Bittersweet - 4b/??

Aug 09, 2012 13:57


Título: Bittersweet
Ship: Esteban Granero/Sergio Canales
POV: 3ª Pessoa
Fandom: Futebol
Censura: PG-13
Gênero: Drama, Slash, Romance
Teaser: "Aquela não era sua história e aquele não era o lugar para chorar sobre aquilo."



Naquele dia, a única vontade que teve foi de não ter saído da cama. Queria não ter vestido Manuela com sua roupa favorita, não ter escolhido a combinação perfeita de roupa para Esteban para que seu pai não arrumasse mais um motivo para brigas. Queria ter dito antes que estava cansada ou com dor de cabeça e não terem ido para a casa de Miguel depois do almoço em família.

Sempre achou que as coisas aconteceriam como em filmes, que teria algum pressentimento ruim, alguma coisa que faria seu estômago enrolar e simplesmente sentir que algo que não seria bom para si aconteceria. Mas não sentiu nada disso. Deixou Manuela descer de seu colo e entrar correndo na casa do melhor amigo de seu marido como ela sempre fazia, pediu a ajuda dele para ir buscar os presentes enquanto ele oferecia ajuda na cozinha, já que sempre foi melhor cozinheiro do que ela poderia imaginar ser um dia. E não sentiu nada fazendo isso.

Porém sentiu tudo que construiu desabar quando viu que ele estava ali. E era tão mais do que tinha imaginado em todos esses anos...

As fotos não enganavam sobre sua beleza, os sorrisos contagiantes, os olhos que hora pareciam verdes, hora azuis ou até mesmo acinzentados. Era a presença dele que câmera nenhuma conseguiria registrar.

Tinha algo no garoto que atraía as pessoas para perto, para querer conhecê-lo, se aproximar, conversar. E sua filha não era diferente dos outros. Podia ver nos olhos dela o encanto pelo homem de cabelos claros, como se ele fosse um príncipe encantado que saiu de seus sonhos para encontrá-la em pleno natal.

Podia entender isso, já tinha sido criança, já foi uma menina que se encantou por um sorriso e um gesto gentil. Mas o que machucou foi olhar para seu marido.

Foi ver na postura dele que algo havia voltado a vida com a simples presença do mais novo, as mãos tremendo quase imperceptíveis, o modo que mordia o lábio o tempo todo, como se quisesse segurar um sorriso e o choro ao mesmo tempo. Era sentir o cômodo encolher e ficar abafado com a carga de emoções que de repente se instalou ali.

E por um momento se sentiu uma intrusa na própria vida, porque pôde ver o que era para ter acontecido se não tivesse aparecido. Até sua filha se encaixava, como se fosse uma piada cruel do destino mostrando o que tinha atrapalhado, porque sua Manuela passaria como filha dele sem nenhum problema.

Não viu a hora que ele saiu de lá, mas viu o suspiro de Esteban, viu a preocupação de todos que estavam ali. Eles nunca estariam prontos para aquilo, era como se o tempo não tivesse passado, ou simplesmente como se o que sentiam um pelo o outro estivesse apenas guardado ali, esperando a hora de voltar e sabia de tudo isso sem ao menos saber como eram as coisas antes.

Ela conhecia seu marido, conhecia aquela dor em seus olhos, conhecia o desespero, mas não conhecia aquela coisa que brilhava em seu olhar, um misto de felicidade e alívio com tristeza. E naquela hora entendeu o quanto ele precisava apenas vê-lo mais uma vez para poder simplesmente continuar vivendo.

Débora sempre achou que havia um pouco de exagero nas histórias que ouvia tanto dele, quanto de Miguel ou qualquer outro conhecido deles na época que estiveram juntos. Mas enquanto sentava no sofá, olhando para a parede sem realmente ver o que estava na sua frente, notou que era ela a errada, que subestimou tudo.

Eles tiveram uma vida para aprender a crescer e se moldarem um para o outro, para serem exatamente o que o outro queria e precisava, para aprenderem cada gesto, cada olhar, de uma forma que nem sabia que poderia ser real. E por mais que eles se encaixassem, por mais que soubesse que Sergio tinha outra pessoa, sabia que ela ou o qualquer outra pessoa do mundo nunca seriam tão perfeitos para eles como eles dois eram juntos.

Achou, por alguns segundos, que se pudesse tirar Esteban de perto dele rápido o suficiente que as coisas não teriam um estrago grande demais, que poderia ajudar a fechar mais aquela ferida. Mas no final, a ferida que se abriu foi a sua, uma que não sabia se estava lá desde sempre ou se surgira naquele momento.

Porque sua filha estava ali, velando os dois da porta como se achasse que era ali que deviam estar, impedindo que qualquer outro se aproximasse deles. Era o cachecol dela no pescoço do mais novo, aquele que ela não gostava que pegasse nem para lavar.

Trouxe ela para o colo, fazendo sinal para não fazer barulho e ficou ali apenas observando os dois. Não sabia o que estavam conversando, as palavras eram baixas e pareciam ser doloridas, como se cada um machucasse para sair, mas ao mesmo tempo precisassem daquilo, precisassem ouvir um a voz do outro.

E se aproximavam, e olhavam, e respiravam juntos, cada ação contando uma história diferente, mas que juntos mostravam que eram um do outro e sempre seriam, juntos ou não. E quem era ela pare querer lutar contra aquilo? Ela não tinha força, não suficiente, e amava Esteban suficiente para saber que se ele pedisse abriria mão dele apenas para vê-lo parecer brilhar daquela forma mais uma vez, mesmo que agora fosse um brilho triste e machucado.

Saiu dali para esperá-lo na sala, Manuela ainda em seu colo, antes que visse algo que não gostaria, antes que eles vissem que estava ali observando tudo. Aquela não era sua história e aquele não era o lugar para chorar sobre aquilo.

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