Finalizando... último capítulo e epílogo da fanfiction dedicada a Claudia... The Cat tem como autoras eu - Andrea -, Thais, Angie, Saavik e Lara... Hein, Clau, consegue adivinhar quem escreveu o quê?
House estava calmamente sentado vendo TV, após os memoráveis acontecimentos dessa noite, quando Wilson chegou reclamando das emergências de última hora que Cuddy havia inventado e que o prenderam no hospital até àquela hora. Assim que colocou os pés em casa, Wilson perguntou pelo gato. House ficou feliz em poder dizer-lhe que o bicho estava na cozinha, ocupado em fazer sujeira em sua caixa de areia.
- Então, você não devia reclamar - disse Wilson, cansado - se ele aprendeu a usar a caixa de areia, seus tênis estarão a salvo.
Dirigindo-se para cozinha, Wilson riu do mau humor com que House tratava o gato. Entretanto, ele não pôde deixar de suspirar aliviado pelo fato de Lord ainda está naquele apartamento. Ao ver todos os atendimentos de urgência em que Cuddy o envolvera, ele não pode deixar de pensar que algo havia acontecido e que sua chefe apenas procurava uma maneira de mantê-lo longe de casa. Chegara a ter certeza de que House havia dado um sumiço no gatinho e pedira à administradora do hospital que proporcionasse a ele tempo suficiente para fazer parecer que fora um acidente. E esse tempo fora muito, passava da meia noite quando ele deixou o trabalho, temendo não ser recebido pelos miados altivos de Lord. Mas ele estava ali, na cozinha, aparentemente bastante ocupado em tentar entrar em uma sacola de papel que alguém deixara por ali.
Wilson riu alto ao ver a cena e começou a preparar as coisas do jantar. Embora fosse bastante tarde, sabia que House nada comera enquanto o esperava. Era um dos rituais que havia entre eles naquele momento em que dividiam a mesma casa. O jantar. Era estranho pensar em como já havia surgido uma rotina entre eles nessas poucas semanas. Wilson sabia que aquele arranjo não duraria por muito tempo, mas não conseguia evitar o sentimento de que sentiria muita falta dessa rotina quando chegasse o momento de mudar-se para o seu próprio apartamento. Pelo menos ele teria Lord junto dele e, por mais estranho que isso pudesse parecer, o gato ajudava-o a sentir menos a falta de Greg. Mas mesmo assim, por menos que Wilson quisesse admitir, a saudade desses jantares compartilhados seriam inevitáveis.
House chegara a cozinha guiado pelo aroma do prato que Wilson preparava naquela noite. Fez uma careta para o gato que ainda estava ali, mas parecia que Lord havia entendido a trégua selada antes da chegada de Wilson e não implicara com a presença do médico na cozinha. Wilson estava arrumando as coisas do jantar na mesa enquanto House já beliscava o conteúdo das panelas. Nesse momento, ambos ouviram a campainha tocar e, ao mesmo tempo, pensaram em quem poderia ser naquela hora da noite. Já que estava na sala, Wilson foi atender a porta e ao abri-la deparou-se com uma menininha de olhos arregalados que segurava um gatinho, acompanhada de uma mulher que deveria ser sua mãe.
- Olá, boa noite - disse a senhora e continuou - eu sei que a hora é mais do que imprópria mas ela só contou-me agora há pouco que um homem havia estado em nossa casa procurando pelo gato. Então, é esse o seu gato?
- O meu gato? - Wilson perguntou confuso, fitando a menininha que apertava o gato cada vez mais em seus braços.
- Sim, o meu vizinho disse que um homem grisalho, de olhos azuis, usando uma bengala, passou uma boa parte da noite procurando o gato do... ah...amigo pelas redondezas. Então, foi que eu tive a idéia de perguntar para a Claudia se alguém havia reclamado o gatinho que nós tínhamos recolhido mais cedo, antes do temporal. A pobrezinha não queria admitir, mas terminou por confessar-me que ele também tinha estado lá - a mulher fez uma pausa e retomou o fôlego - Então, é esse o seu gatinho?
