[SUGIZO - 音楽に愛された男。 その波乱の半生] Capítulo 1 - As falhas e o sucesso.

Jan 10, 2012 20:28

Nota: trechos grafados em vermelho indicam pedaços onde tive maior dificuldade para traduzir.

Quando LUNA SEA teve seu “break”, os singles alcançavam o primeiro lugar no Oricon e a banda já havia escalado do Nippon Budokan ao Tokyo Dome. Durante o período de 1994 a 1995, eu, honestamente, estava moralmente “bed”. Sim, foi a época onde comecei a sonhar com a minha cama, eu estava envergonhado [?]. Não obtive o que eu imaginei [que teria]. Nada me trazia nem satisfação ou alegria.

[Nota: Infelizmente, o parágrafo de abertura foi o mais confuso até agora. O trecho em francês diz "franchement moi, moralement j’étais « bed ». Oui, c’était le temps où je commençais à rêver à mon lit, j’étais embarrassé". Eu pesquisei, perguntei, pensei e fiz tudo que era possível, mas não cheguei a nenhuma outra conclusão do que a Ma'J queria dizer aqui - ou o SUGIZO. Não sei se foi erro da versão do japonês para o francês, mas "bed" parecer ser a palavra inglesa "cama" mesmo, e não alguma referência obscura em francês. A frase seguinte "je commençais à rêver à mon lit" só pode ser entendida mesmo como "comecei a sonhar com a minha cama", de forma que não faço idéia do que ele quis dizer nesse pedaço. Ajuda nesse trecho é bem-vinda.]

Claro, a banda estava no topo, o dinheiro corria em abundância pelas nossas mãos com o sucesso, nós fazíamos tudo que tínhamos pensado em fazer ao chegar nesse ponto, mas isso tudo é o lado material. De um lado, os nossos desejos tinham sido realizados, claro, mas não era por isso que, do fundo dos nossos corações, nós nos sentíamos satisfeitos.

Para a banda, tudo começou em 1989; nós tivemos de nos dar um grande limite [?] para fazer notar a energia do LUNA SEA. Não tínhamos férias, estávamos sempre na estrada.

Nosso objetivo era o topo, nos esforçávamos para que o “agora” fosse o ponto de prolongamento dos nossos projetos, não importava qual fosse o plano - nós chegávamos ao ponto de ebulição. Mas foi também uma época onde nosso universo aumentou. (...)

Na história da banda, 1994 foi o ano em que nosso quarto álbum, “MOTHER”, foi lançado e teve um grande sucesso, depois de vários nãos que havíamos obtido em um certo ponto - mas nós estávamos cercados de reações de sofrimento, dentro de um buraco e, depois de certo tempo, nós tínhamos virado “dark”. (risos)

Claro que, quando se está no ginásio ou no colegial, desejamos ser roqueiros. Nós queremos ser famosos e chegar ao topo das paradas. Pensamos em subir no palco do Nippon Budokan ou do Tokyo Dome, mas quando esses sonhos são alcançados, esse é o buraco [que se forma] dentro do coração. Há o alívio, a alegria e todo o resto...

Se eu falo de um sentimento de alívio é porque eu acredito que eu não estava satisfeito com o sucesso, justamente por ele era como uma competição entre nós (...) Nós esperávamos nosso próximo desafio e o nosso próximo combate, eu pensava, eternamente à beira de um abismo/dentro de um buraco? Nós vivíamos cada dia tendo projetos. Nós podíamos perder, imaginávamos esse risco com ansiedade e impaciência.

Mas naquela época, nós não tínhamos experiência, claro, e como pessoas de sucesso, éramos iniciantes. Nossos sonhos: estar no topo, ter dinheiro, ser feliz, ter imaginação etc.

“STYLE”, nosso quinto álbum, foi lançado em 1996. Esta obra [o álbum] fez nascer disputas no seio da banda. Quando olho para trás, estando aqui no presente, eu vejo que essa produção foi, para mim, a minha preferida entre os álbuns do LUNA SEA: foi a cristalização do sangue, do suor e das lágrimas.

Os artistas podem vencer como “players” [músicos], mas para nós isso não era alegria. Na época, em todo caso, não era a felicidade - muito mais a opressão, a ansiedade e a discórdia.

Assim, não era tudo alegria - o LUNA SEA era mantido por muitas pessoas e isso era o que nós fazia contentes. No meio dos vinte anos, nós podemos sempre experimentar muitas coisas e acho que isso era a nossa riqueza... Individualmente, cada um teve seu sucesso, mas para mim era muito importante poder viajar o mundo inteiro.

