fic J²: Maria

Jul 21, 2009 21:00

Título: Maria
Autora: Adriana Adurens
Par: Jared/Jensen
Fandom: RPS de SPN
Classificação: Ahn... sei lá... bota um PG-13 aí e vamo vê no que dá.
Disclaimer: não é meu. Só a Maria é minha. :D

Maria é um dos segredos de Jensen e Jared.

Dois homens solteiros, que geralmente estão trabalhando nos mesmos horários e nas horas vagas estão cansados demais para fazer outra coisa a não ser tomar cerveja e dormir babando no sofá precisam de uma Maria.

Nenhum dos dois faz limpeza pesada na casa. No máximo deixam suas coisas em lugares específicos e a casa fica mais ou menos organizada ou bagunçada. Até Maria chegar.

Maria é uma mexicana de 48 anos, cabelos negros e lisos puxados em um coque frouxo na nuca e pele morena como um cappuccino recém servido. Ela tem um sotaque forte, um sorriso mais largo que o de Jared quando este está de bom humor e é mais ranzinza do que Jensen ao acordar quando este ainda não tomou seu café.

Ela tem a cópia da chave da casa dos meninos e toda quinta-feira, pela manhã, entra e faz o seu serviço.

Discreta, nada saiu de sua boca em todo o tempo que trabalhou para os dois. Nem os dois sequer comentaram sobre a existência de Maria, pois seus agentes disseram que isso iria causar inconvenientes para a pobre mexicana que provavelmente seria odiada ou perseguida por fangirls.

E Jared e Jensen nunca deixariam nada acontecer com Maria. Eles a adoravam demais para deixar que um comentário inocente para uma pergunta não tão inocente em uma convenção qualquer tirasse a mexicana deles.

E eles nem conheciam Maria direito. Mal se falavam, mal se encontravam. Mas uma casa limpa e bem organizada no fim-de-semana era um prazer que nenhum dos dois queria arriscar e eles deviam isso à Maria e sua discrição militar.

Mas Maria, como toda faxineira, também era protagonista de algumas das melhores histórias que eles poderiam contar para as fãs em convenções. Como, por exemplo, três semanas após a sua contratação, Jared e Jensen chegaram em casa na quinta-feira e a encontraram sentada na cozinha, esperando por eles.

“Maria?”, Jared a olhou curioso. Geralmente, quando eles voltavam das filmagens, ela já tinha ido embora.

“Preciso conversar com vocês.”, ela disse seriamente, cruzando os braços e fazendo uma cara brava.

Jared e Jensen se entreolharam, cada um procurando descobrir na expressão do outro se tinham esquecido alguma coisa comprometedora à vista ou se tinham feito algo inadequado para os padrões da mexicana.

Jensen tirou o celular e a carteira do bolso, depositando-os na bancada da cozinha ao lado dos pertences de Jared, dizendo em um tom tranqüilo, “Claro, aconteceu alguma coisa?”

Maria bufou e indicou com a mão, “Venham aqui.”, ela guiou os dois até a lavanderia e apontou para o teto, “Aqui.”

Os dois olharam para o teto, para as roupas esticadas no varal, uma separação de cores e tamanho vista claramente debaixo.

“Hm...”, Jared tentou entender o problema, “É muita roupa para lavar em um dia só? Você quer vir dois dias por semana?”

“Não, menino!”, ela o repreendeu e Jared imediatamente sentiu-se como uma criança de oito anos que foi pega comendo biscoitos escondido, “O varal é o problema!”

“O varal?”, Jensen perguntou consternado. Jared e ele tinham instalado o varal juntos, alguns dias depois da compra da casa e se tinha uma coisa que Jensen se orgulhava era o varal. Uma das poucas coisas que os dois instalaram que deu certo e não quebrou no dia seguinte, “O varal está perfeito.”, ele disse girando a manivela que fazia com que o varal abaixasse e subisse.

Quando o varal chegou no limite mais baixo, Maria apenas ergueu uma sobrancelha rala e levantou o braço. Sua pequena mão distante do dito varal uns belos trinta centímetros.

Jared tossiu, ficando vermelho tentando não rir do embaraço de Maria. O problema, na verdade, não era o varal em si, mas a altura da faxineira. Como Jared e Jensen eram dois homens altos, ao instalarem o mecanismo de corda, levaram em consideração a altura deles e não a de uma mexicana de 1, 60m de altura.

De boca aberta, ainda meio fascinado pela distância entre o varal e a mão de Maria, Jensen conseguiu se recompor mais rapidamente, virando as costas e procurando a caixa de ferramentas praticamente inutilizada, “Não se preocupe, Maria, nós vamos dar um jeito nisso imediatamente.”, ele comentou, solícito.

A mexicana apenas cruzou os braços e bufou irritada algo sobre ter que subir em cadeiras para estender as roupas desde a primeira semana e que já estava cansada de tanto exercício para as pernas. Jared apenas tossiu mais forte, correndo para ajudar Jensen a achar a famigerada caixa de ferramentas.

