(Untitled)

Aug 05, 2004 21:30


alguma vez te olhaste no espelho e compreendeste o quão vão e vago podes ser?
algumas vez te observaste nas mais ténues fracturas da pintura que te cobre a alma e que a maioria dos outros não vê?
poucos terão acesso a esses riscos microscópicos, porque há facetas que insistentemente guardas para ti próprio.

e quando essas falhas de cal estalada ( Read more... )

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Comments 18

icorceiro August 5 2004, 21:42:33 UTC
A propósito deste post fui procurar uma passagem dum dos melhores livros que já li. Depois de n tempo encontrei:

“A respiração tornara-se um truque, como respirar. As coisas não eram apenas duplas: eram múltiplas. Transformara-me numa gaiola de espelhos que reflectia a vacuidade. Mas uma vez solidamente, pressuposta a vacuidade, encontrava-me no meu ambiente, e o que se chama criação era meramente uma questão de encher buracos. O carrinho eléctrico levava-me convenientemente de lugar em lugar e eu lançava em cada bolsinha lateral de grande vácuo uma tonelada de poemas para apagar a ideia da aniquilação. Tinha sempre diante de mim paisagens ilimitadas. Comecei a viver na paisagem, como um pontinho microscópico na lente de um telescópio gigante”

Henry Miller em “Trópico de Capricórnio”
Nota: esta passagem é sobre a sua efémera actividade como vendedor ambulante de livros em Hong Kong.

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grao_de_po August 5 2004, 22:22:35 UTC
:) obrigada

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icorceiro August 6 2004, 12:58:06 UTC
Contemplo normalmente estas coincidências, e por isso vou-te dizer. Ontem pus-me a reler o livro (agradeço-te o impulso) e reparei nesta passagem:

“A morte assemelhava-se mais ao que se passara no parque: duas pessoas caminhando lado a lado no nevoeiro, roçando por árvores e arbustos não trocando uma palavra. Era algo mais vazio do que o próprio nome de morte e, contudo, certo e sereno - digno, se quiserem. Não era uma continuação da vida e, sim, um salto no escuro sem nenhuma possibilidade de regressar, nunca, nem sequer como um grão de pó”

Um grão de pó é assim, segundo Henry Miller, uma quase última possibilidade de regresso, muito mais que um estado de relativa pequenez...

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grao_de_po August 6 2004, 14:57:23 UTC
(vou colocar esse título na lista dos livros a ler :) )

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oraculo August 6 2004, 03:11:21 UTC
Tem calma! As coisas não são assim. Primeiro julgo que devias aprender a lidar com as tuas imperfeições e perdoar-te por a ti propria. Só depois de fazeres isso, saber aceitares-te como és, poderas gostar de ti e gostar dos outros tb. Não subscrevo que sejamos intrinsecamente maus, antes pelo contrario, acredito que sejamos intrinsecamente bons e são as circunstancias da nossa vida e algumas fraquezas que nos levam a falhar, mas a base é boa. Só o facto da tua preocupação pelas tuas acções mostra que tens uma matriz boa. Deixa o tempo sarar alguma ferida que está aberta e vais ver q vês as coisas doutra forma. Beijos

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grao_de_po August 6 2004, 15:01:26 UTC
não estava necessariamente a falar de mim, mas obrigada pela análise. será mais fácil compreendê-la, no verdadeiro sentido da palavra, observando-a com a objectividade inerente ao lado de fora.
quanto à ideia de que o ser humano é intrinsecamente mau, é uma teoria que me acompanha desde há algum tempo. e acredita que muitas vezes tendo a olhá-la de soslaio, mas o certo é que, tarde ou cedo, a ela retorno.

:)

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_mandragora_ August 7 2004, 12:12:22 UTC
É bom saber que não somos só nós que nos sentimos assim. Por mais egoísta que isto possa ser, ora aí está mais um dos nossos grandes defeitos.
A propósito disso, lê o meu post do dis 20 de fevereiro... and no longer you'll be alone. lol
bjs

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grao_de_po August 7 2004, 21:37:19 UTC
o mais curioso, é que nunca estamos sozinhos nestas coisas, apenas perdidos.
:)

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