Título: Dias assim
Couple: JunSeung (Super Ninja e implícito)
Nota: Eu tava com vontade de escrever e saiu isso haha não me julguem, eu não sei escrever um bom smut e nem sou boa no inglês ;A; Bom é isso, espero que apreciem assim como eu apreciei em escrever.
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É em dias como esse que Hyunseung se deixa apenas levar. Organicamente automatizado, seu corpo responde aos estímulos de uma maneira mais lenta que o normal, porém, como é de costume de todas as segundas-feiras sejam assim: seu corpo responde de maneira automática. Ele entra no vagão e senta-se no banco ao lado da janela.
Automático. Simples assim.
Aquele era o banco dele. Não que o nome dele estivesse cravado no assento ou algo desse gênero, até mesmo porque é difícil você pegar o mesmo trem todos os dias. Mas é porque ele gostava de sentar naquele em específico. Localizado na parte mais longínqua do trem, no último vagão, do lado da janela.
A razão era simples, de lá dava pra ter uma ampla visualização do trem, mas isso era quando ele não estava lotado. Hyunseung gostava de observar as expressões das pessoas ou apenas tentar ler os seus pensamentos. Se ele tivesse de escolher um poder, esse seria a sua primeira opção. Só para poder descobrir uma coisa, não para vasculhar as suas vidas, mas sim a questão que mais lhe atormentava no momento em que ele entrava no trem, era o porquê de quando pessoas ‘saudáveis’ sentavam no banco azul do vagão, algumas fechavam os olhos. Estariam elas mesmo dormindo? Ou apenas fingindo para não dar a possibilidade dos idosos, gestantes e pessoas com deficiência sentarem? Isso lhe atormentava.
A sua segunda opção de poder seria ter as respostas para todas as perguntas, ou apenas uma máquina que no momento em que a pergunta estivesse sendo formulada em seu pensamento, a respondesse imediatamente. Assim ele não teria de passar noites mal dormidas pensando no porquê a água é água, ou o azul é azul e não o nome de outra cor, e isso como conseqüência traria a mais perguntas como quem tinha o direito de determinar o nome das cores e assim em diante.
Hyunseung suspira quando a porta abre e anuncia que ainda restam 7 estações para a sua partida. E é assim, em tempos como esse que ele desejaria morar perto do trabalho só para poder passar mais um tempo debaixo dos lençóis, ou para pelo menos se acostumar com os raios de sol que teimavam em transpassar as cortinas de seu quarto. Desse jeito ele não teria de levantar apressado trombando em todos os móveis que estivessem em seu caminho no trajeto para o banheiro e nem amaldiçoar cada batida no joelho e um possível hematoma que podia vir a aparecer depois.
Mas é também em tempos como esse que ele vai perceber que os rastros dos hematomas deixados em seu corpo, aquelas cicatrizes de infância, sempre deixam uma história a contar. Como daquela vez em que ele caiu da balança do parquinho próximo à sua casa, pois o seu amigo o empurrara com uma força além do normal.
- Doojoon!!!
- Desculpa Hyunseung..... eu vou assoprar pra passar a dor.
Doojoon iria assoprar o joelho frágil de Seung, com os olhos mais sentidos e marejados, fazendo o mais novo sorrir e responder que não havia sido nada e que iria sarar antes mesmo que ele soubesse. Porque nessa época crianças acham que são invencíveis. Bom, pelo menos era o que Hyunseung achava. A outra cicatriz, localizada acima da sua sobrancelha foi feita quando em sua volta pra casa, depois de ter comprado a revista da modelo dos seus sonhos de adolescente. Se folheasse machucasse tanto ele não teria nem se atrevido a dar uma olhada. Mas quando o fez... TUM! Bateu com a testa em um poste de concreto no meio da rua.
Talvez essas cicatrizes mostram agora o quanto ele viveu, e na segunda hipótese... bom, ele descobriu que o amor dói literalmente.
