Eyes Of The Devil

Nov 01, 2010 19:11




Título: Eyes Of The Devil
Autor: nyx_gates
Betagem: lilith_v, não podia ser outra
Shipper: Sebastian Vettel/Mark Webber
Classificação: Bandeira Verde
Gênero: Drama/Angst
Sumário: "Jesus, save me! (I'm weak) / Jesus save me from me..."
Disclaimer: Nada é meu por enquanto, quem sabe eu roube o Vettel daqui a quinze dias e esconda da Lilith, hm? Brincadeira. Webber é de quem quiser e a fic é minha, ponto.
Notas: 1. Acabou diferente do que eu pensei que acabaria, mas eu realmente gostei do que saiu, estou orgulhosa de ter me forçado a escrever logo após a corrida, sem deixar as coisas acalmarem dentro de mim. Espero que vocês gostem, porque eu realmente estou orgulhosa disso!
2. Eu escrevi a fic inteira ouvindo uma música do Seether, que graças a minha super criatividade tem o mesmo nome que a fic, e foi ela que me manteve presa no que eu senti no final da corrida pra poder escrever tudo isso. Então se vocês puderem clicar aqui para ouvirem enquanto lêem, seria bem legal!

Eyes Of The Devil

Era noite na Coréia do Sul. 23:17, mais precisamente. Não havia mais ninguém no circuito, ou, pelo menos, não deveria. Todos os boxes estavam fechados e trancados, a segurança a postos, alheios à claridade que vinha de dentro de um deles.

Vettel estava sentado perto da parede, as pernas cruzadas como índio enquanto observava sua Randy Mandy logo ao lado de sua antiga menina Luscious Liz, ou o que sobrou dela. Naquele momento, não precisava mais forçar sorrisos, fingir que estava tudo bem nem nada do gênero.

Ali ele deixou que seus medos e inseguranças o dominassem, deixou-se ser e sentir apenas como o menino que era, quebrado, destruído e, acima de tudo, cansado. Cansado de querer mais que tudo se provar, cansado de superar seus erros apenas para se ver caindo por problemas que sabia que não eram culpa de ninguém. Era o acaso, o destino, fosse o que fosse, era apenas algo que o jogava contra o chão quando pensava que tinha conseguido se levantar e andar novamente.

Sebastian queria chorar, mas seus olhos estavam secos, vidrados nos carros sujos e estragados. O cheiro de lama e grama ainda podia ser sentido levemente de onde estava, e não sabia se ele vinha dos carros ou do lado de fora. Não importava. Ele se sentia preso nessa lama, sem conseguir respirar nem sair, agoniado, sufocando.

Estava tão absorto em seus próprios sentimentos e pensamentos que não viu alguém se aproximando, não até sentir um par de braços passando ao seu redor. Olhou pro lado para ver Mark sentado ali com ele, abraçando-o.

Vettel não conseguia entender. Ele que tinha todos os motivos para estar mais chateado que si, que tinha vários motivos pra odiá-lo e com razão... Apesar disso tudo, era ele que estava ali com os braços ao redor de si num consolo silencioso, com compreensão e até carinho em seu olhar.

E, ao ver isso, ele se sentiu quebrar de vez. Abriu a boca para falar alguma coisa, sem ter idéia do que seria, apenas para ouvir um soluço seco escapar de seus lábios. O australiano olhou para ele e sorriu. Um sorriso magoado, machucado, mas, ainda assim, um sorriso. E isso foi tudo que precisou para que Sebastian se apertasse contra o corpo do mais velho, seus dedos agarrando a camisa dele de forma desesperada, as lágrimas descendo por seu rosto, enfreáveis, enquanto seu corpo balançava com seus soluços.

Era tão injusto! Para ambos. Eles não mereciam estar ali, eles que lutaram tanto, que desde o início tinham os melhores carros... Não, eles não mereciam isso.