Desde pequeno, eu sempre amei a antiguidade, a arqueologia e, durante as férias, eu aproveitava para ir a países como a Grécia, o Egito e a Itália. Nesses lugares, eu me dei conta de que eu sou muito influenciado pelas pessoas [desses lugares]. Poder vagar pelo mundo, seja em tour ou então em viagens particulares, é um estilo de vida. O estudo dessas épocas provavelmente me influenciou com grande força.

Quando o assunto são os desejos materiais, eu me dou por satisfeito com um certo nível deles. Eu não sou atraído, por exemplo, por poder ter um carro de luxo ou uma bela mulher... Esse é o imaginário que vem ligado a um músico de rock, mas não funciona para mim - meu luxo é poder partir em viagem.

Seja por causa do trabalho ou por questões pessoais, eu freqüentemente vou para Los Angeles, no coração de Hollywood, um universo que está cheio de celebridades - mas não minto quando digo “no fundo, eu nunca ficarei aqui!”.

Talvez seja porque aqui, o sucesso tem uma linha padronizada. Por exemplo, os Beatles (que eu eu não comparo ao LUNA SEA), eram famosos e provavelmente John Lennon, na época dos Beatles, não era muito feliz de ter sucesso.

Eu amo o John, e sei que, no caso dele, ele começou a sentir felicidade quando ele se casou com Yoko Ono e Sean, seu filho, nasceu. Na época ele tinha conquistado o mundo com os Beatles e depois do fim da banda, ele se afogou em álcool e drogas. Ele então se casou com Yoko e a vida deles, para os dois, parecia feliz.

Enquanto eles se amavam, seu filho nasceu e, durante 5 anos, John ficou separado da música - ele consagrou sua vida ao seu filho, ficando dentro de casa como um househusband [NT: dono de casa]. E esse período [da sua vida] pode ter sido o mais feliz [que ele teve].

Ele não tinha, até então, conhecido essa experiência e provado esse enriquecimento [NT: de ser verdadeiramente feliz, é o que me parece que ele quis dizer]. Pouco tempo depois, ele teve sucesso com seu álbum “Double Fantasy” e ele é acertado com uma bala bem em frente a Dakota House [NT: Prédio onde John Lennon foi assassinado]. Claro que eu não estou me comparando ao John, mas eu entendo bem o que ele tinha em mãos e as suas emoções também. E sim, meu verdadeiro sucesso era parar de vez com a música, talvez viver uma vida banal em família... Ou seja, eu estaria satisfeito com essas coisas que eu sinto sozinho e que nós chamamos de felicidade.

Eu me casei no momento em que o LUNA SEA conheceu o sucesso, mas naquela época, isso não tinha nenhuma ligação com a situação que eu vivi com a minha esposa. A alegria e o sofrimento não eram compartilhados. Existia aquele que era mais próximo e aquele que estava mais distante. Eu estava sozinho e com o coração ferido. Estar apaixonado pela sua parceira e ter uma família é o primeiro sucesso e a felicidade e, hoje, eu sou convencido disso.

Meu orgulho se despedaça; eu confiei e as dívidas cresceram

Depois do ano 2000, o LUNA SEA fechou as cortinas e eu tive de tentar novas direções para minha carreira solo - eu continuei com a música e o ano de 2003 foi quando eu embarquei nas depressões mais graves.

Eu trabalhava com a minha gravadora mas ela foi à falência e me jogou numa crise financeira. As obras que eu havia produzido encontraram um obstáculo então - o staff [do SUGIZO] estava confiante, mas descobriram depois os números das dívidas que tinham sido escondidas. Eu fui deixado para trás pelos meus garantidores solidários [NT: responsáveis solidários, pessoas que teriam a obrigação de quitar as dívidas juntamente com o SUGIZO]. A situação afundou. Na hora em que eu percebi, as dívidas já eram imensas. Eu tinha escolhido meus parceiros de negócios segundo a sua natureza como pessoas, e esse foi meu erro. Havia problemas que eu não podia resolver e estava desolado. Na época, parecia que eu não poderia [resolver a situação], mas eu confiava em algumas pessoas e no final a situação se reverteu. É preciso confiar nas pessoas, mesmo nessas épocas... Eu entrei com processos, mas não consegui fazer com que suas atividades musicais fossem suspensas...

Foi uma época bem dolorosa. Meu estilo de vida de celebridade, a vaidade e a farsa [do meio das celebridades] nunca me influenciaram, mas no lado financeiro, eu vivia de maneira opulenta. Meu orgulho levou um golpe, mas esse fracasso não foi o meu “the end” - eu acreditava fielmente que não havia fundamento [para ser o fim].