E é em dias como esse que por algumas circunstâncias ele vai se lembrar de seu primeiro amor, ou melhor, uma paixão de escola. A menina era a mais popular de sua sala e todos os meninos a chamavam para sair, a definição que cabia agora é: crianças brincando de ser gente grande. Mas Hyunseung estava preocupado em ser o aluno 4D da sala e isso mancharia a sua reputação se ela não houvesse escolhido ninguém a não ser ele. O garoto Jang Hyunseung. E o porquê dela ter escolhido aquele garoto no qual todos achavam estranho, que fazia muitas perguntas, por diversas vezes deixando os professores encabulados.......nunca foi descoberta. Talvez esse fosse o seu encanto. Nunca se sabe onde será o alvo de alguém que tem muitas flechas a acertar. E esse romance teve duração de uma primavera, as flores brocharam e morreram para Hyunseung dando passagem para o impossível calor de veraneio.
Seu segundo amor veio somente no oitavo ano do colégio, quando este tinha a fama de ser o garoto mais rebelde da escola. Hyunseung teve uma fase rebelde em sua vida, pelo menos era o que ele achava que todo adolescente deveria ter. Não que ele chegou a raspar sua cabeça para parecer um skinhead, ou se cobriu de acessórios que punks utilizavam. Seu rosto apenas mostrava alguns piercings, seu cabelo estava completamente descolorido e um pouco arrepiado. Foi quando em um “trombo”. Sim, literalmente um trombo e eles se conheceram. Ela era a aluna correta e ele era o garoto rebelde. Parece até aquelas novelas clichês, ou até mesmo aquele enredo de novela no qual a mocinha está destinada a se apaixonar pelo menino mau.
Ele tirou todos os piercings de seu rosto, não porque ela pediu, mas porque eles perderam completamente a graça. Seu cabelo voltou à sua cor normal, novamente, não porque ela pediu, mas porque ele queria que assim fosse. Ele aprendeu a malear mais as coisas, ele aprendeu o que era amor. No entanto, o que parecia ser um drama com um final feliz, logo pareceu ser aqueles filmes baratos nos quais o amor acaba sem dar explicações, a menina o abandona, aquele que ela dizia ser o seu futuro......porque ela se apaixona por outro cara. E o garoto chora.
Chora.
Chora.
Chora.
E o menino assim vai perceber que ele preferia ter milhões daquelas cicatrizes, daquela que ele tem até hoje acima de sua sobrancelha, do que essa dor que vinha pra machucar lá dentro do seu peito. E isso sim, seria a sua realização de que o amor dói. Ele machuca tanto que se pudesse escolher, escolheria não sofrer de novo esse momento pós-separação. Escolheria tomar medidas extremas de nunca se apaixonar. Escolheria não ter aberto o seu coração para ninguém. Escolheria continuar vivendo em seu mundo 4D e de lá nunca mais sair.
Entretanto, nem tudo são estrelas, bolos, arco-íris, felicidades e unicórnios. Assim como a notícia de famosos que estão namorando pegam seus fãs totalmente de surpresa, o amor veio de novo para Hyunseung.
- De novo não.
- Isso não pode estar acontecendo comigo.
- Por favor, não.
Essas eram as palavras que mais ressoavam em sua cabeça. E antes as perguntas que vinham a lhe atormentar na hora de dormir do que essas palavras e o nome de certo alguém. Seung preferia deixar os olhos abertos para não ter de fechá-los e encontrar aquela pessoa atrás de suas pálpebras. Porque ela estava ali, se não em seu pensamento, ela estava ali fixada que nem uma tatuagem. Uma tatuagem perfeita, pois nenhuma sensação de dor fora sentida em seu processo de acabamento, porque ela veio sem ao menos falar que ali ia permanecer. Ela apareceu ali. E ali ficou.
Um suspiro. Um longo suspiro.
O sinal toca.
É a sua estação.