Após esse episódio, os dois se conformaram com o jeito matronal de Maria e suas broncas, mesmo que raras, somente quando ela tinha a sorte de se encontrar com um ou os dois de folga na quinta-feira.

Toda quinta-feira que eles chegavam em casa e viam Maria sentada na cozinha, eles sabiam que uma bronca ou uma reclamação estava por vir. E se empenhavam para agradar a mexicana o mais rápido possível, pois também aprenderam que na semana seguinte ao favor prestado, um bolo caseiro estaria esperando por eles no forno como um agradecimento silencioso, coisa que Jared passou a apreciar cada vez mais.

Em uma dessas quintas-feiras da vida, eles chegaram em casa e viram a luz da cozinha acessa. Jared sussurrou no ouvido de Jensen enquanto abria a porta, “Eu tenho certeza que não fiz nada, então foi você.”

“Eu também não fiz nada.”, Jensen retrucou, fechando a boca assim que os dois se aproximaram da cozinha.

Maria ergueu-se e cruzou os braços. Jared e Jensen pararam um ao lado do outro e morderam o lábio ao mesmo tempo para não rirem da postura da mexicana.

“Preciso conversar com vocês.”, ela disse indicando para que eles se sentassem na mesa com ela.

Como se tivessem permissão para se mexer, os dois sentaram-se silenciosamente na mesa, aguardando a sentença. Geralmente, quando ela anunciava que precisava conversar com os dois, queria dizer que os dois eram culpados de algo, ainda não exatamente constatado, muito provavelmente simplório e que faria os dois caírem na risada assim que Maria saísse satisfeita da casa.

“Eu assisto televisão.”, ela começou, muito séria, “E minha filha tem um desses...”, ela fez um gesto com as mãos, imitando uma caixa, “Que vocês tem aqui também... dá pra entrar na internet...”

“Laptop.”, Jensen sugeriu, timidamente.

“Isso. Laptop. Uma máquina incrível.”, ela suspirou e disse, “Ela me ensinou a usar a internet.”

Jared e Jensen se entreolharam rapidamente, cada um já imaginando as coisas mais malucas que a inocente mexicana poderia se expor ao acessar a internet.

Maria bateu com a mão na mesa chamando a atenção dos dois que pularam assustados em suas cadeiras, receosos da expressão irritada da senhora.

“Vocês dois sabem que eu sou discreta. Que eu sei guardar segredos.”, os dois assentiram imediatamente, obedientes, “Como, por exemplo, eu nunca sequer mencionei o fato de seus lençóis e suas cuecas volta e meia estarem grudentos com sêmem, Jared.”

Jared arregalou os olhos e, naquele momento, quis, com toda a vontade de seu ser, morrer. Rápido e sem dor, de preferência. Ele mal registrou a mão de Jensen tentando confortá-lo com batidas leves em seu joelho tamanha era a sua vergonha. Ainda mais quando o próprio loiro era a causa mais freqüente dos seus lençóis e cuecas sujos.

“E, Jensen?”, Maria disse em tom de alerta, deixando o rapaz em questão temeroso pela próxima sentença, tanto que até esqueceu sua mão no joelho de Jared, “Não pense que eu nunca reparei nas roupas de Jared que toda quinta-feira de manhã eu encontro nas gavetas erradas.”, ela estreitou os olhos e disse com firmeza, “Eu nunca guardei uma peça de roupa no armário errado. Nem mesmo uma meia.”

Jared esqueceu momentaneamente sua vergonha, por um lado por sentir-se injustiçado com a bronca aparentemente leve que Jensen recebeu comparada à sua e por outro porque realmente não entendeu o que Maria tinha dito.

“Er... você está dizendo que Jensen troca as minhas roupas de lugar?”, ele perguntou, confuso, “De propósito?”, ele olhou o amigo, que estava extremamente envergonhado, com as famosas sardas quase desaparecendo no meio da pele avermelhada.

Jensen deu um meio sorriso, balançando a cabeça levemente em súplica para que Maria não dissesse mais nada.

Mas a pequena, porém ferrenha, mexicana não lhe deu atenção, “Ao que parece, Jensen prefere as suas roupas às dele.”

O loiro fechou os olhos, mordendo o lábio. Seus dedos apertando o joelho de Jared instintivamente, como se precisasse do apóio do toque do amigo para o que veria a seguir.

“Mas... Jensen sabe que não precisa nem pedir. Ele tem liberdade para pegar e usar o que quiser daqui de casa.”, Jared colocou uma mão no ombro do outro, sorrindo para Maria que apenas ergueu uma sobrancelha, “Eu tenho certeza que se as roupas dele servissem em mim...”, ele parou o que estava dizendo, como se percebesse a lógica de Maria somente agora, “As minhas roupas também não cabem em você!”

“Jared...”, Jensen praticamente gemeu o nome do amigo, querendo esquecer esse final de quinta-feira e essa conversa com Maria o mais rápido possível.

“Bom, não importa o que cada um de vocês apronta nessa casa durante o resto da semana. Eu nunca soltei uma fofoca sobre vocês e não pretendo me rebaixar a esse ponto nem hoje, nem no futuro.”, Maria cortou os dois, chamando a atenção para o assunto principal, “Mas, na internet, algo me incomodou tremendamente.”

