Ohanami

Apr 15, 2007 08:03

Título: Ohanami
Autora: nima_
Banda: Kagrra,
Casais: NaoxIsshi
Classificação:NC-15
Gênero: Épico , One-shot
Sinopse: O Ohanami surgiu na época de 710 d.C, no período Nara, com a Corte de Kyoto realizando festas debaixo das cerejeiras, para comemorar a chegada da primavera

Ohanami[???] - A Origem

Ohanami¹: arte de apreciar as cerejeiras. Inicia-se no início da primaveira. Em Tokyo isso é no início de abril. Em Kyoto no mês de março.

Isshi levantou-se do futon, abrindo a porta corrediça para observar a primavera, que trazia as bonitas flores de cerejeira. Os pássaros cantavam e o céu estava com um azul tão empolgante que era impossível não sorrir ao ver a cena.

Isshi saiu da casa para a parte onde ficava o ofuro na casa, chamando o servente em seguida.

- Quero que prepare o meu melhor kimono. - Disse Isshi enquanto retirava o kimono que usara para dormir, deixando a pele alva à mostra.

Todo dia Nao tinha que conviver com aquela tortura. Ele, um simples e mísero servente, não chegava aos pés do já comprometido filho do imperador. Queria nascer de novo, como uma mulher bonita, de família influente. Nao acabava se contentando com sua posição, já um tanto favorável por conviver todos os dias com Isshi.

O servente retirou-se, atendendo as ordens do outro. Outros serventes colocavam água quente no ofuro, preparando-o para a entrada do filho do imperador.

Nao tinha muito bom gosto para escolher os kimonos de Isshi. O filho do imperador vestia um kimono preto e vermelho, o obi era de seda, listrada de branco e preto desproporcionalmente, com estampas de folhas típicas do outono* nas cores vermelho, prata e dourado. Isshi prendeu os cabelos, deixando duas mexas soltas na frente.

Nao acompanhou o filho do imperador até o jardim, onde havia uma ponte e no final dela duas fileiras cheias de cerejeiras floridas, formando um túnel de flores rosadas que caiam a cada leve brisa. O servente ficou a observar Isshi andar pela ponte em direção às árvores. Nao esperou Isshi terminar de atravessar o lago das carpas para começar a caminhar, não podia deixar o filho do imperador ao menos um segundo, mesmo que quisesse.

Nao viu Isshi parar e de repente sair correndo mais ao fundo pelo túnel de cerejeiras, preocupado, começou a correr também. Aproximando-se de onde Isshi havia parado, Nao notou um corpo ferido, apoiado em uma das arvores de cerejeira, e Isshi se aproximando cada vez mais do estranho.

O estranho era loiro e trazia consigo três espadas, sendo todas as três de tamanhos diferentes, presas em posições diferentes no obi simples. Ele ofegava e mantinha a mão, ensangüentada, na barriga, tentando, inutilmente tapar o ferimento. O homem caiu quando Isshi finalmente o alcançou.

Isshi olhou para Nao desesperado, e ordenou que trouxesse o médico da família ali urgentemente. Nao obedeceu de prontidão, voltando todo aquele percurso correndo.

O médico da família vinha correndo pelo mesmo caminho que Nao foi, seguindo o mesmo pela ponte do lago das carpas. Izumi era da dinastia dos médicos da família real. Costumava usar cores de kimonos frias, como o azul que usava agora. Ele carregava algo como se fosse uma caixinha de ervas. Agachou-se diante do ferido.

- Ele não tem mais chance. - Avisou, vendo que o loiro já começava a tremer de frio pela falta de sangue.

- Eu... - O quase defunto começou a falar - Só queria... - o loiro começou a tossir sangue. - Observar as cerejeiras mais uma vez. - terminou, tomando fôlego depois.

- Ele é um andarilho, provavelmente aprendiz de algum samurai. Deve ter se metido numa briga com algum dos ninjas antes de alcançar até aqui. - Explicou Izumi.

- As flores do jardim do imperador são tão bonitas... - Dizia o loiro, já delirando pela falta de sangue.

Ao longe, Nao notou um dos ninjas que protegia a família andar de um lado para o outro à procura de algo. De repente ele olhou para os quatro e começou a correr naquela direção.

Nem Nao, nem Izumi e muito menos Isshi, notaram o ninja passar por eles, enfiando uma pequena adaga na barriga do até então agoniado andarilho. O loiro deu um ultimo suspiro e parou de respirar.

Isshi estava chocado, nunca tinha visto um assassinato assim, na sua frente. O ninja levantou-se e cumprimentou o filho do imperador com uma reverência, e já ia saindo, se Isshi não lhe chamasse a atenção.

