(no subject)

Mar 23, 2005 17:59

Kathy empurrava o carrinho pelo aeroporto, contendo sua mala, sentindo a mão de Benji em seu ombro, para não se perderem no meio da multidão. Pessoas por todo lado, fila, entregar a passagem, dar tchau pro Benji, entrar no avião, sentar, decolar e acordar só em Chicago.
E lá estava ela, novamente com o bendito carrinho e a mala nele. Ficou parada no conhecido aeroporto de Chicago. Sorriu. Caminhou um pouco, procurando por um rosto conhecido. Mas nada. Ninguém. Sentou-se em uma cadeirinha, abriu a mala, pegando o discman e colocando os fones. O CD acabou e nada, não havia chegado ninguém. Pegou o celular, discou o número de Brandon, seu primo. Alguns toques depois, ele atendeu:
-Kathy?
-Oi Brandon! Você vem me pegar ou quer que eu pegue um táxi?
-Porra, em que aeroporto você ta?
-No único que tem, Brandon. -disse ela segurando para não rir. Havia sentido saudades da família estranha dela.
-Porra, eu to aqui na porta faz um tempão! -exclamou ele.
-Supunha-se que você viria me pegar no desembarque, idiota! -disse rindo.
-Caralho, você ta com o sotaque bizarro. Pegou o jeito de falar do povinho de Washington DC, é? -riu ele.
-Brandon, to indo aí na porta! -disse ela desligando o celular e indo. Chegou na porta, encontrando Brandon. O garoto tinha o cabelo preto, em um meio moicano, piercing de argola no canto esquerdo da boca, nariz furado, trajava uma regata branca, deixando os braços tatuados à mostra, e uma calça preta larga, caindo pela cintura, deixando parte da cueca aparecendo. Estava encostado em um cadillac preto, braços cruzados, sorrindo. Nunca entendeu qual era a de sua família, todos tinham uma certa fascinação por cadillacs. Seu pai era um.
-Hey, Kathryn! -exclamou ele abrindo os braços. Kathy correu e o abraçou, forte.
-Como vai, Bran? -perguntou ela jogando a mala no carro.
-Bem, bastante bem. Entra aí! -disse ele indo pro lado do motorista.
-Como vai o povo daqui? -perguntou ela entrando e fechando a porta, colocando o cito de segurança.
-Bem. O de sempre, sabe..o Matt e o Jere vivem lá em casa, é festa todo final de semana e no momento o meu pai e os caras estão de ressaca. Eu nem to morando lá mais. Comprei um apartamento mês passado. Aliás, eu acho bem mais sadio você ficar comigo lá.
-Tá, pode ser. Eu só quero ir no túmulo do meu pai entre hoje e amanhã. E eu preciso dormir um pouco. Eu passei a noite fora e o Benji tava sendo um idiota hoje cedo e não me deixou dormir. -disse ela colocando óculos escuros.
-Sério? Passou a noite com o Mike, é?
-Mike? -Kathy riu. -Ah, é mesmo, a última vez que você me viu eu estava ficando com ele. Não, acabou faz tempo. Eu acho que eu estou com o Frank, lá da escola.
-Acha?
-Acho. Ele não comentou o fato da gente ter se pegado animal ontem. Mas ele é legal, e gosta de mim. Acho que daria certo. -riu ela.
-Isso é bem legal. Quer ir pro meu apê dormir e depois nós vamos lá na casa do meu pai e do Matt? -perguntou ele.
-Seria uma excelente opção pra mim.

