os dois homens e começou a conversar com eles, dando as costas para seu neto.
Se estivesse olhando, ele teria notado o olhar quase vidrado de Yugi, o modo como ele percorria os dedos delicada, apaixonadamente pelo rosto esculpido no sarcófago. Teria notado como Yugi largava a lanterna apenas para poder tocar mais ainda o rosto, se inclinando em sua direção, mas o que Soguroku notou foi quando, repentinamente, todas as luzes que tinham trazido pararam de funcionar e, no meio do escuro, a voz de Yugi pôde ser ouvida, pronunciando uma palavra com tamanho amor e adoração que os cabelos da nuca do velho senhor se arrepiaram.
“...Atem...”
E o mundo desabou ao redor de todos, os fazendo desmaiar.