Wilson ainda estava confuso. O seu gato, Lord, estava na cozinha. Aquele bichano nas mãos daquela menina nunca fora seu. Mas, a descrição do homem que havia perguntado pelo gato não deixava dúvidas. Algo acontecera com Lord naquela noite e Wilson sabia que precisava descobrir, mas antes ele precisava garantir àquela menininha que ninguém tomaria de seus braços aquele gato ou então o bichinho acabaria esmagado por excesso de carinho. Ele ajoelhou-se, então, para olhar diretamente nos olhos da menina e disse:
- Claudia, esse não é o meu gato. O meu gato está ali, na cozinha. Então, eu acho que você pode ficar com esse bichinho, já que parece que ele não tem mesmo dono.
O sorriso da menina foi instantâneo e Wilson quase caiu para trás com o abraço que ela lhe dera sem se importar nem um pouco em esmagar um pouco mais o gato no processo. A mãe, aliviada talvez em não ter que arrancar o bichano da menina, agradeceu efusivamente e elas partiram então.
Wilson fechou a porta e virou-se para encontrar House parado no umbral da porta da cozinha bebendo uma cerveja. A pergunta foi instantânea:
- Então, como você explica isso?
- Como eu explico o quê? - House retrucou, tomando mais um gole da cerveja.
- Você não ouviu o que aquela mulher disse sobre um homem com a sua descrição procurando por gato?
- Claro que eu escutei. Mas não importa não é? O gato está aqui. Todos ficam felizes.
Era uma resposta cínica. Wilson sabia disso. Colocando as mãos na cintura, ele insistiu uma vez mais.
- House, você colocou o Lord para fora de casa?
- Wilson, Lord está aqui, não está? Você por acaso não é capaz de vê-lo?
- Sim, eu sou capaz de vê-lo - Wilson respondeu - mas vi também Cuddy surgir do nada com mil emergências irrelevantes no fim do expediente apenas para retardar a minha volta para casa. E ouvi também a mãe daquela garotinha descrever um homem igualzinho a você que, segundo o vizinho dela, havia passado uma boa parte da noite procurando por um gato cinza.
- Wilson, eu não sei se você sabe, mas há no mundo outros homens grisalhos, de olhos azuis que usam bengala e que procurariam por um gato perdido, não?
Wilson ia replicar quando o telefone tocou e ele atendeu-o imediatamente. Do outro lado da linha, um homem perguntou, sem sequer questionar quem atendera, se ainda havia interesse na aquisição de um gato cinza já que ele havia acabo de receber um. James praticamente gritou que não havia interesse e desligou o telefone, voltando-se uma vez mais para House.
- Você. Pensou. Em. Colocar. Outro. Gato. No. Lugar. De. Lord! - disse ele, furioso, falando cada palavra separadamente.
House sentia-se impotente diante da fúria que emanava de Wilson. Nunca percebera que o amigo poderia ficar assim tão zangado com alguma coisa.
- Ele fugiu, ok... ou pelo menos eu pensei que ele fugira - começou ele - eu não o expulsei. Cheguei em casa e não pude encontrá-lo em parte alguma. Confesso que por um segundo fiquei feliz em ver que havia vencido, que ele reconhecera que esse era o meu território e partira. Mas aí lembrei do quanto você se apegou a ele, embora eu realmente não saiba o porquê disso e saí para procurá-lo. Após rodar por essa vizinhança por mais de uma hora debaixo de um temporal procurando esse gato, após ter tentado comprar outro igual para que você não percebesse que ele havia sumido, eu tive uma epifania e resolvi procurá-lo em casa novamente e terminei por encontrá-lo escondido dentro do armário. Ele sempre esteve aqui.
Wilson estava chocado. Não sabia se era a confissão de House ou o fato de imaginar Greg procurando Lord embaixo de um temporal. Mas havia outra coisa ali que o incomodava e foi isso que ele atacou ao perguntar:
- Você ia mentir para mim. Você preferiu tentar conseguir outro gato para colocar no lugar de Lord do que me contar o que realmente havia acontecido. Por que House? Por que mentir é uma opção mais segura?
- Por que você não acreditaria na verdade. - disse House, baixando os olhos.
- E por que eu não acreditaria? - Wilson insistiu.
