Ultimate Cap 2

Mar 17, 2005 17:38

-Benji??? Benji??? -chamou Kathy até que ele surgiu descendo as escadas.
-Já voltou? -espantou-se ele.
-Eu vim pegar um...treco que eu esqueci aqui. Hehe. -disse ela subindo as escadas. Benji caminhou calmamente até a sala, onde ouvia vozes, dando de ombros o comportamento estranho de Kathy. Adam estava sentado no sofá, ao lado de Chris, Marshall fazia malabarismo com alguns elefantinhos de porcelana, e Mike e Josh conversavam sobre os CDs da prateleira.
-Uh...olá..crianças, povo. -disse Benji. Marshall parou os malabarismo com os elefantinhos, quase quebrando um e olhou para Benji, sorrindo.
-Oi tio!
-Tio!!! -exclamou Mike levantando-se e indo abraçá-lo. Marshall recolocou os elefantinhos no lugar e fez o mesmo.
-Oi Benji...-disseram os outros, um por um...

Kathy abriu rápida a gaveta do criado mudo de Benji, observando o molho de chaves que procurava. Pegou-o, jogou-o dentro da mochila, fechou a gaveta e correu de volta para a sala. Sorriu para os outros que entenderam o sinal e levantaram-se rápido.
-Estamos indo, Benji. -disse Josh.
-Certo. -disse Benji seguindo-os até a porta.
-Tchau Benji! -gritou Kathy já na calçada.
-Tchau...e juízo! -exclamou vendo todos entraem na mini van de Joel e saírem. -Quero só ver onde eu vou ter que ir buscar vocês dessa vez.- e entrou.