Mark o apertou em seus braços, beijando os fios loiros de seu cabelo com zelo, balançando seus corpos devagar, querendo acalmar o jovem alemão em seus braços e acalmar a si mesmo. Porque só ele sabia como estava doendo naquele momento. Ele e Sebastian.

Era irônico como, após tudo o que ocorreu no campeonato, eles acabassem ali, que uma corrida parecesse desde o início do primeiro treino livre destinada a mudar a direção de tudo. Quem dera soubesse que era para pior.

Ao menos isso aproximou os dois pilotos, não sabia por quanto tempo, não sabia se ia durar ou não, mas eles não podiam negar que um laço de cumplicidade foi criado ali, selado pela dor e pela injustiça da situação, mas, ainda assim, um laço, intrincado, cheio de voltas e nós cegos.

Webber tentou pensar pelo lado positivo, que aquilo só os fortalecia como equipe, firmando uma certeza para o próximo ano, mas naquele ponto seu próprio otimismo e garra nata soavam forçados. Estava tão cansado de ter que se provar o melhor para todos os outros, para a equipe e para si mesmo que já não aguentava mais, e tudo que queria era que as duas próximas corridas não existissem, ou que passassem logo, fosse quem fosse o campeão, só queria descansar um pouco, queria respirar.

E então um choramingo de Sebastian o acordou de seu transe de auto-piedade e lamentações. - É tão injusto, Mark, tão injusto... - O mais novo dizia baixo, o sotaque carregado enquanto esfregava o rosto em seu ombro.

Mark suspirou, sentindo a vontade de chorar com ele se instalando em sua garganta, cortando-lhe o pouco fôlego que ainda tinha. Havia tanta paixão dentro de Sebastian, tanta vontade que qualquer um que via notava a diferença dele para seus compatriotas.

Ele era tão especial e único que chegava a ser injusto. Aquele menino em seus braços tinha um talento nato, tinha vontade e confiança. Era genial e impulsivo, tão diferente de si mesmo, mas, ao mesmo tempo, não conseguia evitar encontrar certa semelhança entre eles, mesmo que não soubesse explicar onde nem como.

Aquela paixão, aquela vontade de se provar que dividiam durante todo o campeonato... Agora pareciam as suas maiores fraquezas, apunhalando-os pelas costas tantas vezes durante o ano, deixando tantas marcas que não conseguia mais ter tanta certeza de que podia imaginar como seria o próximo ano.

Aos poucos o choro de Vettel foi acalmando, até finalmente parar. O aperto na camisa do mais velho foi se desfazendo até o momento em que suas mãos estavam apenas apoiadas em volta dele, sua cabeça em seu ombro enquanto olhava outra vez para o que restava de suas meninas. Apenas a carcaça, assim como eles estavam naquele momento, tão cheios com tudo e ainda assim vazios.

E ele não gostava disso. Não gostava de se sentir fraco, frágil, vulnerável. Simplesmente porque não era assim.

Respirou fundo, fechou os olhos e apagou tudo de sua mente, assim como fazia antes de sair dos boxes nos treinos, como fazia antes da largada. Ali, de olhos fechados, se fez admitir que podia ser fraco, mas que não queria e que essa era sua força, Que, no fim das contas, o que aconteceu não podia ser mudado, por pior que fosse, por mais que machucasse. Era passado e era ali que tinha que ficar.

Sebastian abriu os olhos e se levantou com o olhar firme, focado nos dois carros, passando seus dedos de leve pelas asas traseiras sujas, rodeando-o e observando em toda sua complexidade e força até que tivesse dado a volta completa, parando de frente para Mark, que ainda estava sentado.

Este observava o mais novo com uma expressão indecifrável, seus olhos brilhando com algo que o jovem Vettel não sabia classificar o que era, não nos olhos dele. Mas Webber sabia.

