E ao passo que nossos corpos se encontram, não são permeados por ternura, amor ou compaixão. Mas, sim, um egoismo infantil, uma desconfiança, um rancor guardado, antigo. Não mais nos permitimos estar próximos por amor, mas por pena, por medo de ficarmos sozinhos, mas ao mesmo tempo temos medo de estarmos fadados um ao outro. Quando ao começar de ( Read more... )

Sempre achei que ao cair nos meus vinte e poucos, criaria algum juízo, me entenderia melhor. Que delicioso e ledo engano, apenas continuo a criar essa armadura cética e desprezível, não me dei nem o trabalho de montar uma carcaça que pudesse agüentar os golpes desferidos em mim mesmo de mim mesmo. Que tolo, que ingênuo.

Continuo perdido, e cada vez mais. Os muros desse labirinto cederam, mas meus olhos, eles continuam cerrados. Minhas mãos os poupam da luz. Assim me mantenho perdido, mas me mantenho também longe do horror do que sobrou de mim, feridas ainda abertas, um rosto claramente abatido pelo tempo. Eu sei que mal cheguei, mas já anuncio a minha partida.

Um narcisista que tem nojo de seu próprio semblante.

Já sem mais faces a tornar-te, me faço uma carranca vergonhosa, chorosa, medonha. Daquelas que crianças se mijam as calças só do mais sutil fitar. Sim, me tornei uma carranca. Meu rosto carrancudo já não expressa mais nada, meu coração já não expressa nada mais que o também nauseante bombear. Me sinto dançando no meu próprio compasso desritmado. No ( Read more... )

A vida e seu nauseante vai-e-vem incessante.

Desempregado e fodido. Cada batida mais curta que a próxima. Seus olhos cessam com medo e horror de mirar o óbvio. Largado sozinho em uma cama que já não reconhece mais. Em um lugar que já não reconhece mais.

Não tenho um membro funcional.
Não tenho coração.
Não sinto amor.
Não sinto tesão.

Todas as manhãs e tardes e noites, e dias e todos os dias. São todos, todos, perversos. Solitários, fúteis, vazios. Sim, vazios. É como me sinto, é como sinto minha própria voz ressonante por dentro de um corpo vazio. O coração se tornou um casulo oco, de onde deveria brotar uma estonteante borboleta, apenas deixou cair o resquício de um ser dantes ( Read more... )

Que me ama com seu âmago, já não posso sentir se é verdade. Não posso dizer também que possa ser mentira, no entanto, se faz o pranto por não saber por onde ando, em qual canto eu me encontro. Ou por quais partes andam meu canto. Por onde andan meu encanto?