[SUGIZO - 音楽に愛された男。 その波乱の半生] Capítulo 2a - LUNA SEA: Shumaku

Jan 10, 2012 20:41

2000 - LUNA SEA inicia o Shumaku. Nesse momento, estamos todos fisicamente exaustos. Eu mesmo sentia que era necessário interromper as nossas atividades.

Antes, em 1997, nós tínhamos dado atenção às nossas careiras solo e o motivo dessa pausa foi o sentimento que nós tínhamos de que o grupo deveria fazer essa pausa para que cada um pudesse se ocupar com a direção que desejava para si mesmo. Em 2000, chegamos a um nível onde era impossível continuar em frente [como LUNA SEA].

E não é preciso dizer que não havia uma, mas várias razões para isso. Quando o LUNA SEA começou, os membros da banda tinham 18 ou 19 anos. Nós estávamos juntos 24 horas, 7 dias por semana e foi uma boa experiência, mas essa vida em comunidade foi também uma experiência dolorosa. Não é exatamente um segredo, mas o motivo principal foi que nós estávamos exaustos das relações entre nós. Cada um na banda tinha uma realidade como músico e um nível diferente também, e isso culminou em uma época onde tudo ficou de cabeça para baixo, os ataques que trocávamos entre nós se encaminhando para uma situação terrível.

Na sua carreira solo em 1997, por exemplo, RYUCHI teve um imenso sucesso como Kawamura Ryuichi. Eu, e não apenas eu, já tinha como hábito a ligação com músicos estrangeiros e os quais eu procurei ter presentes ao longo da minha carreira solo. E mesmo quando eu estava no LUNA SEA, eu estava focado em uma atividade individual. E depois, era essa a consciência de cada um entre nós também.

Dessa forma, como um grupo, a maneira de viver não estava mais em um bom estado. Cada um de nós partiu em busca da sua música.

Só este grupo estava em uma situação ruim, um ambiente insalubre. Em 2000, “LUNACY” foi lançado. Foi nosso último álbum original e um magnífico trabalho. É fácil de se compreender isso ao se evocar, por exemplo, os Beatles e o seu “White Album”.

Nessa época, as ligações entre os membros dos Beatles iam de mal a pior. De uma certa forma, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr concluíram um álbum como se eles tivessem reunido seus trabalhos solo. E de forma parecida ocorreu com o “LUNACY”.

No momento em que criamos esse álbum, nós ainda não tínhamos determinado o nosso “fechamento das cortinas”. Nós não sabíamos como seria o nosso futuro, de forma que se decidiu que nós faríamos aquilo que nós sabíamos fazer e que colocaríamos com o nome “LUNACY”, o nome original da banda. Nós tínhamos a determinação. Era uma volta ao ponto de partida, como um “the end”. A situação da banda era a pior possível e, no entanto, LUNA SEA lançou um álbum que era positivo para a próxima fase [dos seus integrantes].

Nós evoluímos esse trabalho para algo que pudesse dar prazer para todos, mas depois de um bom tempo a gente não se preocupava mais com as reações de terceiros. Havia muita gente que procurava o LUNA SEA e para nós, foi uma época onde parecia que nós disputávamos um jogo com a música.

O álbum já tem 10 anos e, quando o escuto hoje, eu acho que a sua qualidade está longe de ser ruim. Na época, eu dizia que aquele seria um dos últimos momentos do LUNA SEA e depois ainda, RYUICHI falou em uma entrevista “este [álbum] é o final da primeira época do LUNA SEA”. De forma sucinta, da nossa formação ao Shumaku, é a primeira fase; hoje temos a segunda. É a minha maneira de ver as coisas e acredito que seja uma maneira boa.

Quando foi decidido “fechar as cortinas”, é claro que a palavra “separação” surgiu também. Deveríamos nos separar? No entanto, cada um pensava, ainda que meio confuso, “LUNA SEA não pode acabar!”. E assim, foi deixada a possibilidade de uma continuação.

Nós não saberíamos se seriam 5, 10 ou 20 anos, mas cedo ou tarde, haveria um momento onde, depois de um longo inverno, nós feríamos ainda uma outra tour... Bem ou mal, para todos na banda, éramos uma espécie de família. E por que adotar a palavra “shumaku” (último ato)? Na verdade, foi um dos managers da época que sugeriu a expressão.

E como chegamos a esse ponto [do Shumaku]? Durante um ano, em 1997, cada um se dedicou à sua carreira solo e nós crescemos muito como músicos. Dessa forma, cada um ficou mais confiante em si mesmo.

