(no subject)

May 04, 2010 21:21

 

-Não fale desse jeito. Me dá a impressão que não gostas de Shigeaki. Nós dois sabemos o quanto aquele menino se preocupa e cuida de Keiichiro. - meus olhos se arregalam quando percebo a luz acinzentada à minha frente, em volta de uma bela mulher com o rosto delicado, sorriso encantador e sua aura pura com um leve toque sensual, a explicação do por que nos sentimos tão atraídos à lua.

-Oh, é um prazer conhecê-la pessoalmente minha Deusa. - ela apenas sorri agradecida, permitindo-me a continuar - Sim, gosto de Shigeaki, entretanto sei também que acaso o mesmo disser ao meu outro eu para nunca mais voltar, ele irá obedecer. Hesitante, talvez, mas irá.

Balançando a cabeça negativamente, fazendo seu belo, longo e liso cabelo balançar ao vento e os poucos sinos entrelaçados em suas madeixas enfeitando seu cabelo tocarem sua música, ela discorda.

-Deverias confiar mais em sua outra personalidade. - sua testa se franze um pouco ao mirar o corpo adormecido de Yamashita e antes mesmo que eu pergunte o que houve, ela me responde. - Perdoe-me, apenas me distraí com sua aura triste. Ele realmente está preocupado em não vê-lo mais, não está?

Dando passagem para que ela adentrasse e caminhasse até ele, me permito observá-lo mais um pouco.

-Sim, está. - suspiro cansado, e o olhar divertido dela sobre mim me faz arquear a sobrancelha. - Se já sabes o que pretendo, por que quereis ouvir a minha confirmação? - um riso breve ocupa o quarto enquanto ela passa a mão no cabelo dele, nem leve carinho que uma mãe faria ao seu adormecido filho. - E, sim, não irei sair daqui. Keiichiro mesmo que intuitivamente já escolheu e aceitou Yamashita como seu “dono”. - ela faz uma careta ao ouvir essa palavra.

-Ainda não gosto desse termo de “dono”. Não os ajudei para que seus descendentes virassem submissos aos outros...

-Mas eles ainda não sabem disso. Paciência minha senhora, quando a hora chegar eles saberão da verdadeira história, a verdadeira lenda. - com isso ficamos em silêncio. Eu observando a expressão de Yamashita se tornar cada vez mais suave, e o doce sorriso delicado de Kaguya Hime de satisfação. Trocamos olhares significativos sobre a situação e em um breve aceno de cabeça nos despedimos, sua imagem desaparecendo envolta de um brilho dessa vez dourado. - Bom... Agora com quem eu deveria conversar primeiro? Keiichiro ou Wagahai?

「Wagahai p.o.v.」

-Ora essa, pensei que viria mais cedo. Estive te esperando a noite toda, sabia? - sorri sem ao menos me virar para encarar meu visitante. Sem preocupação, continuei a admirar a paisagem da janela que se encontrava banhada pela luz lunar, minha vista preferida, diga-se de passagem.

-Estive um pouco ocupado, e você deve saber muito bem o por quê. - e de fato sabia. Mesmo assim o deixei continuar- Keiichiro não voltou hoje.

-Por um acaso está sendo super-protetor Nyanta? Shige nunca faria nada que pudesse prejudicar Kei-chan. Bom, pelo menos não intencionalmente.

-Sei disso, mas agora não se trata somente de Keiichiro, não é? - sua inquietação me incomodou um pouco, mas tratei de não prestar atenção nisso.

-Oh sim! O modelo! Diga Nyanta, como ele é? - sorte a minha não ser um cachorro, ou meu rabo iria estar se movendo de um lado a outro freneticamente. - somente sei seu nome e onde mora até agora. Yamashita Tomohisa, não?

-Yamashita é um bom rapaz. Se preocupa e cuida bastante de Keiichiro. - quis rolar os olhos ao ouvir o tom sério com que Nyanta falava, porém a curiosidade era mais alta.

-Falando desse jeito você mais parece o pai comentando do namorado da filha... - murmurei e ri quando ele me encara insultado. - Kei-chan não pára de mencioná-lo à Shige.

-E mesmo assim se esqueceu dele de alguma forma. Por que ele ainda não voltou? Nem ao menos para lembrar de avisar que estava indo à algum lugar...