A casa não era uma casa. Era uma mansão. Enorme. Ficava no alto de um morro num local afastado de toda a civilização de Washington. Era estranho saber que a cidade agitada ficava a algumas horas dali, e que, lá, na casa era tudo tão calmo e silencioso. A fachada da casa tinha um muro alto, coberto por folhagens e trepadeiras. Algumas verdinhas, outras secas. O portão preto era alto e grande. A guarita, onde deveria ficar um segurança, estava vazia e coberta por teias de aranha. Havia uma estradinha para a entrada do carro, e a porta da casa era de carvalho, alta e grossa, com maçanetas pesadas e caras.
Kathy empurrou a porta com força. Abrindo-a e dando de cara com um hall grande e mobiliado, com tudo coberto por lençóis brancos.
-Seu pai chegou a morar aqui? -perguntou Chris.
-Não, mas ele vinha direto pra cá. Ele falava muito em vir morar aqui. Eu acho que deve ter coisa dele por aí.Teve coisa que o tio Steve não achou lá em Chicago, e nem na casa da Califórnia. Deve estar aqui. Eu não sei nem se ele sabe da existência dessa casa.-disse Kathy entrando.
-Vocês não acham melhor a gente chamar alguém pra fazer uma limpeza antes da gente entrar? Pode ter ratos, e outros bichos nocivos...-disse Adam parado na porta, com cara de nojo.
-Cala a boca e vem...-disse Josh o puxando pra dentro pela gola da blusa.
-Tem piscina? -perguntou Mike.
-Tem sim. Lá nos fundos. Mas deve estar puro lodo, três anos...-respondeu Kathy.
-Ok, eu acho que eu concordo com o Adam, a gente precisa chamar alguém pra limpar isso.-disse Marshall olhando a quantidade de sujeira.
-Não seja por isso...nós temos o dia todo. -disse Kathy pegando o celular.
Uma equipe de 50 funcionários foi convocada para fazer uma limpeza rápida na casa. Durante três horas tiveram que ficar no carro esperando que a limpeza terminasse. Quando a casa estava limpa por dentro, puderam entrar, para que a limpeza fosse feita na parte de fora da casa.
-Senhorita? Achamos alguns pertences no quarto principal, está tudo em cima da cama, se quiser ir dar uma olhada e ver o que podemos jogar fora...-disse uma das moças da limpeza.
-Certo, eu vou olhar. -respondeu Kathy subindo as escadas de mármore branco da casa. Os outros estavam empolgados olhando as coisas na sala principal da casa. Ela andou pelo mesanino, tendo leves lembranças de quando era pequena, algo vago, tranzendo-lhe a lembrança de estar de mãos dadas com o pai, e ele leh mostrando a casa. Sacudiou a cabeça livrando-se das tais lembranças e caminhou pelo tapete vinho do carredor até a porta branca do quarto principal da casa. Abriu a porta e deparou-se com uma grande cama de casal, um closet, um criado mudo, e muitas caixas no chão. Aproximou-se vagarosamente, incerta se queria mesmo abrir aquelas caixas ou não. Decidiu que queria. Abriu a primeira, e deparou-se com CD’s, muitos CD’s velhos, fitas VHS, DVDs, e álbuns de fotos. Dezenas de álbuns. Pegou o primeiro e abriu cuidadosamente. Sorrius consigo mesma ao ver uma foto de Matt, seu primo em segundo grau e Tony, seu pai. Ambos sorriam abertamente, pareciam estar dentro de um ônibus. Virou a foto e confirmou, estava no ônibus de turnê do Mest, nesta foto Jeremiah também estava, segurava uma lata de ceveja.
-Kathy...-Marshall colocou a cabeça para dentro do quarto, uma hora mais ou menos depois que Kathy havia entrado no quarto. Ela estava sentada no chão, o rosto molhado por lágrimas, mas um sorriso enorme no rosto.
-Ele trouxe todas as fotos pra cá, Marsh, por isso que eu não achava elas em casa...estão todas aqui! -disse Kathy sorrindo. O chão coberto por fotos e álbuns. Marshall entrou e fechou a porta atrás de si.
-Nossa...quantas! -exclamou ele ajoelhando-se ao lado dela, e pegando um álbum.
-Esses eu ainda não vi...-disse ela apontando a pilha da qual ele havia retirado um álbum.
-É muita coisa...você não vai conseguir ver tudo hoje. -disse ele começando a virar as fotos do álbum.
-Eu tenho que levar essas fotos pro Benji. Eu vou acabar contando que eu vim aqui. Não tem jeito. Ele precisa ver isso...tem fotos das Warpeds, tem fotos de gente que já morreu...tem foto do Lars Fredericksen aqui! -dizia ela empolgada. Marshall riu.
-Eu aposto que o tio Benji vai amar essas fotos! Ele e o Tony estão na ma...-e parou abruptamente, empalidencendo.
-O que foi? -perguntou Kathy o olhando. Marshall olhava fixamente para o álbum em sua mão. Estava pálido e a boca estava aberta. -O...o que você viu, Marshall? -perguntou Kathy movendo-se para o lado dele olhando a foto. Era o que ela temia. Sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Era uma foto antiga. Benji ainda tinha o cabelo espetado, com uma mancha rosa do lado. Ele e Tony estavam se beijando. Tinham as mãos entrelaçadas, não deixando a menor dúvida sobre o que sentiam um pelo outro. Marshall virou a foto devagar, e, a próxima era uma foto das mãos dos dois, onde as alianças eram focalizadas. Na foto de baixo estavam abraçados, e Tony mesmo tirava a foto, com o braço esticado.
-Meu tio e seu pai...-começou Marshall. Kathy levantou-se e trancou a porta do quarto.
-Eu sabia que alguém ia acabar decobrindo. -murmurou Kathy. Marshall a olhou surpreso.
-Então tudo começa a se encaixar. É por isso que o Benji resolveu tomar conta de você, certo? E o anel que ele tem pendurado em uma corrente é a aliança dele, e o que tem no eu é a aliança do Tony! E você sabia o tempo todo! E foi por isso que os dois brigaram, certo? Porque o seu pai traiu ele coma sua mãe...certo? -disse Marshall com um olhar vitorioso. Kathy balançou afirmativamente a cabeça para tudo que ele disse.
-Certo, tudo certo. E meu pai morreu de Aids, não de insulficiência cardíaca. E seu tio é homossexual, por isso que ele nunca se casou. -disse Kathy sentando-se no chão.
-Quem sabe disso? -perguntou Marshall
-Seu pai, o Billy, o Chris e o Paul. Bom, a Hilary, a Linzi, a Lindsay, e a Claudia.
-Ou seja, os pais.
-Isso.
-Certo. Pode deixar que eu não vou contar pra ninguém. -disse Marshall com um sorriso.
-Mesmo? -perguntou Kathy.
-Mesmo.
-E, sobre o Benji...
-Eu não vou mudar com ele. Foi um choque saber, eu admito, mas nada que vá mudar alguma coisa, afinal, se seu pai estivesse vivo, é bem provável que os dois estivessem juntos. E todo mundo ia ter que engolir, gostando ou não. E eu não me importo que meu tio seja gay. -disse sorrindo. Kathy abriu um grande sorriso e o abraçou,
-Obrigada, Marsh.
-Que é isso...-respondeu ele carinhoso. Uma batida forte na porta e alguém tentou girar a maçaneta.
-Quem é? -perguntou Marshall.
-É a Chris. Marshall? A Kathy ta aí? -perguntou ela.
-Tô sim. -respondeu Kathy.
-Ah meu Deus! Vocês tão se comendo, é isso mesmo que eu to sacando?-perguntou Chris rindo. A porta abriu-se, revelando um Marshall muito vermelho e uma Kathy rindo muito.
-Não Chris, não...mas o que houve? -perguntou Kathy
-É que nós achamos um estúdio muiiiito legal lá em baixo! Só não tem a mesa de som, mas isso a gente arranja. -disse Chris empolgada. Kathy sorriu.
-Eu tenho a leve impressão de que vamos nos divertir muito nessa casa.

