Título: Walls
Autor:
nyx_gatesBetagem:
gigis_k bussiness *insira slogan criativo aqui*
Shipper: Sebastian Vettel/Kimi Raikkonen
Classificação: Blue Flag
Gênero: Song-fic, a little drama with a little romance and cute boys in love (a.k.a. fluffy)
Sumário: Um está apaixonado, um pouco assustado e cansado, enquanto o outro tem que provar que mudou e que quer mudar, por eles. Ou talvez nem tudo seja tão complicado quanto eles imaginam.
Disclaimer: Nunca aconteceu, nunca acontecerá (acho). O plot é meu e os meninos já tem donas, so back off!
Nota: Fic pra Bárbara que queria uma song com essa música e eu estava precisando escrever. Espero que esteja como você esperava, bb! *-*
Walls
Hey there it's good to see you again,
It never felt right calling this just friends,
I'm happy if your happy with yourself,
Take off your shirt your shoes,
Those skinny jeans I bought for you,
We're diving in there's nothing left to lose.
Não era novidade para ninguém que Sebastian era amigo de Raikkonen. A única coisa que beirava a novidades foi quando eles se conheceram, o início de tal amizade. Não era esperado que o jovem alemão sorridente e otimista tivesse vontade de tentar entrar no pequeno círculo de conhecidos do Ice Man, muito menos que ele tivesse sucesso com isso, então sim, por um tempo foi uma novidade ver os dois loiros andando juntos, conversando, sorrindo e às vezes até se tocando. Mas logo isso foi deixado de lado, havia muitos outros boatos bem mais interessantes que eles para serem espalhados e discutidos.
Alguns pilotos chegaram a achar que ali havia mais que amizade. O modo como eles se olhavam, o modo como ficavam confortáveis na presença um do outro, o jeito carinhoso que se tratavam, mas afinal, quem eram eles para tentarem se meter nesse assunto? Enquanto os dois mantivessem a discrição e continuassem fazendo seu trabalho dentro e fora das pistas, eles estavam bem com aquilo. Eles podiam estar bem com isso, mas nem todos estavam completamente satisfeitos.
Quando o finlandês saiu da Fórmula 1 e foi disputar Rally não houve uma grande comoção. Alguns se sentiram desapontados, afinal de contas ele era um bom competidor e faria falta nas corridas. A grande maioria, porém, foi totalmente indiferente a isso, assim como o loiro fora com eles durante todos esses anos de corridas ao redor do mundo. Apenas um se sentiu um pouco sozinho e sem rumo por um tempo, e esse foi obviamente Sebastian, que mesmo se sentindo ligeiramente abandonado não pôde evitar se sentir feliz por ele. No final das contas Kimi estava feliz, e se ele estava feliz nos Rally’s, Sebi também era capaz de ficar feliz por ele e continuar sendo feliz na Fórmula 1.
O retorno do Ice Man às pistas foi inesperado. Era do conhecimento de todos o desgosto dele em relação ao ambiente, as fofocas sem limites e especulação desmedida da imprensa. Quando perguntavam o que o trouxe de volta à categoria tudo o que conseguiam como resposta era um "Os carros são mais rápidos", mas os poucos que realmente o conheciam puderam notar o brilho diferente que tomou conta dos olhos do finlandês ao avistar o jovem alemão esperando para falar com ele.
Um sorriso. Foi tudo que o mais velho lhe direcionou, mas isso foi o suficiente para iluminar o dia dele como se ele tivesse acabado de ganhar um GP praticamente perdido. Sob os flashes das câmeras e perguntas dos jornalistas os dois andaram lado a lado, como qualquer dupla de amigos faria, os olhos escondidos por trás de óculos escuros estratégicos, a conversa suave sobre assuntos banais enquanto ignoravam descaradamente os abutres sobre eles. Quando estavam distantes de tudo isso Sebastian não pode evitar dizer o que se passava em sua cabeça desde que foi avisado de que Kimi estaria ali.
"É bom te ver outra vez. Não só como uma visita ou em um passeio." O mais novo pôde sentir seu rosto corando levemente, às vezes ele não conseguia se controlar antes de falar o que se passava em sua cabeça.
A sombra do hotel o sobressaltou um pouco, ele não se lembrava de terem tomado tal caminho, mas isso não era importante, não quando os olhos mais azuis que ele já vira o encaravam diretamente, acompanhado de um sorriso sincero que ele sabia que era direcionado para poucos. Ele tinha que controlar a esperança de que tais sorrisos fossem direcionados apenas para si.