Nessa época, ao voltar para a banda, nós tivemos um retorno muito positivo. Eu digo que, do LUNA SEA, RYUICHI foi que se transformou em uma celebridade. Ele conseguiu um recorde de vendas com o seu primeiro álbum solo, “LOVE”, que vendeu 3 milhões de cópias. Três vezes mais que o LUNA SEA, seu CD foi um hit. E com o retorno ao grupo, isso acabou fazendo com que ele fosse respeitado pelos demais. E, como havíamos prometido aos fãs, nós voltamos depois de um ano usado para recarregar as nossas baterias. Nós mantivemos a nossa palavra. Mas havia uma sensação de pressão que esmagava todo mundo. Intimamente, individualmente, nós sentíamos como uma sufocação porque nós não podíamos fazer nossas atividades [solo].

A banda levou tempo para se desenvolver, os desejos de expressão de cada um dos integrantes se atrofiando naturalmente. O grupo tinha que encontrar uma linha de direção importante e, por ela, seguir para encontrar um equilíbrio.

Hoje nós podemos fazer isso, mas naquela época nós não podíamos. Não estávamos ligados uns aos outros. O estresse acabou se convertendo em uma dificuldade de respiração e isso era palpável. Assim sendo, diversas razões levaram à conclusão que nós chamamos de “shumaku”. São motivos, na verdade, diferentes quanto à música, porque todos nós tínhamos organizado a banda com intenções musicais diferentes.

As intenções eram diferentes, nossas personalidades também e nós éramos obrigados a reconhecer que, mutuamente, acabávamos sendo absorvidos por outras coisas. A reação química que nos estimulava tinha feito com que nós nos tornássemos um grupo. Na época, nós tínhamos relacionamentos bons, mas todos nós sabíamos que as diferenças eram muito grandes. No entanto, nós criamos coisas boas, eu acho.

Assim sendo, o relacionamento foi se denegrindo, com todo mundo com os nervos à flor da pele e seus estilos musicais sendo diferentes, no entanto, não era uma razão para interromper as atividades da banda.

Lentamente, de 1998 a 1999, o buraco entre os membros aumentou.

Eu, com todas as minhas forças, tentei recuperar as relações, mas eu sentia que o magnetismo tinha desmoronado. Era impossível. A situação da banda, vista por fora, poderia dar a impressão de que ela era satisfatória, mas nossas conexões estavam prestes a serem destruídas.

Nessa época, quando estávamos em tour e estávamos indo de um lugar para o outro, nós praticamente não conversávamos. As conversas eram superficiais. Ninguém estava completamente satisfeito. No entanto, nós tínhamos uma missão: fazer o LUNA SEA viver. E o LUNA SEA avançou com um sentimento de dever que não lhe convinha.

Nós não sabíamos até onde ia esse mal-entendido. Nós não éramos mais os amigos mais próximos, a família mais próxima - os integrantes viviam como inimigos dos quais nós desconfiamos. Claro, éramos rivais no bom sentindo da palavra, mas no sentindo ruim também que possuía seu inimigo. Nós tínhamos também os egos muito grandes.

Claro que até aquele ponto tínhamos desfrutado de um sucesso regular, mas nossas intenções musicais se diferenciaram como nossas personalidades. Os inimigos eram os outros e a banda deveria se unir. Na época, o inimigo era a imprensa que não conseguia compreender [o que se passava]. Os rivais eram os outros artistas.

Hoje, eu creio que a fase do nosso período indie foi muito longa e durou 3 anos. Em 1992 tivemos nossa estréia major e em 1995 nosso primeiro show no Tokyo Dome, e tudo isso ocorreu em grande velocidade. Nessa época, no meio do turbilhão, nossas emoções estavam em mil pedaços.

Se pararmos para pensar com atenção, foi a primeira vez que sentimos uma dispersão no grupo. Nós conhecemos o estresse. A verdade era que o LUNA SEA era um LUNA SEA agressivo. Nós fizemos em dezembro de 1996 o “Mafuyu no Nagai” no Yokohama Stadium, logo antes de fazer uma pausa para recarregar as baterias.

Nós também tentamos fazer coisas que ninguém mais tinha feito, como organizar um show a céu aberto no meio do inverno. E em 1999, nós organizamos um show no Tokyo Big Sight onde a participação do público era ilimitada, e tivemos 100.000 pessoas. E desafios também.

