Título: I Wish You Were Here
Autora:
nyx_gatesShip: Xabi Alonso / David Villa
Fandom: Futebol
Gênero: Slash / Ficlet / Drama
Censura: Livre
Terminada: Sim
Capítulos: Único
Beta-reader:
lilith_vTeaser: "Naquele momento era ele que era a criança, era ele que tinha medo do escuro e estava ali, sozinho."
Disclaimer: Xabi é meu, Villa é da Marina. Isso tudo aconteceu no RPG, então aconteceu de verdade - em partes - comigo.
Notas: 1. As falas em itálico são do Villa (só uma que é do Xabi, mas dá pra ver qual é[?]), e o POV é do Xabi.
2. Fic pra Lilith linda, que me atura sofrendo com esses dois e pra Marina, meu Villa lindo e ciumento <3
I Wish You Were Here
“Não vai ficar muito tempo sem mim.”
Ainda conseguia ouvir essas palavras ecoando em sua cabeça, a voz do outro o perseguindo o tempo todo, assim como sua imagem naquela última vez em que conseguiram conversar a sós.
Tinha prometido para si que não ia mais se apaixonar por ninguém, só ele sabia o quanto já havia sofrido, o quanto perdeu na única vez em que deixou que esse descuido acontecesse. Ele nunca foi uma boa pessoa, longe disso, desde que se lembrava por si já dava seus jeitinhos de tramar pelas costas das pessoas, de pensar apenas nele. A única vez que fez diferente, se machucou tanto que descartou a possibilidade de que isso acontecesse novamente.
E, apesar disso, lá estava ele, deitado em sua cama, os braços em volta do travesseiro, os olhos fechados com força, tentando segurar as lágrimas, tentando se convencer de que estava tudo bem. Porque não estava.
Tinha medo, tanto medo que mal conseguia se fazer respirar. Ele estava perdendo o homem que amava e não conseguia fazer nada para impedir isso. Mais uma vez.
Sentia-se fraco, por não conseguir lutar, por não prensá-lo contra a parede e perguntar que merda ele pensava que estava fazendo. Sentia-se mais fraco ainda ao perceber que não tinha forças nem para odiá-lo como queria.
“(...) é um risco que corremos ao ficar com quem gostamos, não?”
Sim, era verdade. Abriu os olhos, encarando a própria mão enquanto sentia as primeiras lágrimas escorrerem e molharem a fronha, embaçando sua visão. Perguntava-se se todo esse medo que sentia de perdê-lo fazia sentido, principalmente por saber que ele nunca tinha sido realmente seu. Não por inteiro.
Talvez, se tivesse sido sincero desde o começo, as coisas fossem diferentes agora. Logo descartou essa idéia, havia sido tão sincero quanto conseguia e isso parecia que apenas afastava o moreno cada vez mais de si. A cada passo que acertava, errava outros três.
Ele não se importava de sentir dor, de sentir medo, desde que tivesse a pessoa que amava consigo, ao seu lado. Mas ele não tinha, e esses sentimentos o dominavam de tal maneira que não conseguia se mexer, esperando o momento em que cairia, sem reagir.
“Tem medo de escuro, criança?”
“Não, mas se você me proteger, eu posso ter a partir de agora.”
Suspirou, secando as lágrimas do rosto. Naquele momento era ele que era a criança, era ele que tinha medo do escuro e estava ali, sozinho.
Queria voltar aquele momento, roçar os lábios no pescoço dele novamente, passar os braços por sua cintura e se sentir bem, se sentir bom para alguém, mesmo que não fosse bem verdade. Queria estar lá ao seu lado, o protegendo do loiro, o protegendo de si mesmo, mas, ao invés disso, estava ali, jogado, remoendo as próprias mágoas.
Fechou os olhos pela última vez, ignorando qualquer lembrança sobre as várias discussões, apertando os dedos contra o travesseiro para evitar se humilhar mais um pouco, mandando outra mensagem e quase implorando por sua atenção, se controlando para não perturbar ninguém com um problema que era só seu.
Fechou os olhos para dormir, o mesmo sono sem descanso dos últimos dias, que o vinha deixando cada vez mais carregado emocionalmente e cada vez menos capaz de se controlar. Mas ele daria um jeito nisso pela manhã, pegaria a sua velha máscara de cinismo e sarcasmo, colocaria a falsa bondade por cima dela e esperava que assim conseguisse esconder a bagunça que estava por dentro.
“Mas de qualquer modo, você não merece só a dor física. Isso passa logo, a outra dor não, não é mesmo?”
Não passava, nunca. Porque estava caindo e não tinha onde se segurar. Nem certeza de que queria se segurar, não para ver que o tinha perdido. Não quando achou que finalmente tinha conseguido.
Então dormiu, sonhando com a hora em que o outro surgiria em sua porta dizendo que aquilo era para seu bem, que não queria machucá-lo como estava fazendo. Porque mesmo que não fosse verdade, ele acreditaria, acreditaria porque o amava, amava o seu Villa mais do que jamais se permitiria admitir.
Dormiu, sem sentir as lágrimas que não paravam, mesmo durante o sono. Dormiu com a velha dor no peito, que o sufocava de dentro pra fora, tão conhecida e, mesmo assim, tão nova e agonizante, assim como toda essa relação deles vinha sendo para ele.
FIM