- Porque matou esse homem? - Perguntou Isshi.

- Ordens de seu pai, matar qualquer estranho que quiser invadir sua casa.

- Akiya, por favor, retire-se. - Disse Nao, vendo que Isshi estaria à ponto de explodir, afinal, não estava acostumado a ver cenas assim, tão fortes.

- Ele só queria ver as cerejeiras. - Disse Isshi, já começando a chorar. - As nossas cerejeiras... Ele elogiou as nossas cerejeiras.

- Desculpe senhor - Disse Nao, que fazia de tudo para não o abraçá-lo, não consolá-lo. Poderia ser preso se o fizesse, teria que manter-se frio e imparcial. - mas o máximo que podemos fazer agora é enterrá-lo.

- Acho que ele gostaria de ser enterrado em baixo de uma das suas cerejeiras senhor. - Disse Izumi - Isso se o senhor quiser.

- Tem razão Izumi, vou falar com meu pai e mandar enterrá-lo ali mesmo. - Disse Isshi, levantando a cabeça.

***

- Porque mandou matar o homem? - questionou Isshi ao seu pai.

Nao escutava tudo pela porta feita com papel de arroz** enquanto aguardava o filho do imperador com Izumi.

- Quanto tempo mais você acha que vai suportar? - Perguntou o médico da família e melhor amigo de Nao.

- O resto da vida. - Disse abaixando a cabeça.

- E será que esse amor doido vale a pena, você pode se casar, é jovem, bonito...

- Não... Eu vivo para servi-lo.

Isshi se aproximou da porta, e Nao deslizou a posta, fazendo uma reverência em seguida, esperando o outro passar por si.

- Vamos enterrá-lo Izumi! - Disse o filho do imperador, firme.

Somente Nao notou que o filho do imperador contrariara seu pai. E sabia disso apenas olhando para ele, mas não podia comentar nada, não podia impedir. Quem era ele para fazer alguma coisa assim?

Isshi chamou dois outros homens e os cinco juntos foram para as árvores de cerejeira, enterrar o homem loiro. Dois homens se ocupavam em cavar, enquanto os outros três rezavam concentrados.

Ao fim do enterro, Isshi ficou a observar a planta que teve um corpo enterrado aos seus pés, junto só estava Nao. Os outros já se retiravam.

***

Um ano se passou desde aquele acontecimento. O pai de Isshi morreu e ele assumiu o cargo, como dizia a hierarquia. Casou-se e teve uma filha com a mulher. Nao continuava a servi-lo com o máximo de lealdade possível.

Isshi acordou, já pedindo a Nao que preparasse o seu kimono mais bonito. O jovem obedeceu, seguindo seu ritual diário e torturante.

O imperador foi para a mesma ponte, passando pelo mesmo lago, apesar de diferentes carpas. Era muito triste, tanto para Nao quanto para Isshi, lembrar daquele acontecimento, mas isso acabou unindo mais o servo com o imperador, que fora, nesse ano decorrido, muitas vezes chorar no colo do outro, tornando-o seu maior confidente.

Isshi parou de frente para a árvore, onde havia o corpo enterrado, Nao se aproximou.

- Nao... Eu vou declarar que todos os japoneses têm o direito de passar um dia observando as flores de cerejeiras. - Disse Isshi, notando o quanto as flores estavam bonitas nesse ano mais do que nos outros.

- Certo. - Disse Nao.

Isshi se virou para o servo, pôs a mão em seu rosto e lhe puxou para um beijo na qual os lábios se tocassem com intimidade e as línguas dançavam amistosamente.

- Eu sempre tive vontade de fazer isso. - Isshi falou, deixando Nao vermelho. - porque não podemos ficar juntos? - Isshi puxou Nao para mais um beijo.

- Porque eu sou um mero servo, e você é casado. - Disse Nao, deixando-se levar pelas carícias do imperador. - Mas não se preocupe, nosso amor estará sempre guardado, à sete chaves, pelas bonitas cerejeiras do seu jardim.

*conhecidas como momiji, como não tem isso no Brasil eu não sei o nome >.<, então foi folhas típicas do outono mesmo XD

**também não sei o nome disso... é aquele papel quase transparente que os japoneses usam na porta XD

Nota da autora: Não, essa não é a verdadeira história de como foi criado o ohanami XD, mas bem que podia ser XD, tipo, o que me disseram era que o Hanami era feito pelos imperadores, porque eles tinham muito tempo de sobra, aí eu juntei com uma lenda do Japão que diz que tem um corpo enterrado debaixo das cerejeiras para que elas ficassem mais bonitas XD, mas mesmo assim acho que eu gostei, ficou confuso e tal, mas eu achei romântico :3

kagrra, ohanami

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