Mark o olhava com admiração, impressionado. Admiração por vê-lo crescendo diante de seus próprios olhos, tomando o controle de si de uma forma que não sabia que fosse possível até ver com os próprios olhos, vendo-o se agigantar em si mesmo, sentindo-se um bocado mais fraco ali frente a ele, o que acabou por fazê-lo baixar a cabeça e suspirar pela primeira vez.

E isso Sebastian entendeu. Com passos firmes, ele foi até a frente de Webber, agachou-se e o levantou pelo queixo, determinado, fazendo-o olhá-lo nos olhos.

- Não baixe a cabeça, não desista. Não até o ultimo suspiro, não até acabar. - Sua voz saiu firme, cheia da determinação e paixão que brilhavam em seus olhos com mais força ainda. - Eu não desisti, você não vai desistir. Não pode. Porque se não for pra eu ganhar, o campeão desse ano vai ser você. Tem que ser você.

Mark o olhava sem saber o que dizer, como agir. E, naquele momento, sentiu-se melhor que estivesse sendo consolado. Sebastian não o estava consolando, mas sim o puxando para fora da dor, pressionando de uma forma boa, injetando ar puro em seus pulmões, forçando-o a não desistir de seus sonhos assim como ele, e aquilo, aquilo valia mais que tudo.

Sebastian levantou novamente, sorrindo para ele, sorrindo com o coração, com sua alma e fé renovadas. E parecia tão grande e seguro de si ali que Mark se sentiu fraco novamente, incapaz de lutar contra aquilo e vencer. Mas só até o momento em que o alemão estendeu a mão para si, não o dando escolha a não ser aceitar.

E assim ele se deixou ser puxado, levantado. Olhando nos olhos azuis escuros, cheios de emoções, sonhos e garra, ele se deixou sugar um pouco daquilo para si, renovar suas forças para se libertar daquela parte em si que não devia existir, a que tentava puxá-lo para baixo novamente.

Nenhum dos dois poderia dizer por quanto tempo ficaram ali de pé, frente à frente, as mãos juntas num aperto firme, cúmplice, os olhares travados conectando os seus corações doloridos. O que sabiam foi que em algum momento as mãos se separaram, quebrando o olhar deles no momento que Sebastian olhou para baixo, desmanchando o sorriso.

Naquela hora, Mark levou ambas as mãos ao rosto dele, segurando-o firme e o fazendo olhar para si novamente, capturando a confusão nos olhos azuis do garoto. Teve vontade de sorrir, mas não o fez. Apenas fechou os próprios olhos, juntando os lábios aos dele demorado, nada mais que um contato entre eles, sem malícia, apenas selando uma parceria que não foi dita, que estava escondida dentro de cada um deles.

Quando deu um passo para trás, abrindo os olhos enquanto os separava, soltando o rosto de Sebastian, Mark pode ver a aprovação no olhar dele e o sorriso que alguns poderiam julgar malicioso, outros comparariam com o de uma criança prestes a aprontar alguma coisa, mas que ele só era capaz de ver como orgulhoso, confiante e desafiador.

Então sorriu de volta, num espelho das atitudes dele, permitindo-se crescer dentro de si mesmo, enchendo os pulmões com ar fresco por si próprio. Sem trocar uma palavra, ambos finalmente apagaram as luzes e saíram dali, ignorando os olhares surpresos dos poucos que encontraram no caminho até seus carros, observando a lama que se chocava contra seus tênis, respingando em suas calças.

A lama ficou para trás, suas marcas e manchas seriam lavadas e esquecidas, assim como eles estavam fazendo naquele momento com aquele final de semana e tudo que aconteceu nele.

E enquanto o pacto silencioso que selaram permanecesse intocado, nenhum deles deixaria o outro afundar nela novamente, para o próprio bem.

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So run with the eyes of the devil
And keep them in your dreams
If you succumb to the lies of the rebel
You'll cleanse yourself of me
Jesus, save me! (I'm weak)
Jesus save me from me...

Seether - Eyes Of The Devil

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