N/A: 1. nessa história, Jared está com 23 anos e Jensen com 27.
2. alguns “detalhes” da vida dos dois foram trocados: i. o irmão de Jensen, Josh Ackles, em Tempo de Amar, não é mais velho, como na “vida real” e sim mais novo do que ele; ii. Megan Padalecki, irmã mais nova de Jared, aqui virou sobrinha dele.
3. qualquer semelhança com o filme Shelter não é mera coincidência. Eu me inspirei nele para escrever essa fic.
4. haverá participação especial de dois personagens de Supernatural, e não são Dean e Sam. =)
-J2-
Capítulo 1: Todo fim é um novo começo.
“Você disse que precisava me ver, estou aqui.” Disse Jared quando Sandy entrou na sala, deixando as chaves em cima da mesa e jogando a bolsa no sofá no qual o homem estava sentado, esperando por ela.
Ele levantou se aproximando da moça com o intuito de beijar-lhe os lábios, mas ela virou o rosto oferecendo apenas a face ao namorado.
“Você devia ter me avisado que me esperaria aqui, eu não teria demorado tanto, me desculpe.” Ela disse, afastando-se dele lentamente e entrando no quarto.
“Não se preocupe, eu não esperei tanto assim” Ele respondeu, notando o desconforto da namorada. A conversa seria longa, sem dúvida. Voltou a sentar-se, quando ela falou de dentro do quarto, colocando apenas a cabeça para fora, já de toalha:
“Você tem razão, eu disse que precisávamos conversar, e nós precisamos. Mas eu também preciso de um banho, ok. Você me espera?”
“Claro, não se preocupe, eu não tenho pressa.” Ele respondeu sorrindo gentilmente para ela, que acenou com a cabeça antes de desaparecer dentro do banheiro.
-J2-
Realmente precisavam conversar. Mal tinham feito isso nos últimos dias. Aliás, se fosse sincero consigo, diria que há meses não se falavam direito. Não como antes, pelo menos, quando eram muito mais que namorados, eram companheiros que confiavam e apreciavam a companhia um do outro. Não que agora não quisesse mais a companhia da namorada, mas era inegável que o relacionamento dos dois estava desgastado e não conseguia não se culpar por isso. Ele havia se afastado, inconscientemente, mas sim, ele estava a um bom tempo se afastando de Sandy.
Não pôde deixar de sorrir ao tentar lembrar do começo do namoro dos dois. Será que houve um começo? Conheciam-se desde pequenos, cresceram juntos, o namoro veio naturalmente. Não que não fosse bom, de forma nenhuma. Era completamente apaixonado por aquela garota espevitada, divertida e inteligente, de sorriso largo e olhinhos apertados durante a adolescência. Lembrava-se muito bem de todos os comentários debochados do irmão acerca do namoro dos dois. Jeff vivia dizendo que eles eram o casal mais desengonçado que ele já vira: um garoto de quase 1,90 m, com braços longos e mãos enormes namorando uma garota tão delicada e pequenina. Eram chamados carinhosamente de “casal aberração” pelo irmão mais velho de Jared.
É claro que depois de seis anos de relacionamento, e apesar de Jared ter chegado a 1,93 m, os comentários cessaram. Ninguém mais duvidava do namoro dos dois. Até já cobravam o “próximo passo”, sempre adiado por eles.
Mas agora precisava centrar-se no presente. As coisas não eram mais como antes. Era difícil admitir, mas já não se sentia perdidamente apaixonado por Sandy, e sentia-se péssimo por isso. Afinal, o que mais ele poderia querer? Tinha uma garota que faria qualquer homem cair aos seus pés, não só pela beleza física, embora fosse realmente muito bonita, mas pelo seu caráter, personalidade... Deveria ser algum problema com ele, pensava Jared. Mas mesmo percebendo e admitindo isso, não tinha coragem de encarar a namorada, abrir o jogo, falar a verdade. Não queria magoá-la, esperava que as coisas voltassem a ser como antes e estava confortável demais nesse relacionamento para jogar tudo pro alto, assim, de repente.
Quando já ia se perdendo em seus pensamentos, ouviu a porta do banheiro batendo. Havia chegado a hora, iriam por tudo em pratos limpos. Não sabia o que esperar daquela conversa, mas não teria mais como fugir.
-J2-
Sandy saiu do quarto com uma toalha pequena nas mãos, secando os cabelos molhados, vestindo shorts e camiseta. Parou de frente para Jared com uma expressão bastante tranquila.
“Você está com fome? Podemos pedir alguma coisa.” Ela o encarou franzindo as sobrancelhas.
