Debaixo de chuva, num baloiço, num andar para trás e para a frente, visto de cima, visto em rotação, tudo a rodar: as ideias, a cabeça, o mundo... o mundo não pára de rodar, pois não? Nem o tempo de contar
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Alguém me vigia os passos e não são as solas gastas dos sapatos que mo dizem. Sinto-o, em toda a parte. O chão vai-se tornando mais duro, vou sentindo cada pedrinha da calçada, um mapa inteiro dos meus percursos incrustado na planta dos pés
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Mão firme, tens ainda muita história para gravar nesse pedaço de madeira: cada labareda correspondida com um desenho correspondido com uma memória. A chama chamada a intervir no registo de um acontecimento
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Dentro desse vestido, por entre esse tecido, mora o corpo que me decide. Desse movimento que faz arrastar os meus olhos transparece a manhã... vem para o pé das mãos que te seguram as costas e segura com os dentes essas palavras de agrado… não é preciso, pois não? Tu estás comigo
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Ainda dorme. Dei um toque no copo para que despertasse aos poucos, para que viesse aos poucos, aos poucos da realidade cinzenta em que se habituou a coabitar. Chegou pelo seu pé, desgrenhado, com ar desgraçado e com palavras desfiadas por um raciocínio cortado. Eu dei-lhe o braço e apoiei-o sem asco. Ele sorriu sem dentes, sem muita expressão mas
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Fareja, marca território. Sabes que naquela rua escura ninguém te poderá vigiar. Suja, sê igual a ti mesmo. Come nos caixotes os restos podres que alguém não quis comer... estás magro, come
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Não há trocas de palavras. Não há frases que terminem em interrogações de tudo bem. Não há planos fixos, há um piscar de olhos. Não há quem nos diga que tudo continuará desde que - pior seria - respiremos. Não há sentido para a morte excepto na ponta de uma faca afiada. Não há
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É falso que a figura que vejas diante de ti sejas tu. O teu cabelo não te cobre os olhos assim e o teu nariz não é torto. É perspectiva. Garanto que as árvores respiram azul e consomem orvalho. Garanto que tenham ideias brutas e circulem palavras elaboradas Clorofila cloroplastoÉ falso o reflexo. Falso como uma semente a brotar planta. Falso e eu
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Sou dono de uma expressão de sorriso feio, falso. Sou dono de uma cicatriz que me marca o rosto e dramatiza o olhar. Sou dono de um andar viciado, rotineiro, sei de cor todos os caminhos por onde vou. Sou dono da mentira, dos jogos e da arte de bem aldrabar. Sou uma espécie de foguete na vida de quem me rodeia e a minha luz quase nem se vê. No
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