"Vai me convidar para subir?" Tudo o que ele fez foi sorrir de volta, indo na frente e deixando que Kimi o seguisse até seu quarto. Era bom pensar por algum tempo apenas que eles não tinham nada a perder.
I'm gonna break down these walls I built around myself,
I wanna fall so in love (so in love) with you and no one else,
Could ever mean half as much to me as you do now,
Together well move on, just don't turn around,
Let the walls break down.
Kimi já estava acostumado com o modo que era tratado. Era bem mais fácil ser considerado frio e indiferente do que se dar ao trabalho de explicar as coisas. Antes agir como se não ligasse para as coisas que realmente mostrar o quanto tudo o que acontecia o afetava. Deixar a Fórmula 1 foi uma das decisões mais difíceis que ele já havia tomado, afinal correr na mais importante categoria do automobilismo sempre fora seu sonho, porém a partir do momento que aquilo se tornou mais uma obrigação do que uma paixão ele não viu outra escolha a não ser testar novos ares.
Quando um certo jovem entrou em sua vida, sem ser convidado mas ainda assim sem conseguir se fazer ser expulso, Raikkonen já não tinha mais como controlar o que iria acontecer. Só ele sabia como ele poderia ser teimoso com uma idéia e ele também sabia que essa idéia não seria aceita, logo sua ida para o Rally em 2010 era certa, então apenas lhe restou aproveitar a companhia do alemãozinho sorridente, aquele que se infiltrou em suas proteções como uma praga, tomando conta de si de tal maneira que ele já não se via sem o outro.
Quando deu por si, o finlandês estava ele mesmo desarmando algumas de suas barreiras, amaciando suas reações bruscas, mostrando partes de si que nem ele mesmo conhecia. Demorou um pouco para que ele percebesse o que estava acontecendo - e ninguém podia culpá-lo, ele poderia ser extremamente rápido nas pistas, mas quando se tratava de relações interpessoais ele não era um exemplo de rapidez - e mais um pouco para que ele aceitasse. Ele estava se apaixonando pelo dono do sorriso de lábios carnudos, o jovem de olhos azuis escuros e cabelos loiros. O alemão que fazia a Fórmula 1 voltar a ter o brilho de paixão pelo que fazia, que não perdia a determinação mesmo quando as coisas pareciam perdidas, o garoto que o fazia se esquecer das preocupações.
Kimi Raikkonen estava tremendamente apaixonado por Sebastian Vettel, ninguém mais, ninguém menos.
Durante o ano em que esteve no Rally, Kimi teve todo o tempo do mundo para refletir sobre o que ele queria para si. Ali ele ainda tinha a velocidade que era como o ar que ele respirava, novos desafios para que ele não se entediasse como as anos de Fórmula 1 haviam feito, ali ele tinha o espaço pessoal que tanto precisava e que sempre era invadido por paparazzi's querendo saber mais de sua vida, correndo atrás de algo que causasse frisson no Paddock. Porém, para seu total desespero ele não estava completamente feliz como achava que ficaria. Faltava alguma coisa, havia um espaço vazio.
Demoraram quase seis meses para que ele admitisse para si mesmo que ele sentia falta do mais novo, apesar das visitas esporádicas. Quando o fez, porém, a primeira coisa que decidiu foi permitir que seu empresário voltasse a conversar com as equipes sobre seu possível retorno. Ao ser questionado se manteria a exigência de que só voltaria se fosse em alguma das equipes principais a sua resposta foi tão simples e direta quanto sempre, mas causou um impacto bem maior do que ele esperava. Kimi nunca imaginou que um simples "decidimos isso depois" poderia significar que ele estava cedendo. Dessa vez ele deixaria que pensassem que ele estava desistindo de sua idéia fixa, apenas para que não desconfiassem que a equipe tinha menos da metade do valor para ele que um certo alemão.
O grande problema é que ele não se deu conta que Vettel não sabia disso, que ele poderia estar desistindo dele. Ele tinha que descobrir do jeito mais difícil uma maneira de mostrar para o loiro que ele estava derrubando suas barreiras, chutando seus princípios e que tudo que ele precisava era que Sebastian estivesse ali com ele para isso, que ele não lhe desse as costas quando estava se deixando ser fraco por alguém pela primeira vez.