Uma hora depois, Marshall, Michael, Joshua e Adam sentavam-se, de banho tomado, roupas limpas (emprestadas pelos gêmeos) na mesa da casa dos Madden. Joel veio até eles assobiando, colocando uma travessa de panquecas na sua frente. Marsh pegou uma colocando no prato.
-Acho que ele ta puto. -murmurou Adam para os gêmeos.
-Não ta não, relaxa. -disse Marsh dando uma mordida na panqueca. Joel se aproximou com uma jarra de suco:
-Como vai a cabeça? -perguntou sorrindo.
-Parece que marretaram meu cérebro. -disse Mike.
-Eu não consigo abrir os olhos direito. -disse Josh.
-Eu acho que meu cérebro derreteu inteiro. -disse Adam
-Derreteu? O meu ta em pedacinhos, pipocando enquanto eu falo. Eu to sensível ao som. -respondeu Marsh.
-Acho que todos nós. -disse Josh tomando um copo de suco.
-Sério? Que chato! -disse Joel saindo. Em seguida o som alto na sala ecoou. Joel havia ligado o rádio no último volume. Marsh colocou as mãos no ouvido, asism como so outros, fazendo cara de dor:
-Pai abaixa isso! -implorou ele. Joel fingiu não ouvir, trazendo uma travessa de sanduíches.
-O que foi?
-ABAIXA! -berrou Mike, quase chorando. Joel riu abaixando o som.
-Você odeia a gente né? -perguntou Adam tirando as mãos do ouvido.
-Não. Na verdade, vocês me lembram muito de quando eu tinha 16 anos. Era engraçado. -e saiu rindo.
-Sádico...-resmungou Josh.
O telfone tocou algumas vezes, e logo em seguida Joel voltou até eles, rindo:
-Sim..claro...-esticou o braço para Josh. -É o Billy.
-Ai...-fez Josh pegando o telefone -Oi pai...não....é..acabou a bateria...é...eu sei...aham...aham...o Adam ta aqui também....aham...não...desculpa...não..não...não pai!....Tá bom...tá..tchau. -e desligou.
-E aí? -perguntou Mike.
-Ele vai comer meu rabo!.. -e entregou o telefone de volta para Joel.
-Que bosta...-resmungou Marsh.
-Porque você falou de mim? -perguntou Adam.
-Porque, segundo meu pai, o seu pai ta puto com você, e ta querendo saber onde você enfiou o carro. -disse Josh.
-Ai! -fez Adam lembrando que havia deixado o carro...

Kathy acordou com o cheiro de comida vindo da cozinha. Levantou-se, se espreguiçou e foi até a porta, de onde pode ver Brandon cozinhando:
-Não sabia que você cozinhava..-disse ela entrando.
-Quando se mora sozinho, a gente aprende. -disse virando-se para ela e sorrindo. -Dormiu bem?
-Dormi sim. Qual a programação pra hoje? -perguntou ela sentando-se à mesa.
-Você quer ir no cemitério, né? A gente pode almoçar, ir até lá, e depois damos uma volta por aí, e vamos pra casa do Matt, vai ter festa hoje. Que horas você embarca amanhã?
-Depois do almoço.
-Então tá...se você topar fazer isso...
-Topo sim! -respondeu ela sorrindo. -Faz tempo que eu não vou a uma festa de verdade.

Adam esperou até que Claire levasse o carro de seu pai até a casa dos gêmeos, e depois foi embora. Josh ficou pra almoço, e depois voltou pra casa dormir.