-Ora essa! - ri de sua cara fechada. - Você deveria conhecê-lo melhor que eu! Keii-chan está tão feliz por poder sair de novo que nem ao menos pensou que poderia deixar alguém preocupado.

-Wagahai... Aonde eles estão? - percebendo seu cenho franzir em desconfiança, não pude fazer nada a não ser suspirar derrotado.

-Nyanta... Antes que eu te diga, preciso que fique calmo. - mexi-me desconfortavelmente - Posso até te ajudar depois com qualquer que seja seu plano...

-Wagahai... - meu nome dito nesse tom de aviso não é nada bom...

-Tá, eu falo. Eles voltaram. Estão na sede. - diante de seu olhar de descrença, acrescentei rapidamente. - Não é isso que você está pensando! Shige apenas quer informações sobre a situação de Kei. Ele nunca faria algo como “aquilo”, mesmo porque ele nunca ouviu falar nada a respeito. Eu não contei a ele. - vejo-o suspirar aliviado, me fazendo grunhir. - Se ele fosse tentar, eu o impediria de qualquer jeito também...

Ficamos em silêncio observando o brilhante satélite natural. A noite estava calma, silenciosa, perfeita para quem deseja dormir tranqüilamente, ou como no nosso caso, analisar nossa situação e pensar no que iríamos fazer. Em um tom de voz baixo, comentei com Nyanta.

-Talvez seja melhor permitir que os dois passem a noite na sede. Hoje não é lua cheia e a estrada pode ser muito perigosa para humanos. - ele apenas concorda com um aceno. - E sugiro que você também vá. Yamashita irá precisar de companhia amanhã, não é? Pode deixar que irei transmitir seu recado à eles. - com apenas uma troca de olhares nos despedimos, sua imagem desaparecendo diante de mim nem piscar de olhos.

「山P p.o.v.」

Desperto com a pata de Nyanta tocando meu rosto. Desnorteado olho para os lado tentando reconhecer aonde estava. O apartamento permanecia em silêncio, Nyanta me encarava curioso, sentado no meu colo.

-Koyama não voltou, não é? - a tristeza que senti ontem, voltou. - Será que... Ele não irá voltar mais? - perguntei hesitante e meu despertador apenas bocejou e se espreguiçou.

-Ele vai voltar. - ao ouvir aquilo meus olhos se arregalaram levemente e senti uma pequena esperança em meu peito. - A prova disso é que eu estou aqui. Agora se vista e terá de tomar o café-da-manhã fora, eu receio. Posso me responsabilizar pela tarefa de te acordar, mas não a de cozinhar. A não ser que queira comida crua e com pêlo de gato, claro. - ri balançando a cabeça negativamente, e ao me levantar para ir ao banheiro, passei as mãos em Nyanta, um carinho em agradecimento.

A água despejada pelo chuveiro passeava pelo meu corpo. Fechei os olhos e tentei concentrar-me somente nisso, somente em senti-la e deixar meu coração acalmar. Não poderia ir trabalhar sem conseguir me concentrar não é? Acho que demorei bastante no banho, já que ao sair Nyanta estava adormecido. Sem querer acordá-lo, saí fazendo o mínimo de barulho possível, mesmo sem ter vontade de trabalhar.

「小山 p.o.v.」

-Shige~! Já falei que não é nada disso! Nós não estamos namorando, ok? Apesar de ser verdade que nos beijamos sim, mas pelo que me lembre bem, foi só uma vez! - disse exasperado, mas ele apenas me olha com desdém, me fazendo bufar irritado. - É a verdade, ta?

-Ok Koyama. Vocês podem não estar namorando, mas que tem alguma coisa aí que você não quer contar tem. Nyanta não aceitaria ajudar juntar vocês dois apenas por brincadeira. Ele não iria mexer com os sentimentos das pessoas desse jeito e você sabe disso muito bem.

Olhei-o incerto de continuar ou não. Essa pessoa à minha frente é uma das poucas que me conhecem bem. Se pensar duas vezes, Shige me conhece melhor que eu mesmo! Algumas vezes isso é útil para me ajudar em uns problemas, mas em outras como esta aqui é péssimo! Eu estou tentando fugir de meus problemas e ele não me deixa!

-Não sei por que você quer que eu te conte se você já sabe o que é.

-É bom você dizer. Às vezes pode te ajudar a realmente aceitar.

