Uma fanfiction para Claudia - The Cat - Capítulo 02

Nov 21, 2008 00:01

Continuando... capítulo 02 da fanfiction feita para a pessoa mais phodda ever !!!



Depois de uma noite bem dormida, Wilson acordou satisfeito, sentindo um agradável calor sob os pés. Levantando o tronco, finalmente se pôs a observar seu mais recente amigo, que se encontrava exatamente do mesmo modo em que adormecera na noite anterior. Relaxado, mas ao mesmo tempo emanando uma aura de empáfia, como se fosse inalcançável. Ou inatingível.

Wilson se lembrava dos grandes e límpidos olhos azuis que notara na noite passada, mas que agora se encontravam fechados. Além deles, o gato possuía pêlos curtos, um pouco arrepiados e de uma cor estranha, como se fossem...grisalhos.

Oras, desde quando gatos são grisalhos??!

Cinza. Isso, o gato invasor tinha pêlos cinza e uniformes, que cobriam todo o corpo robusto e de porte altivo, que se revelava mesmo enquanto o animal encontrava-se todo aninhado.

De repente, o médico sentiu um impulso incontrolável de tocá-lo. Queria saber se os pêlos eram realmente tão macios quanto aparentavam. Mas se deteve, em um surpreendente e repentino sentimento de respeito pelo bicho.

Homem, contenha-se. É só um gato.

E tudo aconteceu muito rápido. Mal havia estendido o braço em direção ao gato e Wilson já tinha um belo arranhão profundo e dolorido em sua mão direita.

- Bom dia para você também!!! Te coloco para dentro de casa e é isso que recebo? Mas hoje mesmo você vai embora. Hoje não, AGORA mesmo!

Alheio ao falatório de Wilson, o bichano já se encontrava novamente relaxado, entregue a um sono profundo.

- Não adianta, você vai embora. Mas depois, primeiro vou cuidar desse estrago que você me fez.

Ótimo, estou conversando com um gato que não me dá atenção. Porque isso me parece tão patético quanto familiar?

Decidido a ignorar seus questionamentos mentais, Wilson começou sua rotina de preparos para um novo dia, que incluíram um imprevisto curativo na sua mão. House ainda não havia voltado do hospital, seria seu novo caso tão difícil assim? Será que ele havia comido? E dormido?

Wilson foi despertado de seus pensamentos por uma série de miados que, ao mesmo tempo em que eram graves, conseguiam ser doces e melodiosos. Seu novo amigo estava aos seus pés, o olhando de forma firme e direta. Na medida em que gatos fossem capazes de lançar olhares firmes e diretos.

- O que foi, amiguinho? Está com fome? Vou procurar alguma coisa para você comer.

O bicho, já perdoado, esperou pacientemente Wilson revirar armários e a geladeira atrás de qualquer coisa que fosse comestível naquele lugar. Satisfeito, encontrou um resto de carne assada guardada na geladeira, que ele mesmo não teve coragem de jantar na noite anterior. Ah, vai que ele gosta?

O gato comeu, mas não pareceu ter sido o suficiente. Resoluto, na medida em que gatos fossem capazes de parecer resolutos, o bicho continuou seguindo Wilson pela casa, soltando seus miados já característicos, subindo nos móveis e derrubando todo e qualquer objeto no processo. Desistindo de ignorar o animal, Wilson continuou com seu diálogo-de-um-lado-só:

- O que foi agora? Quer ir ao banheiro? Está sentindo alguma dor? OH MEU DEUS, A CARNE! Eu não devia ter te dado aquela carne, como eu pude te dar aquela carne, aquela carne, por Deus! A carne!

E antes que Wilson pudesse se lembrar de todas as orações judias conhecidas que falavam de culpa e perdão, os ouvidos do gato (e os ossos, na medida em que, a essa altura, o oncologista já o sacudia de forma frenética) foram salvos pelo telefone:

-        Alô?

-        A....alô.

-        Que foi, tá nervoso? O que você fez?

Eu fiz?

-- Nada. Não foi nada. Nada.

- Sei. Enfim, estou ligando para dizer que não vou voltar para casa até que você venha ao hospital.

-        O caso es...

-        Então, coloque para gravar General Hospital para mim. Não consigo achar controle da televisão aqui, Cuddy o enfiou em algum lugar, e sinto que não vou conseguir parar na frente da TV hoje. Onde já se viu? Lúpus? De onde Chase tirou essa idéia? De novo?