A lápide de onde Tony estava enterrado era simples. Seu nome, data de nascimento, e data de morte. Kathy estava ajoelhada na frente dela, olhando. Nem uma lágrima correndo de seus olhos, nem um sinal de emoção.
-Sente a falta dele? -perguntou seu primo.
-Bastante. Ele foi um bom pai. -respondeu ela pousando levemente uma rosa no túmulo.
-E o Benji? -perguntou ele ajoelhando-se ao seu lado.
-É um cara legal. Parece meu pai, em muitas coisas, mas em outras é bem diferente. E eu gosto de morar com ele. -respondeu ela sorrindo.
-Que bom que você está feliz. -disse ele pegando sua mão e sorrindo. Kathy o fitou. Não se parecia nada com Steve. Era mais parecido com Matt. O dia correu da melhor maneira possível. Brandon era um garoto legal de se estar junto, além de ser bonito. Passearam por Chicago, Kathy reviu alguns antigos amigos, Brandona levou para conhecer lugares novos, e por volta das dez da noite chegaram na casa de Steve, pai de Brandon. Haviam muitos carros parados do lado de fora, e lá dentro, a música alta era ensurdecedora. Garotos, homens, pessoas bêbadas por todos os cantos. Brandon pegou a mão de Kathy, a guiando pela sala, até um sofá, onde Matt e Steve se encontravam, junto com Jeremiah, Nick, e uma mulher que Kathy não conhecia.
-Kathryn! -exclamou Steve a abraçando. -Que saudades da minha sobrinha! -e afastando-a pelos ombros, a fitou e sorriu: -Nossa! Você está linda!
-Obrigada, tio! -sorriu ela.
-Hey! -exclamou Matt a puxando para o sofá. Kathy caiu sentada e ele a abraçou. -Você se esqueceu da Família! Washington é tão bom assim?
-Não Matt! Eu não esqueci...-riu ela. Depois do típico ritual de reencontro da família, ela e Brandon foram se divertir.
-Já tomou chop de vinho? -perguntou ele pegando um copo e entregando a ela.
-Não...-respondeu ela olhando o líquido no copo.
-Prova. -pediu ele. Kathy tomou um gole, pensou e sorriu.
-É bom! -disse ela.
-Que que você gostou! -disse ele pegando o barriu e saindo. -Vem, esse é só nosso! -Kathy riu o seguindo.
O relógio despertou por volta de10 da manhã. Kathy só ouviu o barulho de alguém o desligando, e sentiu a pessoa se mexendo na cama. Ajeitou-se melhor, preparando-se para dormir novamente. Mas... alguém estava na mesma cama que ela. Kathy abriu os olhos rápido, fitando o peito de um homem. Tinha piercing no mamilo esquerdo, e tatuagens nos braços. E ela não estava deitada em um travesseiro. Estava deitada no braço esquerdo dele. Ergueu um pouco os olhos, e viu os de Brandon fechados, dormindo angelicalmente. Não precisou erguer o lençol para confirmar sua suspeita pois, em um instante a noite anterior voltou à sua mente.
~flashback~
Voltaram pro apartamento de Brandon no meio da noite. Kathy não conseguia parar de rir, enquanto Brandon procurava um jeito de se manter de pé. Kathy sentou-se no sofá, o olhando enquanto ele caminhava, apoiado nos móveis e sentava ao seu lado.
-Oi Kathy! -disse ele rindo.
-Oi Brandon. -respondeu ela rindo também.
-Caramba, você é linda.
-Você também...! -riu ela- Você mudou bastante desde a última vez... -ele sorriu.
-Hey, Kathy, vem aqui. -pediu ele, fazendo sinal para que ela se aproximasse. Ela o fez, e, logo sentiu os lábios dele sobre os dela. Não hesitou em nenhum momento. Nem quando ele a levou, cambaleando, para o quarto, nem quando as mãos dele estavam por debaixo de sua blusa... em momento algum ela pediu que ele parasse.
~fim do flashback~

Kathy soltou um longo suspiro ao ver Brandon abrir os olhos e a fitar confuso.

Marshall estava esparramado no sofá, mudando os canais da TV, enquanto Mike estava deitado no chão, lendo uma revista. O ócio era presença certa na casa dos Madden. O telefone tocou até cair a ligação, nem Marsh e nem Mike se abalaram para atendê-lo. Até que o celular de Marshall começou a tocar. Marsh bufou e pegou:
-Alô?
-Marshall? É o tio, tudo bom? -disse Benji do outro lado da linha.
-Tudo sim.
-Marsh, tem como você me fazer um favor?
-Faço sim, tio, fala aí...

Kathy ainda estava pensando na conversa que teve com Brandon, que pediu mil desculpas. Que jurou nunca mais beber. E que, depois de tudo, disse que adorou. Era estranho como ela não se sentia arrependida. Ao mesmo tempo, ninguém poderia saber. Bem, algumas pessoas sim. Mas Benji não.
Chegou no aeroporto de Washington, e foi saindo com o carrinho. A multidão se desfez à sua frente, para que ela encontrasse o único garoto que conseguia fazer com que borboletas voassem dentro dela.
-Marsh?
-O Benji teve um compromisso, não pode vir. -respondeu ele sorrindo. Kathy sorriu de volta.
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