“Não, eu estou bem. E você?” Ele ajeitou-se no sofá.
“Também não estou com fome, estava com os meninos da faculdade numa lanchonete antes de vir para cá.”
A morena sentou-se numa poltrona, de frente para Jered, cruzando as pernas em cima da mesma. Ficaram em silêncio por alguns instantes, cortado pelo risinho baixo da mulher.
“É estranho, não é?” Ela indagou o rapaz, sorrindo.
“O que é estranho?” Ele também sorriu, mesmo sem entender.
“O silêncio. Nós nunca ficávamos em silêncio juntos antes, era quase impossível.” Ela explicou com uma expressão divertida na face.
“Claro, era impossível ficar sério, quanto mais calado com você. Bem, ficar calado era até bem fácil, já que você geralmente é quem domina a conversa.” A expressão do jovem também era divertida agora.
Encararam-se calados mais uma vez, até que Sandy, agora séria, disse:
“Você sabe sobre o que eu quero falar, não sabe?”
“Acho que sim, não dá mais pra negar, não é?” Ele encarava o chão.
“Não, Jay, não tem mais como negar. Nós mudamos, meu bem, nosso relacionamento não é mais o mesmo. Eu já venho notando isso há bastante tempo, mas a situação está insustentável agora.”
“Sandy...” Jared levantou os olhos para encará-la e começar a falar, mas a garota o interrompeu.
“Olha, Jay, você se afastou de mim. Não precisa se defender, mas você está distante, não tem como negar isso. O problema é que, no início, eu fiquei preocupada, mil coisas passaram na minha cabeça, eu comecei a achar que você tinha outra pessoa...”
“Não, Sandy, eu nunca...” Ele disse quase atropelando as palavras, não podia deixar que sua namorada pensasse isso dele.
“Eu sei, Jay, bobagem minha, não se preocupe. Eu te conheço, ok. Você não é um canalha. Mas o problema...” Ela parecia procurar as palavras. “O problema é que eu deixei. Eu deixei você se afastar de mim. Quer dizer, quando eu notei o que estava acontecendo, eu não fiz nada pra mudar, eu simplesmente te deixei escapar pelos meus dedos, você entende?”
“Olha, Sandy, você não tem culpa do que está acontecendo.”
“Eu sei, querido, nem você. Jay, eu acho que a gente precisa de um tempo.”
Ele encarou a garota nos olhos, a surpresa era evidente na expressão do moreno. Depois de uns instantes, ele voltou a olhar para o chão.
“Sim, você tem razão. Nós precisamos mesmo de um tempo. Nossa relação já não anda bem há meses.” Ele levantou os olhos e a encarou, para ver qual a expressão da moça.
Ela sorriu gentilmente depois de um tempo, aproximou-se e segurou as mãos de Jared entre as suas.
“Olha, não me entenda mal, eu não te culpo, eu acho que nós dois erramos. Nós percebemos o que estava acontecendo e simplesmente nos acomodamos porque esse namoro era cômodo pra nós dois. Jay, eu te amo, isso nunca vai mudar, mas eu não posso mais continuar fingindo. Nem você. Já é tempo de nós descobrirmos o que queremos para nós de verdade.”
Jared só conseguiu encarar aquela mulher a sua frente com surpresa. Sandy sempre fora muito mais madura que ele, mas agora ela estava se mostrando uma mulher de verdade, e ele só podia se sentir agradecido.
-J2-
“Você tem certeza, Jen?” perguntou Eric Kripke, “patrão” e amigo de Jensen.
“Sim, Eric, eu não posso mais viver aqui, nessa casa, nessa cidade. Não dá mais, eu preciso de um tempo.” Ele respondeu, enquanto olhava para o apartamento já sem mobília, vazio, como sua vida tinha sido nos últimos meses.
“Bem, então vamos, vou te deixar no aeroporto, você não quer perder o vôo, quer?”
Os dois homens saíram pela porta, Jensen olhou tudo mais uma vez e trancou o apartamento, desejando intimamente nunca mais estar ali novamente.
-J2-
Jared caminhou a pé até sua casa. Precisava espairecer, a conversa com Sandy o havia deixado confuso. Embora tivessem resolvido tudo civilizadamente e como bons amigos que ainda eram, não se joga seis anos de história juntos pra escanteio assim tão fácil. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se leve, como há muito tempo não sentia. Sandy tinha razão, não podiam continuar fingindo. Era tempo de trilhar um caminho diferente em sua vida.
Quando se aproximava de casa, notou as luzes acesas, será que estava tudo bem? Com o seu irmão, ultimamente, ele só conseguia pensar no pior.