Pauline olhava fixamente o visor do celular.
-Isso é impossível. Eles estão fora da civilização. -exclamou.
Lara, a garota que estava no banco do motorista dirigindo, somente a olhou e riu.
-Eu não sei por que você se preocupa tanto com eles.
-Eles são a escória da Washington. Eles são punks rebeldes que vão acabar com a cidade. Se os nossos pais não são gente o bastante pra notar isso, eu vou ter que mostrar a força.-disse Pauline. O seu celular indicava em um mapa exatamente onde encontrava-se o da irmã, ou seja, onde a irmã estava.
-Eu nunca vi eles fazendo nada de errado, a não ser se divertirem demais.
-Você é muito inocente Lara. -Lara parou o carro em uma estrada e virou-se para Pauline.
-E aí? O que você pretende fazer com eles agora?
-Não sei. Eu tenho que descobrir o que eles estão fazendo de errado agora. Eles sempre estão fazendo alguma coisa errada. - e olhou novamente o visor do celular -Siga reto por essa estrada e vire na quarta à esquerda.
Lara ligou o carro novamente e saiu, seguindo exatamente as instruções que Pauline lhe deu.

Benji passou pela mesa da sala e viu que as correspondências haviam chegado. Pegou as cartas e foi passando uma a uma...cartas de banco, mala-diretas, cartas de fãs, e, uma carta diferente. O nome da remetente lhe chamou a atenção logo de cara.
-Sharon Karp...-murmurou ele abrindo a carta apressado, deixando as outras de lado.

-Aqui a gente coloca a minha bateria! -exclamou Mike gesticulando para um canto.
-Calma Mike...-riu-se Kathy. Adam olhava a fiação concentrado, enquanto Josh o observava com um leve sorriso.
-A fiação está perfeita. Nunca foi usada. -disse Adam.
-Se eu trouxer a mesa de som você acha que consegue ligar? -perguntou Josh.
-Claro, emoboy! -sorriu Adam levantando-se e o encarando, sorrindo.
Kathy saiu do pequeno estúdio e sentou-se em um canto:
-Esse lugar vai servir pra gente se divertir muito! -disse ela sorrindo. Foi quando seu celular tocou: -Alô?
-Kathy?
-Fala Benji....-respondeu ela um pouco receosa.
-Eu preciso que você venha pra casa agora.
-O que aconteceu? -perguntou Kathy levantando-se preocupada. Benji nunca atrapalhava sua diversão, e nunca, em hipótese alguma pedia para que ela voltasse pra casa. Alguma coisa grave havia acontecido.
-Vem pra casa que a gente conversa. Não, melhor, onde você está? Eu vou te buscar!
-Não. Eu...eu peço pro Marsh me levar.
-Tudo bem então! Vem rápido! -e desligou.