- Por que você tem me visto implicar com o gato desde o momento em que o vi pela primeira vez. Por que para todas as pessoas que me conhecem, o fato de eu colocar Lord para fora assim que você virasse as costas seria a coisa típica a fazer. Afinal, eu deixei a porta do apartamento aberta para que Hector fugisse não?
- Sim, você deixou. Eu sei.
- Então - disse House, desanimado sentando-se no sofá.
Wilson olhava fixamente para o amigo. O jantar fora esquecido na cozinha. Ele passou uma vez mais as mãos no cabelo e ousou expressar a outra pergunta que estava presente em sua mente.
- Ok, mas se ele o desagrada tanto porque então procurar trazê-lo de volta?
Ao ouvir a perguntar, House não pode evitar que seus olhos continuassem a fitar o chão. Era uma boa pergunta essa, ele pensou. Por que ele ficara tão obstinada em trazer Lord de volta a ponto de pensar em colocar outro gato em seu lugar, a ponto de assustar uma menininha e ordenar ao atendente da loja de animais que ligasse para sua casa assim que surgisse na loja um gato cinza. House não conseguia explicar esses fatos racionalmente e isso o assustava. Ele odiava ser incapaz de explicar alguma coisa e, naquele momento, lhe era impossível dar a Wilson uma resposta satisfatória. Claro que ele poderia dizer que era medo de perder a amizade do homem que era o seu único amigo. Mas será que era apenas esse sentimento que ele nutria naquela relação? Amizade?
Greg sentia-se apavorado sempre que não conseguia explicar os sentimentos que tinha em si pelo amigo. Constrangia-o ainda mais perceber que talvez Wilson estivesse começando a perceber essa sua fraqueza. Os dois homens estavam ali, na sala, quando uma terceira presença se interpôs entre eles. Lord, enfim entediado com a sacola de papel, aproximava-se e Wilson, ao vê-lo, esperou pacientemente que ele se postasse em sua frente e começasse a miar, pedindo alguma coisa, mas isso não aconteceu. Lord tinha outro alvo e foi diante de House que ele parou, passando a encarar o médico diretamente.
Por um momento, Wilson achou estranho vê-los frente a frente. Olhares azuis em reciprocidade despertavam em Wilson estranhos paralelos que ele estabelecera e ele acabou por responder, sem sequer perceber, a pergunta que House havia lhe feito anteriormente.
- Você quer saber por que eu gosto tanto do Lord? - perguntou Wilson para
House sentando-se ao seu lado no sofá e passando a observar o gato - quer mesmo saber o que há nele que me atrai? Pois bem, eu vou lhe responder. O que me chama a atenção em Lord é são as semelhanças que ele apresenta em relação a você. Essa sua natureza livre, até certo ponto selvagem, está presente nele e sim... isso me atrai. Ele decidiu ficar aqui, sem pedir licença ou permissão, da mesma forma como você, há quase vinte anos decidiu ser meu amigo sem nem mesmo perguntar se eu estava de acordo com isso. Você apenas pagou aquela fiança e passou a se comportar como se fôssemos melhores amigos. E eu aceitei isso. Porque isso me agradava. Porque essa impetuosidade que emanava de você me atraía.
Wilson pensou em continuar mas não conseguiu. Sabia que havia falado demais. Por trás daquelas palavras que ele havia dito ele podia ouvir o som de muitas outras que até aquele momento haviam sido reprimidas. Ele levantou-se, preparando-se para deixar a sala, quando uma mão o impediu agarrando fortemente o seu braço.