Daí em diante, eu vendi meu carro e passei a usar ônibus e trem... SUGIZO tinha sucesso, mas comigo era diferente [NT: “SUGIZO”, em caixa alta, é usado para designar a carreira solo dele, de maneira que ele faz uma separação entre o artista e a pessoa]. Essa defasagem [entre artista e pessoa] me fazia sofrer. Durante vários meses eu não pude trabalhar para viver. Eu morei de favor na casa de amigos e eles me deram comida. Essa situação era dolorosa. Era como na época indie do LUNA SEA, quando eu e Shinya reuníamos todo o nosso dinheiro e não tínhamos mais do que 100 ienes (risos) [NT: 100 ienes é o equivalente do R$ 1,99]. Naquela época, a pergunta era: como sobreviver?

Logo depois, foi necessário ser positivo e isso, eu acho, foi graças à minha filha. Ela estava em período de crescimento e eu não podia parar de pagar a pensão alimentícia e isso é algo natural - minha filha é minha prioridade.

Quando eu ia ver minha filha no exterior, era complicado para mim, financeiramente, até mesmo levá-la para andar de patins. De forma sucinta: eu não tinha dinheiro. Quando eu estava com a minha filha, esses eram os momentos de pureza em que eu criava as músicas, e, na verdade, eu esquecia do quão negra era a situação.

Se eu não tivesse tido minha filha, eu não sei o que teria acontecido comigo. Eu sentia vivamente “Eu quero começar uma nova vida e ir para lugares onde ninguém me conhece.”

Durante essa época difícil, eu li muitos livros e aprendi muito; e no fundo foi uma pesquisa sobre eu mesmo e Buda, mas não é que eu seja um budista fervoroso. Eu sou muito influenciado pelo presente mas pelo passado também - continuei lendo obras sobre o cristianismo, o judaísmo, o islamismo.

Eu fiquei fascinado por esse homem, Gotama Siddhattha, que é o fundador do budismo. Gotama viveu como um príncipe da família Shaka, famosa hoje em dia por ter provado do luxo na sua infância para depois empobrecer. A imagem material nem sempre é totalmente satisfatória, e dentro do meu coração eu carrego um sentimento de niilismo intenso [NT: niilismo: uma corrente filosófica: é a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê”]. Nesse período momentaneamente difícil para mim, isso me deu uma grande coragem. Durante 6 anos Buda continuou com o ascetismo [NT: filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos, onde se propõem a austeridade, buscando atingir uma grande espiritualidade] e a austeridade e finalmente ele chegou à chamada filosofia do “middle way” [NT: “caminho do meio”, descoberto por Buda antes da sua iluminação e tido como princípio orientador, pregando desde o não-extremismo a uma explicação do nirvana].

Eu fui muito infliuenciado por essa maneira de pensar, o “chuudo” - esse princípio de alegria com os estados extremos que levam a um equilíbrio, um balanço. A partir da descoberta [de Buda] do “caminho do meio”, Buda se dedicou a uma estimulação intensa por décadas, e proporcionou todo o seu saber para os homens, explicando-o. Não ter uma casa, não ter bens materiais - o importante era de receber os sentimentos realmente profundos. (...)

A situação da época não era de passar por cima de uma onda. O momento onde eu mais sofri foi quando eu me calei. No entanto, eu fui apoiado pelo CEO [NT: presidente executivo de uma grande companhia] da agência de produção do tempo do LUNA SEA. Ele me disse: “Você vem para a minha agência? Fica bom para você?”

Essa gentileza me tocou muito, e não é apenas uma expressão - eu o reconheço por isso.

Ele se tornou meu principal apoio. Em 2004, nós formamos o The FLARE. Eu deveria morder [?] para resolver meus problemas? Eu pensei por algum tempo sobre o que faria.

Eu não sabia o que tinha me levado a essa situação, nem mesmo as causas - a realidade era que eu estava fragilizado. O CEO adivinhou a minha situação e me deu conselhos para melhorar os problemas. Ele me apresentou advogados que eu consultei e, graças a eles, eu saí daquela situação catastrófica.

Levou um ano e meio para que isso desse certo. Eu não era desconfiado das pessoas, mas logo depois houve um momento em que eu experimentei o ressentimento contra toda a humanidade.

Humanamente, eu me tornei menos amável que no passado; eu era alguém que se vangloriava. Porém, no presente, era mais necessário ser corajoso. Nessa época de sofrimento, houve algo que me fez ficar mais forte.

Mergulho no desespero / Na beira do precipício, a música me salvou.

Em determinado ponto da minha vida, muitos dos meus amigos estavam mortos, mais de trinta pessoas, na verdade. Quando estava no último ano do primário, um amigo morreu devido à leucemia. No colegial, um outro amigo perdeu sua vida em um acidente de moto. Quando o LUNA SEA fez sua estréia, um amigo do grupo DEEP morreu. E depois, hide-san, que era como meu irmão, morreu também.