E desligou. Então era isso, House queria alguma coisa dele. De certa forma, Wilson sentiu um certo...desapontamento. A princípio, ele não entendeu o porquê. Talvez, porque a idéia de que alguém, simplesmente, sentisse a necessidade de lhe contar coisas banais, a respeito do dia ou do trabalho, lhe fosse agradável. Mesmo que essa necessidade viesse do House. Definitivamente, Wilson não sabia ser solteiro.

Mas, de repente, ele se lembrou do gato. O animal continuava aos seus pés, o olhando do mesmo modo firme, mas não miando mais.

- Bom, já que House não volta agora, você parece bem, e minha primeira consulta é só à tarde, vou sair para tomar algumas providências. Você me espera, amiguinho?

E sem esperar resposta, Wilson saiu.

Esperar resposta?

...

Duas horas depois, Wilson se encontrava na frente da porta do apartamento de House com areia higiênica para gatos, uma caixinha, e variados tipos de ração em mãos. De repente, ele se viu temeroso: isso significava compromisso. E se o gato não quisesse nada disso? E se ele fosse embora? Mas, a primeira intenção não era colocá-lo para fora de casa, mesmo?

Receoso, Wilson abriu a porta do apartamento. E notou, com certo alívio, que o bichano ainda estava lá e havia lhe esperado, demonstrando isso ao vir correndo e miando em sua direção.

E miou, enquanto Wilson guardava as compras. E miou, enquanto Wilson ia ao banheiro. E miou, enquanto Wilson lhe servia a ração. E miou. E derrubou outras coisas no processo.

Preocupado e com certo receio, o médico lhe estendeu novamente a mão. E percebeu surpreso que o animalzinho recebia contente o seu carinho. Na medida em que gatos fossem capazes de demonstrar contentamento.

- Então....aquele alvoroço todo era para me chamar a atenção? Eu nunca adivinharia, já que você foi tão...bem...efusivo no seu cumprimento matinal. Eu pensei que você não gostasse de pessoas. Bem, talvez você seja muito mais complexo do que, simplesmente, um misantropo.

E, colocando o gato na mesinha de centro da sala, Wilson se sentou no sofá e começou a observá-lo de forma direta, franzindo a testa.

- Precisamos te dar um nome. Hum......já sei! Tão altivo, de miado tão grave e profundo....me lembra um príncipe. Um duque. Um lorde! Um lorde inglês. Decidido: seu nome será Lord. Gostou, amiguinho?

E, novamente, após estender a mão em direção ao gato, Wilson sentiu a ardência de outro arranhão.

- Já chega! Você vai mesmo embora!!!!

E, em pé, mãos nos quadris, Wilson observou de cima seu gatinho lhe olhar com os olhos baixos, de um modo estranhamente familiar. Lord parecia arrependido. Na medida em que gatos fossem capazes de sentir arrependimento. Resignado, Wilson soltou um suspiro:

- Você sente, não é? Só não sabe lidar muito bem com isso.

Assim, pensando na ironia da sua vida, Wilson saiu para trabalhar.

....

A tarde no hospital transcorreu sem problemas. Bom, às vezes era comum Wilson passar o dia fugindo de House, então não foi estranho se comportar dessa forma mais uma vez. O oncologista evitou o contato com o amigo a todo custo, não indo ao café ou passando por sua sala, pois temia que só seu olhar fosse capaz de denunciar a presença de um certo ocupante no apartamento do outro. Wilson queria prorrogar a revelação o máximo que conseguisse.

Mas a noite chegou e House, de mochila nas costas e caso resolvido, apareceu na porta de sua sala.

- Estou com fome. Vamos embora?

E então, após alguns quilômetros percorridos e três palavras trocadas (Wilson temia que até seu tom de voz o denunciasse), eles chegaram ao apartamento. Antes mesmo que House pensasse em retirar suas chaves do bolso para abrir a porta, Wilson se precipitou a ele. O médico a abriu em dúvida entre se sentir desejoso de que o gato tivesse sumido de modo tão mágico quanto aparecera - isso é um apartamento, por Deus! - e esperançoso de que o animalzinho ainda estivesse lá. E estava, aguardando a entrada dos dois homens olhando concentrado para a porta. Na medida em que gatos fossem capazes de ficar concentrados.

-        Ok, o que é isso?

-        Um gato.

-        Certo, acho que alucinei. Vou perguntar de novo. O que é isso?

-        Continua sendo um gato, para mim.