Abriu a porta e deu de cara com Megan sentada na beira da escada, abraçada às pernas, encarando-o como se o esperasse.
Megan era sua sobrinha, tinha 7 anos, era filha de seu irmão mais velho, Jeff. A mãe da garota foi embora quando ela tinha 1 ano e 5 meses, dizendo que não aguentava mais a vida que estava levando ao lado de Jeff. Jared até compreendia seus motivos, viver com seu irmão não era fácil, mas isso não justificava o fato de depois disso ele nunca mais ter ligado para a filha. Afinal de contas, que culpa aquele anjinho tinha de ter um pai alcoólatra, que tornava a vida de quem estivesse perto dele um inferno?
A menina levantou-se e correu ao encontro do tio, abraçando-se a ele com força.
“Megan, por que você ainda está acordada? Onde está o seu pai, ele já chegou?”
“Não, Jay, o papai não veio pra casa ainda, eu queria que você chegasse pra me levar pra cama.”
O homem pegou a garota nos braços, dando-lhe um beijo na bochecha.
“Desculpa, meu amor, por ter demorado. Onde está a Sra. Smith?”
A menina balançou a cabeça indicando a sala. Jared caminhou até a poltrona de frente para a TV onde a Sra. Smith, sua vizinha extremamente gentil que ficava com Megan sempre que havia necessidade dormia profundamente. A mulher pegara no sono enquanto esperava por Jeff ou Jared para poder ir para casa, já que não poderia deixar a pequena Megan sozinha.
Jared pôs a sobrinha no chão e balançou o ombro da mulher levemente.
“Sra. Smith?”
A mulher se mexeu assustada, encarando Jared por alguns segundos antes de reconhecê-lo de fato.
“Ah, Jared, é você? Me desculpe, eu acabei dormindo, seu irmão não chegou e eu não podia deixar a Megan aqui.” A mulher negra de meia idade com olhos grandes e expressivos disse, já se levantando.
“Imagina, Sra. Smith, eu é quem tenho de pedir desculpas, a senhora já deveria estar em casa bem confortável na sua cama. Perdão pela demora, eu achei que o meu irmão já tivesse chegado do trabalho.”
“Não se preocupe, meu filho, você...” A mulher parou de falar de repente, claramente surpresa com algo que Jared havia dito. Ela olhou para ele e em seguida para Megan, abaixando-se um pouco para falar com a garota.
“Meu bem, por que você não espera seu tio lá em cima, que depois ele vai te botar na cama, ein?
A menina pensou em relutar, mas diante do olhar do tio apenas virou-se e subiu as escadas.
“Jared, você não sabe?” A Sra. Smith perguntou ao rapaz em pé na sua frente.
“Não sei o que?” Ele estava claramente confuso.
“Seu irmão não está mais trabalhando, ele foi demitido há duas semanas. Meu filho, Damien, me disse domingo, quando veio me visitar. Eu achei que o Jeff havia te contado.” A mulher encarava Jared com apreensão, notando que a confusão rapidamente se transformava em raiva, o garoto já estava ficando vermelho.
“Como ele pode ser tão irresponsável, meu Deus, ficar perdendo trabalho assim, quando tem uma filha pequena pra criar. Esse é o terceiro emprego que o Jeff joga fora esse ano, como é que ele acha que vai conseguir pagar as contas, afinal?” O rapaz ia aumentando o tom de voz ao mesmo tempo em que andava em círculos pela sala. A Sra. Smith agora estava nervosa, talvez não tivesse sido o melhor momento para contar aquilo. Mas o mal já estava feito.
“Olha, meu rapaz, você precisa se acalmar, a Megan pode ouvir. Eu sinto muito por ter dito isso assim, do nada, mas agora você precisa ficar calmo.”
“Não tem como ficar calmo quando se trata do Jeff, ele só vive me ferrando mesmo.”
A mulher o olha com uma cara de desaprovação.
“Me desculpe, Sra. Smith, perdão pelo palavreado, mas eu já estou cansado das mancadas do Jeff.” Disse o rapaz, sentando-se no sofá e afundando o rosto entre as mãos, bagunçando os cabelos.
“Jared, seu irmão é um bom homem, eu o conheço, o vi crescer, assim como você. Mas ele se perdeu de uns tempos pra cá. O Jeff está doente, você sabe disso. Eu acho que já é hora de vocês procurarem ajuda, meu filho, antes que algo pior aconteça. Pense na sua sobrinha, ela não merece esse sofrimento.”
“Eu sei, a Megan é quem mais sofre nessa história toda, ela acha que o pai não liga pra ela, que ele não a ama.”