Quando se voltou, os olhos de House que antes fitavam o chão olhavam diretamente para os seus. House levantou-se com dificuldade e James prendeu a respiração ao ver aqueles azuis tão próximos e sentiu que o seu coração parava quando percebeu o que viria a seguir. O beijo pareceu inevitável. Era tímido, inseguro, mas voluntarioso e exigente. Carregado daquela impetuosidade que Wilson dissera tanto admirar em House. O beijo desencadeou o desejo e eles se abraçaram mais forte, procurando sentir os corpos um do outro, com suas mãos ensaiando toques que provocavam suspiros, gemidos e aumentavam a excitação a cada contato. Por um momento, Wilson tentou desvencilhar-se daquele abraço e House amaldiçou-se por ter, talvez, ido longe demais. Mas o olhar que James lançara para Lord, que até aquele momento estava ali, observando tudo, mostrara claramente o que o incomodava. House não pode deixar de rir ao perceber o que acontecia e mordiscou a orelha de Jimmy antes de sussurrar um “vamos para o quarto” com uma voz carregada de desejo. Agarrados, eles dirigiram-se para o quarto e quando as roupas pareceram apertadas demais, eles as arrancaram, confrontando-se nus em pêlo. Disfarce algum a esconder a vontade mútua que era expressa por seus corpos.
Wilson sempre soubera que House era impulsivo. Como confessara naquela noite, isso era algo que o atraia no amigo. E naquele momento ele sentia essa impulsividade em cada uma das trilhas que a língua de House desenhava em seu corpo. Quando ela chegou entre suas pernas, Wilson pensou que sim, era esse o momento em que seu coração pararia de bater porque seu corpo inteiro tremia e ele não conseguia formular pensamento algum. Apenas gemia e sussurrava o nome do amigo: “Greg”
House sentia sua fome aumentar a cada uma das vezes em que ouvia o seu nome ser pronunciado entre os gemidos de Jimmy. A certeza de que o amigo sabia que era ele que estava ali, ocupado em despertar em seu corpo aquelas sensações, desencadeava nele um sentimento exacerbado de posse. Wilson era dele. Ele sempre tivera essa certeza e agora estava prestes a atestar isso fisicamente. No momento em que o anseio por sentir seus corpos completamente conectados tomou conta de ambos, House penetrou Wilson com cuidado. Os movimentos começaram lentos, dando a eles a oportunidade de acostumar-se àquele terreno até então desconhecido. Mas a timidez inicial foi substituída por uma impetuosidade - nesse momento recíproca - que passou a coordenar as ações daqueles homens. O orgasmo chegou em simultâneo em um misto de carícias e nomes sussurrados.
Após um momento em que, deitados, eles procuravam encontrar novamente um ritmo normal para as suas respirações, a impetuosidade que originara o momento pareceu tomar conta de Wilson e ele depositou nos lábios de House um beijo exigente. O gesto era necessário, já que ele sabia que além de impulsivo, o amigo podia também ser inseguro e ele não queria, de modo algum, que Gregory acreditasse que ele havia sido guiado apenas por curiosidade. House entendeu o significado do beijo e foi patente o relaxamento que tomou conta de seu corpo após sentir que Wilson, de alguma forma, estava lhe dizendo que não iria a lugar algum. Não havia outro lugar para Jimmy que não fosse aquele: os seus braços.
Epílogo
Ainda havia noites solitárias para Wilson. House ainda possuía casos complicados para resolver e mesmo com Lord em casa, ele ainda sentia-se solitário em algumas ocasiões.
Mas havia noites como essa, em que House chegava cedo em casa e nas quais Wilson podia rir com as implicâncias de Gregory com o gato enquanto preparava o jantar. A convivência entre ambos tornara-os ainda mais parecidos. Ambos eram ciumentos e possessivos e Wilson aprendera que tais sentimentos nada mais eram do que um reflexo do amor que eles procuram expressar. Era hilário assistir os ataques de ciúme de House toda vez que Lord atrevia-se a subir na cama deles, terreno que era proibido para o animalzinho. Greg gostava de saber que a única criatura de olhos azuis a dormir naquela cama era ele. E Wilson não ousava dizer-lhe que, nas noites em que os mistérios médicos do hospital o impediam de voltar para casa, Lord dormia naquela cama. Wilson definitivamente odiava dormir sozinho.
Preferia estar sempre como naquele momento. Sentado no sofá, ao lado de House, assistindo a alguma bobagem da TV enquanto Lord divertia-se com a embalagem de papelão das cervejas que haviam tomado mais cedo. Em algumas dessas ocasiões, ele flagrava House observando o gatinho e, por mais que ele temesse questionar, percebia naquele olhar um sentimento de afeição que o enternecia. E, nesses segundos, a felicidade tornava-se algo inevitável.