-        Bem, essa parte eu entendi. Vou passar para a próxima pergunta: o que essa criatura está fazendo aqui?

-        Olha...er...House. Ele entrou aqui não sei como e eu não tive coragem de mandá-lo embora. Quer dizer, até tentei, entenda, mas ele aparecia de novo, e de novo, e de novo. Sabe, ele é persistente, o gato.

-        E o que te faz pensar que vou ter paciência com um gato em minha casa.

-        Olha, eu sei que você não vai. Mas tente, está bem? Por favor...Lord é bonzinho - às vezes - e não fará mal nenhum, aqui. Além disso...

-        Lord? Menos de 24 horas com o gato e vocês já estão com essas intimidades? Jesus, Wilson, como você é mulherzinha.....ok, o gato pode ficar. Por enquanto. Por hora, vamos ver com qual “iguaria culinária” você vai tentar me matar, dessa vez. Estou realmente com fome, sabe?

...

O jantar deu-se de modo normal, até.

Bom, era normal que House resmungasse o tempo todo.

Se bem que o gênio dos diagnósticos se encontrava um pouco mais mal humorado do que o costume, dessa vez. De onde, inferno, havia surgido aquele gato?

Após o jantar, os dois médicos se acomodaram em frente à televisão para assistir ao episódio de General Hospital que Wilson havia gravado. Tudo nos padrões, tudo como sempre. De repente, eis que surge o gato na sala, pulando no sofá diretamente para o colo do Wilson. O oncologista nem fez alarde do fato, começando, distraído, a acariciar a cabeça do bicho que se encontrava apoiada em sua perna.

E, de tão distraído, nem percebeu que uma verdadeira guerra se iniciava em plena sala, travada de modo ferrenho entre dois tons de azul.

House percebeu que o gato, Lord, o encarava diretamente nos olhos, como se....o desafiasse? Esse gato está me desafiando? Gatos desafiam? Quem ele pensa que é? Todo esparramado, no colo do....quer dizer, esse gato está me desafiando a que, mesmo?

House nunca foi de fugir de um desafio, não mesmo. Havia desafiado a Deus, oras!  Mas agora, ao olhar do gato para Wilson, sentiu uma coisa estranha por dentro. E foi procurando fugir dessa sensação que se levantou do sofá e começou a se afastar, em direção ao seu quarto.

-        Já vai? Já vi episódios mais chatos, esse está legal.

-        Não é isso. Não me sinto bem-vindo, nessa sala.

E se afastou. Dando de ombros com a infantilidade do amigo, Wilson voltou a assistir a TV.

...

No dia seguinte, Wilson foi interrompido no seu sagrado ritual de secar seus cabelos pelos altos brados de House:

-        Xixi! Urina, mijo! No meu tênis! No. Meu. Tênis.

-        O que aconteceu?

-        Esse gato que você arrumou, ele urinou no meu tênis! Você tem noção do quanto fede urina de gato? E no meu tênis! Eu sabia que ele não gostava de mim, eu sabia!

-        Ora, House, por que o gato não gostaria de você? Por que será?

-        Ele vai embora.

-        Não! Olha, ele só está um pouquinho confuso, ele não está acostumado com a caixinha de areia dele, ele vai se acostumar! Dê um tempo a ele, você prometeu!

-        Ele. Vai. Embora.

-        House....

-        Por favor, Wilson, não tem nem dois dias que esse gato está aqui, por que você gosta tanto dele?? É, não estou entendendo!

-        Eu não sei, ok? Eu só me apeguei. Tem alguma coisa nesse gato, que...

-        Chega. Não tem nada que me obrigue a aturar um gato de alguém que nem...mora de verdade nesse apartamento. Ele vai.

Nunca doeu tanto. E era normal que House fizesse doer.

- Bom, se na primeira oportunidade você joga na minha cara que eu estou morando de favor nesse apartamento, talvez eu não seja bem vindo aqui também. Talvez seja hora de eu ir embora.

-Não! Espere, eu....

E, ao fincar seus olhos chocolate nos azuis de House, Wilson viu aquele olhar tão característico, meio baixo, que seu amigo sempre lhe dava quando estava arrependido de algo. House parecia arrependido. Na medida em que Houses fossem capazes de sentir arrependimento. Wilson havia visto esse olhar em só mais alguém, por toda a sua vida: em seu gato.
E então, Wilson se deu conta de duas coisas: de que não iria embora tão cedo e do porque realmente gostava de Lord.

fanfiction house m.d. hilson

Previous post Next post
Up