“Bem, eu tenho certeza que o seu irmão ama a filha, mas no momento, ele precisa voltar a amar a si próprio antes de qualquer coisa.”
A mulher afagou os cabelos do jovem com carinho. Tinha visto aqueles irmãos crescerem, como dissera. Jeff era o melhor amigo de seu filho, Damien quando os dois eram mais jovens. Ela pôde acompanhar passo a passo a decadência do Padalecki mais velho, desde a morte dos pais, quando Jeff era apenas um adolescente e Jared uma criança, e foi forçado a amadurecer precocemente e cuidar do irmão. O casamento também havia sido bastante conturbado e quando os problemas de Jeff com a bebida ficaram mais sérios, Amber, sua esposa, o abandonara com uma filha pequena para cuidar. Foi a vez de Jared arcar com as conseqüências, ele quem cuidava de Megan desde então, como se fosse pai dela. Parte por gratidão pelo irmão, parte pelo homem de caráter que era.
-J2-
Depois de se despedir e mais uma vez agradecer a Sra. Smith, Jared subiu as escadas para ver como Megan estava. Foi ao quarto da sobrinha e não a encontrou, mas também não estranhou, sabia onde ela estava. Foi até o próprio quarto e encontrou a menina adormecida na sua cama. Megan tinha mania de procurar pelo tio na cama dele, e na maioria das vezes conseguia dormir ao lado de Jared, que a levava de volta a sua cama logo que achava ser seguro. Ele se aproximou e tirou uma mexa de cabelo loiro caído na testa da menina, repousando um beijo ali. Pegou-a com delicadeza e a levou para sua cama, sem deixar que ela acordasse.
Ao voltar para o seu quarto, sentou-se na cama e suspirou. Tinha problemas. Havia perdido a namorada, enfrentava uma luta tremenda para trabalhar e fazer faculdade ao mesmo tempo, e ainda tinha o irmão, seu irmão mais velho, que o havia criado como se fosse seu pai, e que agora estava na pior por causa da bebida e Jared não via como ajudá-lo, pois já tinha tentado de tudo para convencer o irmão de que ele estava acabando com a própria vida, mas Jeff continuava bebendo, saindo dos empregos e se autodestruindo. Jared sentia-se impotente e pior, sentia-se culpado.
-J2-
Alguns dias atrás, nesse momento, ele estaria ligando para Josh Ackles, seu melhor amigo. Eles se conheciam desde criança, os pais de Josh eram amigos dos de Jared, e deram todo o apoio aos irmãos Padalecki quando seus pais morreram num acidente de carro. Jared tinha 11 anos. Jeff tinha 20, estava na faculdade, ainda não trabalhava, mas teve de mudar completamente sua vida depois disso. Abandonou os estudos e arrumou um emprego para sustentar a si e ao irmão. As coisas pareciam ter melhorado quando conheceu Amber, mas logo ela engravidou, eles casaram, mas o relacionamento não deu certo. Ela o abandonou depois do nascimento da filha, Megan. Daí em diante Jeff se entregou de vez à bebida. Eram raros os momentos em que estava sóbrio. Jared assumiu a responsabilidade sobre a sobrinha, cuidando dela assim como Jeff cuidara dele, amava a menina como se ela fosse sua filha, e Megan o tinha como pai.
Josh com certeza ajudaria o amigo nessa hora. O rapaz sabia realmente como distrair alguém, eles sairiam, beberiam cerveja, se divertiriam a noite inteira, mas Jared provavelmente voltaria para casa sozinho, porque Josh nunca acabava uma noitada dessas de “mãos abanando”. Sempre conhecia alguma garota e acabava a noite com ela. Jared nunca fez esse tipo. É claro, ele namorava sério há bastante tempo, mas não era de sua natureza “galinhar” por ai.
Infelizmente, para Jered, Josh estava viajando. Entrara num programa de intercambio para a Holanda, que ele dizia ser uma forma de enriquecer seus estudos e conhecer outras culturas, mas Jered sabia muito bem o que isso queria dizer na verdade: enriquecer sua vida sexual e conhecer as famosas vitrines humanas de Amsterdã.
O amigo só voltaria daqui a três meses, o que significa que Jared passaria esse tempo mais sozinho do que de costume. Fora a família, Sandy, sua agora ex-namorada e Josh, Jared não tinha muitos outros amigos. O trabalho na oficina de Bobby e suas responsabilidades em casa o impediam de interagir mais com seus colegas de faculdade, embora ele mantivesse boas relações com a maioria deles. Às vezes saiam juntos, mas isso não chegava a ser um hábito.