I used to wear you like a ball and chain,
I'd run and hide at the call of my name,
It was obvious you were too much for me,
Oblivious, I was young and horny.
2010 foi um ano diferente. Era um ano cheio de expectativas, um ano cheio de promessas e novos desafios, mas, acima de tudo era um ano de descobertas.
Esse foi o ano que Sebastian descobriu que era mais difícil viver sem um certo finlandês do que ele jamais chegou a imaginar, foi quando ele descobriu que certas tristezas ajudam a amadurecer, foi o ano em que ele se arrependeu de ter perdido tanto tempo.
Quando entrou na F1, apesar de todos os sorrisos, Sebastian não podia negar que ele estava nervoso. Para ele era fácil fazer amizades, isso nunca foi problema. O real problema era que ele não suportava desafios e conquistar a amizade do Ice Man era um, e dos grandes. A questão era que ele se sentia intimidado com aqueles olhos azuis. Ele não sabia lê-los, eram inexpressivos, frios, julgadores. Juntar coragem para apenas pensar em se aproximar dele era muito mais difícil que guiar em uma pista nova na chuva, mas de algum modo ele conseguiu tal façanha. Sebi não perdia um desafio, não sem tentar até o último segundo.
A coisa mais estranha era que ele não entendia muito bem o que aconteceu depois disso. Em um momento ele estava lá, tentando se aproximar de um homem praticamente intocável e no outro Kimi estava chamando por ele, óculos escuros e um pequeno sorriso nos lábios e isso o intimidava. De um jeito diferente que ele não sabia explicar.
Nesse ano ele descobriu que na verdade ele sabia, e sabia muito bem, só não queria admitir. Ele não queria admitir que sempre que ouvia seu nome saindo dos lábios do loiro ele tinha uma necessidade absurda de correr e se esconder. Era como se o finlandês fosse demais para ele. Por Deus, ele era um dos líderes do mundial, estava prestes a ser campeão!
Sinceramente, quem ele queria enganar? Ele precisava correr, pois, no momento em que via o mais velho, tudo o que ele podia pensar era em fazê-lo perder o controle, chamar por seu nome entre gemidos, sorrir com a boca e com os olhos. No final das contas ele era apenas um jovem com tesão.
Triste que jovens com tesão tem expectativas demais, e as dele não foram atingidas, para seu desapontamento. Por isso ele se dedicou com mais afinco que nunca, ele queria ganhar o campeonato na tentativa de tirar seus pensamentos do “amigo” que estava a quilômetros e mais quilômetros de distância, fazendo algo que ele gostava, que ele escolheu.
Ele definitivamente não estava querendo ganhar aquele campeonato para se sentir um pouco mais próximo de Kimi, não mesmo.
In retrospect I wouldn't do it again,
Stop talking shit to every one of your friends,
I'm not the same boy you knew back then.
Kimi sabia que não seria fácil, mas nem de longe ele achou que seria tão difícil. Afinal ele havia passado a sua teimosia para o jovem, ou apenas intensificado-a. A princípio ele queria consertar as coisas logo de cara - se ele achava que as coisas iam ser tão fáceis ele podia culpar o excesso de filmes que ele andava vendo - e não foi a melhor das sensações ouvir algumas verdades da boca do alemão.
“Eu quero voltar.” Ele lembrava ter dito, andando rápido para ficar lado a lado com o mais jovem.
“Eu queria te deixar voltar, muito, mas o que me garante que você não vai embora? De novo?” O tom magoado na voz de Sebastian fez seu coração doer, a ponto dele não conseguir mais andar ao lado dele, ficando parado no meio do corredor em frente a sua porta enquanto o via entrar sem olhar para trás.
Em contra partida ele achava que Sebastian não tinha direito de sair chorando suas mágoas para qualquer um, amigos, família ou quem quer que fosse. Esse assunto era deles e só deles, então foi realmente uma surpresa para ele quase ter apanhado de um australiano nervoso, rangendo os dentes e soltando impropérios ao mesmo tempo em que o empurrava em direção aos elevadores.
“Você deixou que ele entrasse, você permitiu que ele sentisse coisas que não correspondia, não como ele queria e depois foi embora. Quem você pensa que é para voltar agora e querer que ele te receba de braços abertos como se nada tivesse acontecido?” A cada palavra de Mark, Kimi dava um passo para trás.