Nessa época, nós provocávamos o mundo e era isso que eu queria fazer e o que eu podia fazer. O poder da banda aumentou e, dentro dessa coletividade, LUNA SEA era formidável. Mas os resultados foram o colapso dessa coalizão. Hoje, pessoalmente, eu não acho que eu gostaria de reviver esse passado onde nós nos enfrentávamos de maneira agressiva. Esse modo de fazer as coisas fez com que fôssemos fortes o suficiente, além de ganhar competência e crescer individualmente. A realidade era que o potencial de cada um foi levado ao seu máximo. Cada um queria fazer a mistura que era o LUNA SEA, mas no final dos anos 90, nós estávamos num nível de compreensão totalmente diferente.

Quando a decisão do “shumaku” foi tomada, a banda continuou. Poder-se-ia dizer que nasceu então uma situação de saturação em relação às idéias novas. Provavelmente, a razão disso era o relacionamento entre nós cinco que tinha mudado e a conseqüência era a destruição dos representantes famosos do grupo, e isso não era possível para o LUNA SEA.

Na última fase do LUNA SEA, a mudança das nossas individualidades levou ao fato de nos fazer hesitar a falar sobre Visual Kei. Hoje, se nós olharmos a nossa maneira de fazer [as coisas], na época a nossa equipe se perguntava se era o jeito certo de fazer. Na época, era divertido falar de Visual Kei, da sua maquiagem e das gravadoras. E foi nesse cenário que nosso último álbum foi lançado, o “LUNACY”, e logo depois nós embarcamos na tour “BRAND NEW CHAOS”.

Em 1998, no momento do lançamento do álbum “SHINE”, eu usava tudo rosa para marcar meus sentimentos em relação à morte de hide-san, e isso durou por quase um ano. Na época, o nosso single “I for You” foi um hit, teve o lançamento do “SHINE”, nós fomos ao Kouhaku [NT: programa de final de ano da emissora estatal japonesa NHK que reúne os maiores sucessos do ano]. Eu forçava a minha maquiagem para ter uma aparência de extravagância desordenada. O tempo passou. Nós deixamos certas coisas para trás e eu, também, já tinha feito por tempo suficiente [NT: presumo que ele esteja falando do visual exuberante com cabelo rosa e maquiagem diferente].

Fazendo um parênteses, a palavra “visual kei” era desagradável porque ela era utilizada na época como um tipo de termo discriminatório. Eu adorava David Bowie e JAPAN. Eu fui influenciado pelo gótico, pelo punk e pela new wave... Mas eu evitava fazer imitações, eu apenas fazia sugestões. Esta [vertente de] música tem uma certa originalidade onde se pôde mostrar as pesquisas que foram feitas [para chegar nesse resultado]. Os críticos obstinados comparavam isso com a música ocidental avaliando e demonstrando as reações negativas de rejeição ao visual kei japonês.

Na verdade, eu também - já fazia 10 anos das coisas que me deixavam doente e me tornei estúpido. Durante todos esses anos, eu melhorei no bom sentido em todas as coisas e isso me fez ganhar, naturalmente e com rapidez. Já falamos do Visual Kei e é bom que falemos dele, e tenho a impressão de que tento tocar bem a guitarra mais nele do que em outros gêneros. Hoje, não é importante ter medo de alguma coisa se eu quiser continuar a fazer minha música. Dessa forma, as palavras de algumas determinadas pessoas podem, talvez, causar medo.

Depois dos 2 dias de dezembro de 2000 no Tokyo Dome, nós fechamos as cortinas. Em um estado mental confuso, nós tivemos naquela vez um sentimento de alívio e de liberação. A tristeza que não foi varrida nos fazia dizer “muitas coisas causaram sofrimento durante esses 12 anos mas acabou, nossas apostas são em outras coisas”. Mas hoje em dia eu também sou um grande sonhador; ao mesmo tempo, sou realista e depois eu tinha a impressão de caminhar em direção aos meus sonhos.

Eu não pensei muito sobre a minha atividade depois do LUNA SEA. Ao meu redor, meus amigos estavam inquietos:”Como você vai fazer pra ganhar a vida sem sua banda?” e eu respondia “Com a música”. E depois de algumas peripécias, eu me perguntava também “Como vou fazer agora?” E entre ser cantor e eu havia um fosso que havia aumentado. E como meu humor não surgiu imediatamente, eu me dizia “faça então projetos novos, faça as coisas para a sua carreira solo!”. Fizemos o Shumaku na entrada dos anos 2000 e me foram necessários três anos para que eu me mexesse mentalmente.
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