Contentou-se em tomar um longo banho e deitar-se, não valia à pena esperar pelo irmão acordado, mas amanhã eles teriam uma boa conversa.
-J2-
Jared não tinha visto a hora em que Jeff chegara em casa, mas quando acordou de manhã, o irmão dormia profundamente em seu quarto. Ele não tinha tempo para esperar que o mais velho acordasse e estivesse em condições de ter uma conversa racional, tinha que preparar Megan para a escola e ir trabalhar. Mas a noite eles teriam aquela boa conversa. Ele andava conversando muito ultimamente, pensou.
O dia passou normalmente para Jared, os mesmos problemas de sempre na oficina, os mesmos gritos de sempre de Bobby para que ele fizesse seu trabalho direito. O seu chefe, Bobby Singer, era um bom homem, meio nervoso, mas com um coração enorme. Ele contratou Jared por meio período com salário integral, só para que o garoto não tivesse que se sacrificar tanto com o trabalho e os estudos, tudo para que o rapaz não tivesse o mesmo destino do irmão. Bobby era amigo dos pais de Jared e acompanhou de perto a vida conturbada dos irmãos Padalecki. Tentou ajudar Jeff quando aconteceu a tragédia, deu emprego ao rapaz, mas também não conseguiu impedi-lo de se afundar no álcool.
Durante a tarde, quando não estava fazendo algo ligado a faculdade, Jared provavelmente poderia ser encontrado na casa dos Ackles. Eles tinham uma bela casa, com uma bela quadra de basquete nos fundos, o que era suficiente para entreter Jared e Josh a tarde inteira.
A casa dos Ackles estava vazia agora. Fazia um mês que Josh já estava vivendo sozinho lá, com a decisão dos pais de fazer uma longa viagem pela Europa sem tempo determinado para a volta, numa espécie de segunda ou terceira lua-de-mel estendida. Excentricidades de pessoas que não tem problema com dinheiro, pensava Jared. Donna e Roger Ackles tinham uma empresa de advocacia bastante respeitada, mas resolveram que já era tempo de deixarem suas carreiras de lado e cuidarem de seu casamento e de sua família, que poderia parecer perfeita a primeira vista, mas estava longe disso.
Os Ackles sabiam que tinham sido pais relapsos, sempre tão preocupados com o trabalho que acabaram relegando as atenções aos seus filhos aos empregados. Sim, filhos, Josh não era filho único, era o caçula, na verdade. O mais velho era Jensen Ackles, jovem de quem Jared se lembrava bem. Jensen não era o irmão mais velho chato que às vezes se vê por ai, muito pelo contrario, ele sempre estava com o irmão e com os amigos dele, se divertindo, jogando basquete. Até que o jovem teve uma discussão séria com os pais, algo de que não se comentava naquela casa, ainda mais na frente dele. Jensen saiu de casa logo que fez 18 anos, e eram poucas as noticias que Jared tinha dele, sabia apenas que ele vivia na Califórnia agora, nada mais.
Jared tinha aquela tarde livre, Megan passava o dia inteiro na escola, ela então ficava com a Sra. Smith até que Jeff chegasse do trabalho, já que Jared estudava a noite. Ele voltou para casa, preparou alguma coisa para almoçar, tomou um longo banho e decidiu que precisava relaxar. A quadra de basquete dos Ackles pareceu a melhor opção no momento. Josh havia deixado as chaves com ele, afinal, eram quase como irmãos mesmo.
Jared foi caminhando até a casa dos Ackles, era uma distancia curta e ele gostava de caminhar.
Chegou a casa, estranhamente vazia e silenciosa sem a presença de Josh, entrou, passou pela ampla e iluminada sala e caminhou até os fundos, passando pela piscina até a quadra de basquete. Foi pegar uma bola no depósito nos fundos da propriedade, pegou as chaves, abriu o depósito, pegou a bola e quando se virou para voltar a quadra, deixou-a cair com o impacto do susto que levou.
Parado, em pé no meio da quadra, havia um homem, loiro, de cabelos curtos, olhos verdes, de braços cruzados o observando com as sobrancelhas arqueadas.
Demorou um tempo para que a expressão de susto no rosto de Jared se transformasse em curiosidade, e mais um tempo ainda para que se transformasse em total surpresa.
“Jensen? Jensen Ackles?” O moreno perguntou com uma expressão incrédula.
“Sim, sou eu. E você, é mesmo o pequeno Jared Padalecki, aquele moleque magro e desengonçado que vivia perdendo pra mim no basquete?” Perguntou o loiro com um sorriso divertido nos lábios.
-J2-
Continua...