-Desde quando você é psicólogo? - murmurei resmungando. - pelo que eu saiba você estuda direito!

-Você é meu primeiro paciente enquanto não me formo em advocacia. E você sabe que já li alguns livros de psicologia na biblioteca. - permaneci quieto, sabia que nunca iria ganhar dele numa discussão ou debate. Mordi meu lábio inferior levemente, seus olhos me pressionando a fazer o que ele queria. Vendo que eu permanecia em silêncio, ele arqueou a sobrancelha - Keii... Você está apaixonado?

Senti meu rosto esquentar enquanto meus olhos se arregalaram o máximo que podem e comecei a gaguejar.

-Claro que não! Nossa, de onde você tirou essa idéia? Ah! Olha que horas são! Tenho que ir embora! Já peguei o que precisava, o restante posso vir buscar depois.

-Interessante a sua reação Keii-chan. - dou um pulo de susto e ao ver Wagahai, solto a respiração. - Espero não estar interrompendo, mas Nyanta veio deixar um recado ontem à noite.

Nyanta? Por que ele se encontraria com Wagahai ao invés de mim? Lembrando depois que aquele gato era imprevisível, deixei minha curiosidade de lado e comecei a me preocupar. Se Nyanta veio deixar um recado, será que Yamapi está bem?

-Se estiver pensando em Yamashita, sua intuição está certa Keii-chan. - ele sorriu divertido - Nyanta disse que ele está bastante preocupado com o seu sumiço repentino.

-Ah! - gritei. - Eu esqueci de deixar um recado avisando! E... Você disse ontem à noite? Que dia é hoje? Que horas são? Ai meu Deus, só falta eu ter matado Yamapi de preocupação, literalmente!

-Isso que dá não verem o relógio. Sabem muito bem que aqui dentro o tempo é mais lento. - aquela coisa que supostamente é um gato (já não o considero como um, porque gatos são legais e este aqui está sendo sádico!) riu da minha desgraça!

Grunhindo em reclamação, peguei duas mochilas que tinha separado e corri, com pressa de chegar em casa ao mesmo tempo em que tentava desesperado pensar em uma maneira de me desculpar com meu “dono”. Credo... Como eu sou um gato desnaturado!

-E não está nem um pouco apaixonado, claro...- ouvi a voz sarcástica de Shige e a risada de Wagahai antes de fechar a porta e correr.

Ao chegar na porta do apartamento, estava pingando de suor, sem fôlego e muito ansioso. Pela hora Yamapi provavelmente está trabalhando, mas isso não torna as coisas nem um pouco mais fáceis. Não quando eu sei que Nyanta está aí e irá me dar um sermão. Ah, se Yamapi estivesse aqui pelo menos iria receber a bronca de uma vez só em vez de duas...

Tive tempo de arrumar minhas coisas no meu quarto (depois de ouvir Nyanta me repreender, claro), tomar banho, ir ao mercado, preparar a janta e arrumar o apartamento. Notei que a minha cama estava desarrumada, enquanto que a dele estava feita, indicando que ninguém havia dormido ali. Meu rosto corou novamente somente de pensar na hipótese dele passando a noite ali, na minha cama, mas chacoalhei a cabeça e ouvi o clique da porta se abrindo.

Yamapi parou ali, com a mão descansando sobre a maçaneta, me encarando como se não acreditasse no que estava vendo. Senti a culpa me consumir mais uma vez e me amaldiçoei por não tê-lo avisado.

-Yamapi...? Né, gomen por ont...-ele apenas me abraça forte, e quase me sufoca, mas eu entendo que depois da preocupação que ele deve ter passado essa reação é normal, certo?

-Keii... - murmuro um ‘sim?’ meio hesitante, baixinho. - Nunca mais... - sua voz meio rouca sussura em meu ouvido, me distraindo um pouco. - Nunca mais suma desse jeito ouviu?

Sentindo meu corpo esquentar e minha visão turvar, fecho os olhos gemendo baixo, e ao abri-los novamente, a única coisa que vejo é Yamapi assustado e bem maior que eu.

-O quê...? - nós dois olhamos a janela confirmando que o sol brilhava ainda e forte. - Keii... Por quê você se transformou em gato de dia?

Ah, droga. As coisas vão ficar mais complicadas... Principalmente porque eu NÃO sei como eu me transformei!

Parte 01

Próximo capítulo

(Arquivo)


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