-Para! Lara, pode parar! -exclamou Paulie ao ver a mini van estacionada em frente à mansão. Lara esticou-se no banco olhando a mansão, encantada:
-Nossa! Quem mora aí?
-Não faço a menor idéia. Deve ser alguma traficante que passa drogas pra eles. -disse Paulie olhando e saindo do carro.
-Que maldade, vai ver é só algum amigo deles. -disse Lara saindo do carro e aproximando-se da casa.
-Amigo? Que tipo de amigo mora praticamente fora da cidade? Alguém que tenha que fugir da polícia...
-Mas pode ser que seja só porque...ele gosta de paz. Pode ser alguém que tenha paparazzi por todo lado.
-Meu pai tem paparazzi por todo lado e nunca arrastou a gente pro meio do mato.
-Que seja então, Paulie.
Pauline esgueirou-se pelo canto do muro, e colocou a cabeça no portão, olhando para dentro.
-Parece que ninguém vinha aqui há um bom tempo. -disse baixinho. Lara aproximou-se e olhou também.
-É uma casa muito bonita e de muito bom gosto.
-Realmente.
Da porta vinham saindo Mike, Adam, Josh, Marshall, Chris e Kathy. Kathy virou-se para Josh entregando-lhe a chave:
-Amanhã você faz uma cópia e me entrega essa. Eu tenho que colocar isso de volta na gaveta antes que o Benji dê falta dela.
-Pode deixar! Amanhã cedinho eu passo lá. -disse Josh.
-Eu volto buscar vocês! -disse Marshall com a chave do carro. Todos entraram e fecharam a porta enquanto Kathy seguia com Marshall para o portão da frente.
-Corre Lara! Pro carro! -disse Paulie baixinho. Ambas correram de volta para o carro e saíram cantando pneus.
Kathy ficou parada no portão observando o carro que havia acabado de sair.
-O que foi? -perguntou Marshall.
-Estranho...esse carro...bom, deixa pra lá! Vamos logo! -disse Kathy entrando na mini van junto com Marsh.

-Então é isso...essa casa deve ser algum resort do Benji. E a Kathryn roubou a chave da casa. Provavelmente pra que eles façam aquelas festas insanas deles com gente esquisita ouvindo punk rock alto até o dia clarear, bebendo, fumando, se drogando e fazendo coisas insanas...-resmungou Paulie.
-Parecem festas bem divertidas...-riu Lara.
-Não são! -disse Paulie rispidamente.
-Você já foi em alguma?
-E eu lá tenho idade pra ficar indo em festa de adolescente?
-Pauline, você só tem 18 anos!
-E você como uma boa moça de quase 17 deveria seguir meu exemplo e não se misturar com eles, Lara. -Lara soltou um suspiro longo.
-E alguma vez eu deixei de seguir seus passos, Paulie?
-Não. Porque você tem consciência do que é melhor pra você. -respondeu Paulie, sorrindo e colocando os óculos escuros de volta.

O silêncio tomava conta da volta pra casa. Marsh queria fazer uma série de perguntas, mas tinha certeza que Kathy não saberia responder. Ela estava apreensiva, e ficava mexendo nos dedos e roendo a unha, olhava pra fora e mexia no cabelo. Olhava o celular, começava a discar números e parava. Olhava Marsh, e depois olhava para a frente. E ele, sentia todos esses movimentos dela, sem tirar os olhos da estrada. Era como se já a conhecesse há muito tempo, sendo que a conhecia há apenas dois anos. Bom, já a havia visto muitas vezes, trocado “oi” e “tchau”, e o máximo que havia feito era ter comentado em um show “adoro essa música” e recebeu um “eu odeio” de volta. Mas, desde que seu tio a havia abrigado, eles se tornaram grandes amigos. Ela contava com ele pra tudo, e vice-versa. E no começo gostavam de dizer que eram primos, principalmente quando ela foi estudar na mesma escola que ele, Mike, e o resto. E todos acreditavam. E agora, quando já tinham 16 anos, ele não tinha mais certeza se o que sentia pela garota era o que sentia quando tinha 14 anos. Mike dizia que ele estava gostando dela de um jeito muito mais forte do que amigos. Mas ele costumava dizer que era amor de primos. Mas, será que era mesmo?
-Eu não sei o que está acontecendo, mas eu estou com medo. -disse ela baixinho, quebrando o silêncio pesado.
-Calma, não deve ser nada grave.
-E se...e se aconteceu alguma coisa com o Matt? Com o tio Steve ou o Brandon?
-Aí você pega um avião e vai visitar eles. Calma Kathy.
-Eu não vou suportar perder mais ninguém Marshall.
-Você não vai perder ninguém. Ok?
-Uhum...-murmurou ela baixinho. Estavam perto já. Faltava apenas um quarteirão. E logo não faltava mais nada. Estavam estacionados na frente da casa de Benji.
-Quer que eu entre com você? -perguntou Marshall.
-Não. Eu prefiro ir sozinha. -disse ela, abrindo a porta do carro, pegando a mochila, e, virando-se para ele. -Obrigada.
-Não há de que. -respondeu ele dando um meio sorriso. Ela sorriu e desceu, fechando a porta e correndo para dentro de casa. Marshall deu partida no carro e saiu. É, teria que tomar muito cuidado para não acabar se apaixonando pela “prima”.