Ele não estava se sentindo intimidado, mas a cada palavra novas imagens se projetavam em sua mente e a cada nova imagem a realidade o acertava como um tapa no rosto. Mas afinal ele era Kimi Raikkonen, e se fosse fácil talvez não valesse à pena. Desfazendo sua tão conhecida cara de quem não está entendendo nada ele parou os movimentos, segurando o dedo que o australiano usava para cutucar seu peito a cada nova frase.
“Você pode não ser meu amigo, muito menos me conhecer direito, mas eu só vou falar isso uma vez, então preste atenção. Eu só cometo um erro uma única vez, e se eu voltei é porque eu tenho certeza absoluta do que eu quero e eu não quero e não vou desistir até ter certeza de que não tem outra solução.” Ele não percebeu em que momento ele havia elevado a voz, ele nem ao menos se lembrava da ultima vez que havia feito isso, se é que já tinha feito.
Sua respiração estava rápida e ele sentia seu rosto vermelho. Mark estava parado o olhando com os olhos arregalados, a boca entreaberta no meio de alguma frase que se perdeu. O elevador atrás de si fez barulho e as portas se abriram, mas nenhum deles se moveu durante alguns segundos. Recuperado do choque de ter se descontrolado, Kimi levantou o queixo, retomando sua calma e indiferença até onde era possível, dando passos para trás até entrar no elevador, sem parar de olhar Mark nos olhos, numa tentativa muda de provar que ele quis dizer cada palavra.
A última coisa que viu antes das portas se fecharem foi a porta do quarto de Sebastian se abrindo e o loiro o olhando nos olhos, sem sorrir, mas aquele olhar era o mesmo que ele havia se acostumado, o mesmo que ele passou praticamente um ano esperando para ver novamente.
Nessa hora ele soube que poderia demorar um pouco, e seria muito mais exaustivo que qualquer preparação pré-temporada, mas ele sabia que ele teria o seu alemão de volta e que dessa vez ele não teria tanta sorte em se livrar dele.
I can't breathe my body's shaking,
Got away with the way you take me,
Cause you break me down,
You know you break me down.
Fechando a porta antes que Mark o visse ali, antes que ele pudesse perceber a bagunça que ele estava, Sebastian sentia que estava tendo um ataque de nervos. Em sua cabeça, diversas vozes gritavam e argumentavam entre elas, desde repetições da discussão que acabara de ouvir até sua própria voz, falando coisas que ora apoiavam a decisão que tinha tomando, ora apontavam a terrível falha que ele estava cometendo. Eram tantas vozes que ele se ouviu grunhir, escorregando o corpo pela porta, os dedos tremendo enquanto se perdiam no meio dos fios mais compridos de seu cabelo, puxando-os um pouco como se assim pudesse recuperar a sua sanidade que parecia ter ido embora junto ao finlandês.
Ele só percebeu que estava chorando quando sentiu a camisa molhar e a visão embaçada conforme se levantava, indo até o frigobar do quarto para pegar uma garrafa de vodca, um riso amargurado saindo de seus lábios ao perceber o quanto o finlandês havia mudado nele. Deitado na cama, bebendo, ele pôde perceber que não adiantava ele lutar, tudo naquela relação dependia da vontade do mais velho.
Tudo era sobre o modo como o loiro que deveria ser intocável se deixou ser estudado, cuidado, amado. O modo como ele deixou que Sebastian derrubasse uma por uma cada uma de suas paredes de gelo, acreditando nele e em seu potencial, em seu modo de se entregar a um desafio, de se entregar a ele.
Em todo esse tempo, Sebastian achou que ele estava vencendo a muralha impenetrável em volta do Ice Man, mas o que ele nunca tinha percebido é que ele havia deixado suas próprias defesas para trás, e quando ele foi embora ele pôde finalmente perceber o modo como fora deixado para trás, o coração exposto, sangrando para que ele aprendesse a curá-lo antes de poder voltar a amar. Kimi havia quebrado a inocência dele, mas só agora ele percebia que esse era o maior presente que o mais velho poderia dar de que se importava, porque só quem realmente ama pode quebrar e voltar para juntar os cacos, para ter certeza de que sua marca estará para sempre ali, em seu peito.
Nas próximas semanas, Kimi não tentou mais nenhuma aproximação. A princípio, o jovem alemão chegou a pensar que ele havia desistido, mas algo dentro de si ainda esperava, o fazia olhar para os lados esperando algum sinal, qualquer coisa. Foi só na terceira semana após aquele incidente no hotel que ele sentiu o seu coração acelerar como acontecia há dois anos atrás.