Eu acho que sempre tive a experiência de pessoas morrendo ao meu redor. E nisso tudo, há o pesar das pessoas e depois, morrer jovem deixa a família ainda mais triste, eu acho. Nos velórios, a profundidade da tristeza dos pais que vêem seu filho morrer em plena juventude é horrível... Nisso eu os compreendo melhor do que os outros, infelizmente, por também ter uma filha (...) E o meu caso, por um momento, eu pensei na minha situação de um ponto de vista cosmológico.

No presente, eu estava mal - e por que eu estava mal? É por causa de um fracasso no trabalho? O sol nasce pelas manhãs e é resplandecente. De noite, podemos ver a lua e as estrelas. Ao olhar o espaço e a terra, a minha dor parecia realmente com um grão de areia. Assim, o meu estado de espírito cresceu.

Sirius, Plêiades, Veja e outras várias estrelas brilham no céu noturno. Eu imaginava que entre todas essas estrelas, estavam meus ancestrais. Somos ligados cosmologicamente e nós não estamos sozinhos.

Com esse “mood”, o trabalho não melhorava, não havia dinheiro, eu me sentia sem saída dessa maneira e eu pensava que era jovem e que era a realidade que me entristecia “tudo isso é muito forte”. Depois de 5 anos, eu falo disso com um sorriso, mas naquela época a morte podia ser um incômodo, porque eu estava no mesmo estado de espírito de alguém que está à beira de um precipício.

Como eu gosto de viagens, eu fui para vários locais que podem ser chamados de “power spots”.

De todos esses, o mais forte foi Sedona, no estado do Arizona, nos Estados Unidos. É um local que é tido como sagrado para os índios nativos americanos. É impressionante ver as rochas gigantes de pé que possuem poderes de cura verdadeiros nesse lugar. E eu senti uma resposta intensa. Eu visitei uma comunidade que vivia em uma autarquia [NT: tipo de sociedade auto-suficiente, nesse contexto] chamada “acquarian concept” onde eu fiquei hospedado em Sedona.

Nessa comunidade, os amigos estavam reunidos, as pessoas eram de todas as raças, todos os países - nós éramos como uma família. A gente tocava violão, cantava, comia, discutia e era um ambiente feliz. Nós estávamos em um contato naturalmente caloroso, de verdade.

Na época em que eu fui ajudado pelo CEO da agência de produção, nós fomos juntos no primeiro dia do ano ao Izumo Ooyashiro [NT: santuário xintoísta famoso). O poder do lugar era incrível e no inverno, o lugar fica com uma atmosfera mais tensa, mas eu estava machucado e isso me ajudou.

Dessa forma, existem alguns lugares onde tive o sentimento de pacificação, como em Londres, na Keningston Church e na Grécia, nas Ilhas de Nicokos e Santorin. No Japão, quando eu estou cansado, eu vou para Hakone. (...)

No que me diz respeito, eu creio na música e eu faço o que eu sou capaz. Claro, a vida e o sofrimento caminham de mãos dadas. Quando eu estava no fundo do poço da minha dor, foi a música que me resgatou.

Em 2004, formamos o The FLARE, que durou até 2006. Eu tinha começado a trabalhar com a elaboração de remix das minhas músicas solo em 2002. Eu trabalhava principalmente com psychedelic trance e techno hard. Assim sendo, eu estava ansioso para pedir um remix ao Juno Reactor, que tinha uma composição multinacional e imbatível no gênero. Nós estabelecemos comunicação por meio do seu agente japonês e eles se mostraram muito interessados, até que terminamos esse trabalho que saiu em 2007, o “SPIRITUARISE”.

Ocorria que eu gostava dos artistas, mas nunca havia pensado em pedir nada. Naquela época, o guitarrista [do Juno Reactor] Steve Stevens saiu da banda quando eles vieram ao Japão e foi quando me pediram “Preciso de mais um guitarrista para participar de um festival, você não poderia tocar?”. Durante três dias, eu subi no palco e tivemos uma improvisation session e eu me lembro que eu estava morto [de cansaço, presumidamente], mas era minha música preferida.

Financeiramente e mentalmente, 2003 em diante foi um período desafiador. Nessa situação, eu só conseguia enxergar um futuro limitado. O Juno Reactor me convidou como membro e foi nessa ocasião que eu fui salvo como compositor. Esses artistas participaram da idéia de esperança que eu tinha que agarrar. Eu tenho um tremendo respeito por esses reis do psychedelic trance.
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