Kathy entrou em casa cautelosamente, procurando por sinais de que algo muito ruim havia acontecido, e, encontrou apenas Benji, sentado no sofá da sala, o olhar perdido, segurando uma carta nas mãos. No chão, à sua frente havia um envelope despedaçado. Kathy aproximou-se, parando à frente dele, largando a mochila no chão.
-Ben-...
-Pega essa mochila e guarda no seu quarto. Não deixa largada no chão porque nós vamos receber visita. -disse ele secamente sem mover os olhos para ela. Kathy pegou a mochila e saiu correndo para seu quarto. No trajeto da sala até seu quarto teve tempo de pensar em quem seria a tal visita. Polícia? Não, não teria problemas com a polícia. Não foi ela que comprou as drogas, foi Josh. Mas não diria isso. Diria que compraram na festa de um cara que ela não faz idéia de quem seja. Depois que a polícia for embora ela pode contar a Benji a verdade. Mas, e se não for a polícia, quem seria? (e largou a mochila no chão do quarto) Talvez assistente social? Não, fazia anos quem não vinha assistente social, e se viesse? E se a Assistente Social ficou sabendo que ela havia sido presa por uso de drogas e resolveu tirar ela de Benji? Não, não faria isso. Se visse o estado da casa de seus parentes, não teria coragem de tirá-la de Benji. E se quisesse levá-la para um orfanato? Não é pra lá que vão os órfãos? Tria que ligar para Marshall bolando um plano de fuga antes mesmo de ir. Poderia se refugiar no sótão de Josh. Ninguém entra naquele muquifo mesmo....! E Adam poderia lhe dar aulas, ele é inteligente. E se fosse seu tio Steve? Benji estaria feliz se fosse qualquer um dos Lovato.
Finalmente chegou na sala. Benji continuava sentado, na mesma posição, do mesmo jeito. Era isso. Havia descoberto sobre a chave... (e observou Benji mais alguns segundos)...ou não.
-Tira essa droga de envelope do chão. Vamos ter visita. -disse bem humorada, e recebeu apenas um olhar de raiva. -Ok, pode deixar ele aí mesmo. Afinal, não se compara ao tamanho de uma mochila.
-Kathy, cala a boca, cinco minutos, ta? Minha cabeça ta doendo. -disse Benji sem elevar o tom de voz.
-Tá, mas me fala que visita é essa? -pediu Kathy. Benji a olhou demoradamente. Viu nos olhos dela curiosidade e medo. Abaixou-se, pegou o envelope, e segurou-o na mão.
-Você tem razão. Não é bom que esse envelope fique aqui. Jogue ele no lixo. -disse estendendo-lhe o envelope. Kathy pegou-o e caminhou vagarosamente até a cozinha, onde tinha o lixo mais próximo. Lá, virou o envelope e leu o remetente.

Benji pode ouvir o grito de descrença da garota que voltou atordoada, correndo para a sala com o envelope na mão.
-NÃO! BENJI VOCE TÁ TIRANDO UMA COM A MINHA CARA! ISSO NÃO É POSSÍVEL.
-Ela chega em dez minutos. -disse apenas.
-EU NÃO QUERO! EU NÃO QUERO SABER! EU NÃO VOU RECEBER VISITA NENHUMA! -gritava ela descontrolada.
-Acalme-se Kathy. Por favor. -disse ele sem se mexer ou elevar a voz. A menina respirou fundo, amassando o envelope na mão.
-Eu não quero, Benji. Não...não me obrigue, por favor! -disse ela, calma.
-Kathy, goste você ou não, ela está chegando. Eu também não me sinto confortável com isso, mas, Kathryn, ela é sua mãe.
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