Os dois amigos soltaram um gemido angustiado ao mesmo tempo, imaginando o que poderia ter incomodado a faxineira a ponto dela resolver querer ter essa conversa extremamente desagradável com eles.

Eles sabiam que a internet era praticamente território de fangirls e, se Maria deparou-se com qualquer coisa que uma fangirl de supernatural tenha colocado online, os dois podiam imaginar as mais embaraçosas situações.

“Vocês sabiam que algumas pessoas suspeitam que vocês dois são namorados?”

Jensen soltou um suspiro aliviado, deixando os ombros caírem cansados. Jared deixou-se relaxar na cadeira e passou um longo braço atrás do amigo, apoiando-o no encosto da cadeira do loiro.

“Sim, nós sabemos.”, Jensen respondeu, mais calmo.

“Bom.”, Maria analisou os dois com olhos criteriosos, atentando para a mão de Jensen ainda no joelho de Jared e o braço deste apoiado atrás do primeiro, “Então, o que eu vou dizer fica mais fácil.”

“Maria, depois que a palavra ‘sêmem’ foi dita tudo fica mais fácil.”, Jared comentou, ainda sorrindo.

“Não pense em fazer pouco de um assunto tão sério, menino.”, ela o repreendeu, notando que Jensen voltou com as batidinhas no joelho do moreno. Ela ajeitou a postura, suspirou fundo e disse, “Se for verdade que vocês estão juntos, eu quero saber porquê diabos não ocupam um quarto só e me poupam o trabalho de limpar dois quartos toda a semana?”

Diante do silêncio dos dois rapazes, ela continuou, parecendo mais irritada, “Vocês sabem que eu sou uma pessoa discreta. Se querem deixar a relação em segredo sabem que eu vou manter meu silêncio. Não me importa realmente com quem vocês ficam juntos. Minha filha me disse que existem até pessoas que trepam com árvores. Vocês podem trepar com árvores, não tenho problema nenhum com isso. Mas acho uma falta de respeito comigo, que sou tão fiel à vocês, nunca dei motivo algum para desconfiança, ter que ficar limpando dois quartos quando vocês claramente podem usar só um.”

Pela primeira vez Jensen foi o primeiro a se descontrolar soltando uma risada alta e jogando o corpo para trás. Jared o acompanhou logo em seguida, apoiando o braço nos ombros do amigo. Os dois riram tanto que só pararam quando perceberam a expressão nada amigável de Maria, que batia os dedos contra a mesa, impaciente.

“Maria...”, Jared tentou dizer algo, mas as risadas o impediram.

“Nós não estamos juntos.”, Jensen disse, limpando as lágrimas dos olhos, sentindo a barriga doer de tanta risada, “Não estamos dormindo em quartos separados só pra te dar mais trabalho, Maria.”

O comentário de Jensen pareceu ter alimentado o bom humor de Jared, que deu mais uma seqüência de gargalhadas, levando o amigo junto que não resistiu.
Maria bufou e ergueu-se da mesa, irritada, “Bom, se for assim, então está bem.”, ela saiu pisando firme, deixando a casa com os dois ainda rindo, apoiando um no outro.

Jensen riu mais um pouco, mais calmo, empurrando o amigo com o ombro, “Pára de rir, seu palhaço. Você me fez rir na cara da Maria!”

“Você que começou, oras!”, Jared disse entre risadas, apertando o abraço no loiro, não o deixando sair, “Não teremos bolinho na próxima quinta...”

Jensen riu mais, passando a mão pelos olhos cheios de lágrimas, “Pára com isso!”, ele tentou se soltar, para se afastar de Jared e controlar as risadas quando lembrou de algo, “Meu deus, que mulher mais egoísta! Ela queria que ficássemos juntos apenas para ter menos trabalho!”

Jared ergueu o outro braço, praticamente escondendo Jensen em seu peito, apertando-o com força, “É você o culpado disso! Bagunçando as minhas roupas em dobro pra ela ter que arrumar.”

Imediatamente, Jensen parou de rir e ficou imóvel dentro do abraço do outro. Ele ergueu o rosto e respirou fundo, acalmando-se, “Bom, na cabeça dela, se eu ficasse no seu quarto ela não teria mais lençóis e cuecas ‘grudentas’ para lavar.”

“Não, só lençóis.”, Jared comentou distraído, ainda rindo, sem perceber o desconforto do amigo, “Aliás, por quê você troca as minhas roupas de lugar se você não as usa?”

Jensen se afastou do abraço e pigarreou, devolvendo outra pergunta, “Por quê os lençóis ficariam grudentos se eu for dormir no seu quarto?”

De repente, a cozinha ficou silenciosa e tão desconfortável quanto quando Maria ainda estava com eles.

Na quinta-feira seguinte, Maria saiu tão irritada quanto antes da casa dos rapazes. Claro, só tinha um quarto pra limpar agora, mas, como conseqüência, o dobro de lençóis ‘grudentos’ para lavar.

FIM

slash, supernatural, rps, fic, j2

Previous post Next post
Up