Uma mensagem, uma simples mensagem. “Seu quarto.” Ele sabia o que o outro quis dizer, ele sabia que ele havia lhe dado uma escolha. Com uma desculpa qualquer ele saiu para dar uma volta, encontrando o finlandês conversando com seu engenheiro sob um guarda-sol, olhando a pista enquanto falavam. Como se sentisse que ele estava por perto, que ele estava olhando, Kimi olhou para trás, fazendo com que os olhares se encontrassem. Tudo o que Sebastian precisou fazer foi um aceno de cabeça, apenas isso foi capaz de arrancar um sorriso tão sincero do mais velho que por um momento ele chegou a se impressionar, mas no próximo ele sabia que aquilo era simplesmente ele passando pelas barreiras do mais velho, abrindo as suas recém erguidas, deixando que ele entrasse e abalasse seu mundo novamente, na esperança de que suas palavras fossem verdadeiras e que ele não precisasse mais ter que se preocupar em como seria reerguê-las.
Era simplesmente o jeito como o Ice Man o tinha em suas mãos e o jeito como ele se entregava de volta. Era tudo sobre o modo como eles atingiam e se deixavam ser atingidos.
Tear down these walls I built around myself,
Let the walls break down,
Tear down these walls,
Cause you break me down.
Let the walls break down.
Enquanto esperava o mais novo chegar no próprio quarto, Kimi teve um momento de iluminação. Ele estava vendo tudo da perspectiva errada, ele estava tentando a coisa certa, apenas o modo não era correto.
Ver o loiro entrar no próprio quarto com aquela calma, aquele sorriso tão verdadeiro e lindo em seus lábios, aquilo apenas serviu para mostrar a Kimi que ele não tinha que destruir nenhuma barreira, porque na presença do jovem Sebastian, elas simplesmente não existiam, não a grande maioria delas.
O que os impediu antes não foram suas paredes congeladas em torno de seu coração, foi o seu medo. Medo por sua carreira, medo pela falta de controle, medo do que ele sentia tão avassaladoramente. Mas agora ele já tinha certeza do que ele queria, e teve a capacidade de dar todo o tempo que podia para que o outro decidisse o que ele realmente queria para si.
Eles só precisaram se olhar nos olhos. Se alguém os perguntasse não saberiam dizer com precisão quanto tempo foi, mas o que importava era que naquele olhar eles permitiram que um visse o coração do outro, eles se permitiram ser vistos mais a fundo que jamais qualquer outro poderia chegar a imaginar.
Eles não precisavam de palavras entre eles, não mais. O alemão aprendera com ele que o silencio era às vezes a maior e melhor forma de expressar um sentimento, uma vontade que não era possível de ser verbalizada, enquanto havia ensinado ao outro que tudo o que ele precisava era baixar a guarda, se deixar ser decifrado.
Naquela noite eles não fizeram sexo, eles não fizeram amor. Naquela noite eles deixaram que seus corações machucados com decisões e medos precipitados se unissem novamente e se curassem, guardando cada pequena marquinha que o outro deixou durante o ano que se passou como uma prova do que eles haviam enfrentado e superado.
Quando acordou no meio da madrugada, a luz da lua entrando pelas frestas da cortina, apenas o suficiente para que ele pudesse ver a silhueta do corpo nu do mais novo enroscado no seu... Naquela hora ele percebeu que, acontecesse o que acontecesse, aquele era seu menino, o que tinha quebrado as suas barreiras. Não todas, mas as que realmente importavam.
Mal sabia ele que nos lábios cheios do alemãozinho havia um sorriso, enquanto ele pensava durante seu sonho que sempre haveria alguma barreira entre eles. No final das contas eles eram simplesmente humanos e só lhes restava permitir quem poderia ultrapassar cada uma delas, cada uma a seu tempo, e que eles teriam que ter muita paciência um com o outro. Afinal, ele pode ter passado por cima de muitas coisas que protegiam o coração não tão mais frio do finlandês, mas ele também havia construído algumas para si mesmo e por mais que ele quisesse, elas não sairiam dali, não tão cedo. Mas, no fim, essas eram só as outras.
É, as outras... Bem, eles poderiam lidar com elas depois. Juntos.
Fim.